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Gentes de Bertioga

Na abertura do Festival da Integração, a convidada Rosi Campos disse que ali cada pessoa poderia escrever um livro de sua vida. Histórias não faltam. Do que viveram, do que viram, dos lugares que moraram, visitaram, dos filhos, dos netos...

Em cada contato uma história na ponta da língua. O motorista de ônibus aposentado conta do filho que é caminhoneiro, a mãe repete a história de seu filho bem sucedido profissionalmente para todo mundo que conhece.  Há quem foi pioneira a fazer aula de natação nos anos 1960, quem tenha começado a jogar cartas depois de viúva, porque o marido não gostava de jogo. A música alegre para tocarem no velório. A primeira tatuagem feita só depois dos 60.

Histórias de perdas são contadas com carinho, mas sem tristeza. A vida ensinou a contar estórias. Uma conversa breve surgida de um “boa tarde”, uma frase, contam muita coisa. Contam o que não está evidente.

Muitas são contadas - e repetidas - entre os 700 participantes do Festival. Algumas conversas marcam por pequenas frases, como estas:

“Fiquei viúva com 40 anos e tive que criar meus filhos. Minha vida era trabalhar, trabalhar, trabalhar, trabalhar...
Hoje? Só me chamar que eu vou!”

Valentina Glena - Ribeirão Preto



“Essas asas que eu ganhei ninguém tira!”

Augusta - Pompeia

“Eu tenho muitas histórias para contar, estou escrevendo um livro. Sabe como vai se chamar? ‘Ousei’. Eu me casei com 44 anos. Você não acha que sou ousada?”

Stella Rocha - Santos



“- Posso tirar uma foto sua?
- Pode, mas eu só vou sorrir porque eu bati".

Iraci - Santos


“Bom dia, bom dia, bom dia
Hoje eu estou tão feliz
Bom dia, bom dia, bom dia
Meu coração é quem diz
Bom dia, bom dia, bom dia
Vamos sorrir e cantar
A natureza é tão bela
Que nos ensina a amar”

Egídia, Hilda, Evelin e Neide - São José do Rio Preto

“Japonês é que nem esparadrapo, quando grupo não larga mais. Meus dois netos namoram japonesas. São um amor”.

Elvira - Sorocaba


“As senhoras me perguntam se eu sou contratada para animar.
E você é?
Não, mas se me oferecerem uma casa aqui, café almoço e janta eu aceito. Não precisa de salário, sem vinculo empregatício”.

Vera - Consolação

"Minha primeira vida foi os 48 anos ao lado do meu marido. A maior alegria da minha segunda vida foi há 3 anos aqui no Festival de Integração. Eu vi um senhor sentado cabisbaixo e reparei que não usava aliança, já gostei. À noite, no baile, eu e minha amiga deixamos as coisas na mesa e fomos dançar. Quando voltamos, estava esse senhor e mais um, sentados na nossa mesa. Estamos juntos até hoje."

Lucia Tereza - São Carlos

"Aprendi a nadar com 62 anos. Tudo na minha vida foi com esforço. Agora, com 90 anos, eu vivo o dia de hoje".

Palmira - São José dos Campos

"O dia mais feliz da minha vida foi quando meu primeiro filho nasceu. Havia um risco alto de nós dois morrermos, e eu senti que fui até lá e voltei. E o coraçãozinho dele chegou a parar - olha, eu me arrepio até hoje. Foi um milagre. Eu nunca contei isso pra ele".

Dora - São José dos Campos