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Uma cidade feita de camadas

Thiago Queiroz | Nelson Antoine | Aurélio Becherini | Marcia Minilo | Arquivo Público do Estado SP
Thiago Queiroz | Nelson Antoine | Aurélio Becherini | Marcia Minilo | Arquivo Público do Estado SP

Algumas das camadas são visíveis, podem até ser tocadas. Outras, parecem descascadas, como se ainda revelassem um pouco do que subjaz – algo que não se revela por completo. Ainda há as camadas invisíveis, as que são possíveis apenas de perceber quando se pergunta a um morador antigo ou a um pesquisador: mas o que tinha aqui?

O Sesc, em parceria com o Departamento de Patrimônio Histórico de São Paulo, elaborou durante a última edição da Jornada do Patrimônio, realizada dias 18 e 19 de agosto de 2018, um guia que busca apresentar bens representativos das dinâmicas e identidades presentes na história da cidade de São Paulo.

Tentamos dar espaço a lugares pouco conhecidos ou mesmo desconhecidos da maior parte das pessoas. Por meio de uma linguagem acessível, procura-se dar informações para quem deseja visitá-los e criar seus próprios caminhos. A intenção é a de mobilizar narrativas que possam contribuir para a identificação e o reconhecimento desses bens da cidade por aqueles que a habitam ou a visitam, assim como pelos órgãos e entidades que promovem o turismo. São 43 lugares para se conhecer e reconhecer a cidade de São Paulo.

Pretende-se neste guia, um olhar para o patrimônio além do reconhecimento oficial e além de sua materialidade, considerando elementos imateriais e naturais que fazem parte do ambiente urbano a partir de um ponto de vista contra-hegemônico, que utiliza uma noção ampliada do patrimônio cultural. Esse olhar considera a presença de sítios arqueológicos, os vestígios de aldeamentos e aldeias indígenas, a presença do elemento colonizador no território, o período da escravidão das populações indígenas e africanas, o período pós-escravidão, a presença do negro na construção da cidade, a industrialização e a importação da mão de obra, os imigrantes dos séculos 19, 20 e 21, a diversidade cultural atual e a cultura LGBT.

Os lugares são apresentados de acordo com as dinâmicas às quais eles remetem, por meio de um olhar atualizado. Em cada texto introdutório há uma frase reveladora sobre cada camada, incluindo uma breve explicação sobre o período a que se referem, levando em conta sua representatividade e a espacialidade, buscando fortalecer a ideia de patrimônio vinculada ao que significa para cada grupo identitário. Para a identificação e fundamentação dos locais levantados foram consultados grupos culturais, pesquisadores dedicados à temática, arquivos, bases de dados, documentos e publicações oficiais.

Fala-se tanto em memória justamente porque ela está ameaçada, especialmente em uma cidade como São Paulo, marcada por rápidas transformações. Sendo tão dinâmica, e recebendo novos grupos a cada dia, ela acaba por se tornar espelho de seus habitantes – e só tem a ganhar com a ocupação e a vivência dos seus espaços. Conhecê-los e entendê-los como patrimônio, interagindo com eles, é permitir que se criem narrativas e novos olhares. Por essa razão, este guia não se esgota em suas páginas. A atenção para outros lugares de memória e patrimônio que não estão nele contemplados pode e deve ser exercitada, levando em conta que diversas mãos escreveram, escrevem e escreverão as narrativas da cidade de São Paulo, em um movimento paradoxal, que usa a memória como um poderoso instrumento de confirmação e consolidação de identidades.

Para realizar o download do "Guia de lugares de camadas históricas de São Paulo" é só clicar aqui, ou então você pode acessar a versão digital para leitura no canal do Turismo Social no Issuu:

 

 

Sesc na Jornada do Patrimônio 2018

 

Quantas identidades estão impressas em São Paulo? Quantas permanecem apenas na história? É possível enxergar suas narrativas marcadas nos espaços da cidade?

A quarta edição da Jornada do Patrimônio aconteceu nos últimos  dias 18 e 19 de agosto de 2018, promovida pelo Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura Municipal de São Paulo. Diversas unidades do Sesc participaram do evento com 18 atividades que convidaram os participantes à uma aproximação da história e da memória da cidade. A proposta foi um mergulho na diversidade dos costumes, saberes e identidades da metrópole paulistana por meio de passeios, palestras, oficinas e um audiotour. 

De espaços consagrados pela prática de capoeira aos palacetes de Higienópolis, das ruas do Bixiga e de Perus ao Morro da Querosene, as caminhadas levaram os participantes a uma visão mais aprofundada, algo fundamental para uma melhor compreensão do DNA da cidade. Também foram realizadas palestras e visitas guiadas pelo Sesc Pompeia, além de oficinas no Sesc Campo Limpo e um Audiotour pela Avenida Paulista.

Veja aqui um pouco dos registros desta Jornada:

 

Jornada do Patrimonio 2018 | São Paulo -SP | Passeios | Várias Unidades do Sesc