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Fotografia, percepção e antropologia: Arthur Omar e a origem do rosto
O fotógrafo, cineasta, artista plástico mineiro Arthur Omar propõe uma discussão sobre a fotografia, a percepção e a antropologia na exposição A Origem do Rosto, que inaugura no dia 30 de agosto e fica até 1º de dezembro no Sesc Consolação. Além da visitação gratuita, ao longo de toda a mostra haverá um ciclo de debates que convida pesquisadores a discutir a relação da fotografia com o cinema, com a antropologia e com questões contemporâneas.
As obras, que têm o rosto como ponto de partida, são apresentadas em séries fotográficas e projeções de imagens e filmes criados em diferentes momentos de sua carreira, com curadoria de Adolfo Montejo Navas. Um dos destaques é a celebrada “Antopologia da Face Gloriosa”, uma série experimental in progress, que registra a multiplicidade de rostos em êxtase ou delírio de foliões durante o carnaval do Rio de Janeiro, procurando estudar ‘cientificamente’, pela Antropologia, esses sentimentos.
“Todas as fotos chamadas de ‘antropológicas’ talvez não passem de jogos de percepção, de jogos que aconteçam no interior e a partir da percepção, e não no mundo objetivo. Ou talvez suponham uma forte dominante lúdica percepcional, pré-construtiva, interna ao aparato sensorial e cerebral, de tal forma que a componente propriamente antropológica, que atua em nós com uma retórica de convencimento, não tenha esse status de verdade que se lhe quer atribuir”, conceitua Arthur Omar no livro Antes de Ver.
Sobre Arthur Omar
Seu trabalho alia inovação tecnológica, experimentação com as linguagens e uma grande intensidade dramática, destinada à excitação dos sentidos, com o intuito de criar uma nova iconografia que representa o Brasil.
Como artista visual, participou de duas Bienais de São Paulo. Em 1998, apresentou a série fotográfica “Antropologia da Face Gloriosa”, objeto de livro com o mesmo nome. E em 2002, exibiu fotografias feitas no Afeganistão central, na região de catástrofe entre Cabul e Bamyian, o que gerou o livro “Viagem ao Afeganistão. Outros livros de Omar são “O Zen e a Arte Gloriosa da Fotografia”, “Lógica do Êxtase”, “O Esplendor dos Contrários” e o mais recente: “Antes de Ver - Fotografia, Antropologia e as Portas da Percepção”.
Seu longa-metragem “Triste Trópico” é considerado um clássico do cinema brasileiro. Também dirigiu e produziu o longa-metragem “Sonhos e História de Fantasmas”. Seu filme mais recente é “Cavalos de Goethe”, filmado no Afeganistão. Pioneiro do uso de instrumentos eletrônicos na música de cinema no Brasil, o artista compôs a trilha sonora da maioria de seus filmes e instalações, propondo relações inovadoras entre imagem.
Entre suas exposições, destaca-se “O Esplendor dos Contrários”, com paisagens em 3D, premiada com o troféu da APCA de melhor exposição do ano em São Paulo.
EXPOSIÇÃO
ARTHUR OMAR: A ORIGEM DO ROSTO
De 30/8 a 1/12
Visitação: segunda a sexta, das 11h às 21h30; sábados e feriados, das 10h30 às 18h30.
Ingressos: grátis
Classificação etária: livre
CICLO DE DEBATES
O PENSAMENTO SENSORIAL - CINEMA, FOTOGRAFIA, ANTROPOLOGIA
Organização: Ivana Bentes
Sábado, 15h
1/9
A ORIGEM DO ROSTO
Apresentação da exposição “A Origem do Rosto”, com a presença do artista Arthur Omar e do curador. A aparição do rosto na arte, os processos de criação das imagens e a relação da fotografia com o cinema, a antropologia e a percepção.
Convidados: Arthur Omar (artista), Adolfo Montejo (curador) e Ivana Bentes (pesquisadora, ECO/UFRJ).
29/9
EXPERIMENTAL TROPICAL
É possível pensar por imagens? O efeito-cinema na arte e o pensamento sonoro e por música. Fotografia, arte e cinema experimental na obra de Arthur Omar.
Convidados: Ismail Xavier (pesquisador, ECA/USP), Guiomar Ramos (pesquisadora, ECO/UFRJ) e Rosane Kaminski (historiadora, UFPR).
20/10
IMAGENS DO ÊXTASE E POLÍTICAS DA ALTERIDADE
A questão do êxtase, do delírio e da arte como formas de atravessar as barreiras sociais e nossa relação com o outro e sua expressão na obra de Arthur Omar.
Convidados: Tania Rivera (pesquisadora e curadora, UFF–RJ), Charles Cosac (historiador e editor) e Vera Casanova (pesquisadora, UFMG).
10/11
AS PORTAS DA PERCEPÇÃO
Um antropólogo e um neurologistas falam sobre arte, antropologia, sonho e rituais e como essas questões aparecem na obra de Arthur Omar.
Convidados: Carlos Fausto (antropólogo, Museu Nacional/PPGA), Sidarta Ribeiro (neurocientista, UFRN) e Lúcia Monteiro (pesquisadora, USP).
24/11
A VIDA DAS IMAGENS
Como viver entre imagens? As questões interculturais, de mídia, política e filosofia e como a arte contemporânea e a obra de Arthur Omar dialogam com o presente urgente. Debate com conferencista internacional em diálogo com Arthur Omar.
CURSO
FOTOGRAFIA, ANTROPOLOGIA E ARTE: MODOS DE VER, IMAGINAR E PENSAR
25/9 a 13/11, terças, 18h30
O curso tem por finalidade iniciar os participantes na leitura de imagens antropológicas, percorrendo a exposição do artista Arthur Omar.
Com Fabiana Bruno.