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O lado negro da força

MDNA Sessions, 2012 | Foto: Mert & Marcus
MDNA Sessions, 2012 | Foto: Mert & Marcus

* Por Anna Claudia Magalhães

Há pouco mais de um ano, quando eleita a Mulher do Ano pela Billboard, Madonna se identificou como uma “feminista má”. E, como sempre, trouxe em seu discurso mais perguntas do que respostas. O que seria uma “feminista má”? O ícone dos 80, ainda hoje, representa para nós uma mulher questionadora, que encara as certezas e é avessa aos padrões, quaisquer que sejam estes.

Madonna teve uma carreira marcada por rupturas e subversões, questionou os papéis de gênero, a religião, a sexualidade, os preconceitos, tudo o que estava estático foi atingido pelo furacão que era e ainda é sua música, sua dança, suas representações, sua mensagem, sua arte. Até mesmo o feminismo foi atingido por Madonna.

Desde suas primeiras aparições, praticamente todas as suas manifestações pareciam ser manifestos feministas. Madonna foi a voz de muitas mulheres que gostariam de mostrar ao mundo que podiam fazer suas próprias vontades. Chamou a atenção para temas discutidos em rodas feministas; assim, assuntos como o aborto, o protagonismo e a sexualidade da mulher ganharam repercussão. Conseguiu ser uma das artistas mais influentes do mundo tomando para si o controle de sua carreira, e fazendo dessa visibilidade e talento um meio de discussão e desconstrução da imagem feminina.

A multiartista falava em suas letras e performances sobre a força e a fragilidade de ser uma mulher e como essas duas coisas a transformavam em um ser potente, agia como bem entendesse sem se preocupar com as amarras de gênero, escancarava-se diante de todas as instituições que acreditavam em uma mulher moldada e submissa, enfim, Madonna nunca teve medo de ser livre. Suas liberdades se pareciam muito com os discursos feministas cunhados por teóricas e militantes, mas o seu jeito tinha muito mais a ver com os meios que ela encontrou para expressar sua arte e tudo o que havia dentro de si. O feminismo de Madonna era natural, tão natural que, obviamente, chegou a ser controverso.

Foi criticada e apresentada como um atraso a imagem da mulher já que se hipersexualizava, segundo algumas feministas. Madonna publicou um livro chamado “Sex” em 1992, onde apresentava suas fantasias e intimidades sexuais a quem estivesse interessado. Objetificar o próprio corpo não era visto com bons olhos por boas feministas, enquanto para Madonna, expressar sua sexualidade era algo que deveria ser natural a todos.

Ela trouxe humanidade à ação de ser mulher e é por isso que, aos 60 anos, continua sendo um grande ícone. Nada é páreo para sua alma livre. A rainha do pop segue quebrando paradigmas e sendo má. Atravessou os tempos e as ondas para se tornar uma das maiores representantes da liberdade feminina da história.

*Anna Claudia Magalhães é artista visual e escritora.

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Quatro personalidades distintas descrevem a influência do ícone Madonna em sua vida profissional e pessoal. A produção textual resulta em um ebook que integra a programação do especial "Madonna, Sexagenária".

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Bitch, She’s Madonna!, por Murilo Gussi, ator e diretor Teatral

Sentindo-se uma estrela!, por Dulce Ferreira, contadora de causos

Hei, Brasil. Vamos pimbar!, por Harlen Félix, ator e jornalista

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