Postado em
Meu Tempo é hoje
“O meu tempo é hoje”. O tema do Festival da Integração deste ano tem tudo a ver com o grupo de idosos presente no Sesc Bertiga, segundo eles mesmos. No filme Cocoon, de 1985, idosos de um asilo rejuvenesciam ao se banharem em uma piscina enriquecida. Boatos indicam que a água de Bertioga teria o mesmo efeito. A disposição para a próxima atividade é de causar inveja em muito jovem.
O cafezinho à tarde é certo, já o cochilo pode ficar para depois. Mesmo depois de toda atividade física feita pela manhã, o ânimo sem mantém depois do almoço. Os celulares ficam esquecidos na bolsa, ou até mesmo no quarto. Os filhos são avisados de antemão. A pressa também deve ter ficado em alguma gaveta. Nas mãos linha e agulha, cartas, pedras de dominó, lápis, pincel. Terminar um cachecol ou vencer uma partida de tranca representa o prazer de um trabalho concluído.
O convite a criarem bordados, peças de crochê e tricô, móbiles, aguça a criatividade. O protagonismo nestas ações reflete no modo como apresentam suas obras para os outros, com sorriso no rosto: “Para quem aprendeu agora tá bom, né?”, “Há tempos eu não fazia, acho que não esqueci” ou “Gostou? Aceito encomenda!” são algumas das frases ditas.
Do outro lado, a turma dos jogos parece ter uma meta a bater. Obstinados, jogam horas inteiras e sempre encontrar um pretexto para uma nova partida. Um jogo após o outro, como se construíssem uma história. “O pessoal aqui só joga buraco” conclui uma defensora da tranca, que entenderia como uma afronta a confusão entre os dois jogos. No duelo de dominó entre as amigas de Araraquara, a prosa se estende e hora ou outra se esquecem de quem é a vez. Não chega a ser problema.