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As flores e espinhos de Juliana Amaral

Nesta quinta, 9 de agosto, Julliana Amaral faz duas apresentações no Sesc 24 de Maio

Açoite é o quarto trabalho autoral da a cantora, compositora, escritora e atriz. O repertório é resultado das tradições culturais brasileiras e todos os seus desdobramentos, tão notórios no samba e na música caipira. As canções – inéditas e regravações – apresentam uma sonoridade intensa, quase extrema, que explora os limites de cada instrumento.

"Depois de mergulhar na poética do samba, e chegar muito perto do silêncio, sinto que é hora de sangrar. Por isso, o disco se chama Açoite. Porque o mundo não está fácil. E é preciso falar sobre ele, sobre nossas dores, escancarar o peito, rasgar a pele, mostrar as feridas, pra tentar transformar toda essa violência em beleza. Encantar pra subir, fazer do açoite, bálsamo. Devir”, explica.

Com direção musical e arranjos de João Paulo Amaral, compositor, pesquisador e um dos grandes nomes da viola caipira no país, Açoite tenciona as relações entre tradição e modernidade, campo e cidade, tanto do ponto de vista poético quanto musical. Assim, o disco trata dos diversos "açoites" do nosso tempo, de todos os tempos – solidão, abandono, violência, desamor, não-pertencimento.

No repertório caipira, estão “Rio de Lágrimas”, canção de raro lirismo composta por Tião Carreiro, Piraci e Lourival Santos, e “Padecimento”, moda de viola de Carreirinho, feita de modo tradicional em dueto com João Paulo. De Tom Zé veio “Carta”, canção que versa sobre as distâncias, os abandonos, aquilo que não podemos ou conseguimos dizer. “Um Trem para as Estrelas” de Gilberto Gil e Cazuza recebeu arranjo que combina ijexá e funk, para reforçar a lembrança de todos os navios negreiros que ainda estão por aqui. Há ainda “Léo”, rara parceria de Milton Nascimento, uma das principais referências da cantora, com Chico Buarque, e “Vassalo do Samba”, samba de Ataulfo Alves. Das inéditas, três composições de Douglas Germano: “Cosme”, um samba rápido que empresta de Mário de Andrade o cenário de "Pauliceia Desvairada"; “Marcha do Homem Bala”, que fala sobre o carnaval, nosso açoite primordial; e “Pra Rua”, letra oportuna que Douglas escreveu para Juliana Amaral musicar, inaugurando a parceria dos dois. Há ainda “Desvão”, música de Juliana para poema de Humberto Pio, seu parceiro de música e vida, “Gases Puro”, canção de Lincoln Antonio para fala de Stela do Patrocínio que está no espetáculo “Entrevista com Stela do Patrocínio” - no qual Juliana atua há mais de dez anos - e “Brado Aberto”, tema instrumental composto por João Paulo Amaral.

Em oposição ao disco anterior, SM, XLS (sigla para Samba Mínimo, Extra Luxo Super), em que cantava acompanhada apenas de um instrumentista em cada faixa, Açoite inclui, além das vozes e da viola caipira, violão, guitarra, bateria, contrabaixo e teclados. Para isso, Juliana contou com a colaboração de grandes músicos da cena instrumental paulista: Alberto Luccas (contrabaixo acústico), Gustavo Bugni (teclados), Rodrigo Digão Braz (bateria), além do próprio João Paulo Amaral (viola caipira, violão e guitarra).

Disponível em todas as plataformas digitais – já que foi produzido através de crowdfunding - o álbum chega agora ao Sesc 24 de Maio, com duas apresentações no dia 9 de agosto
 

..:: Conheça também o SM, XLS, disco de Juliana Amaral lançado pelo Selo Sesc em 2012