Postado em
Literatura e Facebook combinam?
A ideia de criar um folhetim online pelo Facebook como estratégia de comunicação de um novo projeto do Sesc gerou polêmica. Resolvemos testar a receita. Convidamos o escritor Ricardo Lísias e desta parceria surgiu ‘A Casa do Avô’, folhetim em 15 capítulos que você pode acompanhar por aqui.
“A única coisa é que a redação coincidiu com o nascimento do meu primeiro filho, o que me fez redigir parte do texto no hospital!”, contou Lísisas em coversa com a EOnline, na entrevista que você confere a seguir.
Lísias nasceu em São Paulo e teve o primeiro romance, Cobertor de Estrelas, publicado em 1999. Foi finalista do prêmio Jabuti em 2008, com Anna O e Outras Novelas. Ganhou o prêmio Portugal Telecom em 2006 com Duas Praças e o prêmio de melhor romance pela Associação Paulista de Críticos de Arte pelo romance O céu dos suicidas. É um dos finalistas do Prêmio Portugal Telecom 2014, concorrendo com o romance Divórcio (editora Alfaguara).
EOnline: Como surgiu sua paixão pela literatura e como você começou a escrever?
Ricardo Lísias: Foi algo natural. Primeiro, fui um leitor desde muito cedo. Na minha casa havia boa literatura infantil, e quando vi já tinha lido tudo. Depois, comecei a escrever pequenas redações, fazer projetos, colecionar ideias, essas coisas. Por fim, escrevi um pequeno romance, Cobertor de estrelas, que foi publicado por uma editora grande. Desde então, nunca mais parei.
EOnline: Quais são os seus títulos publicados?
R. L.: Meu primeiro livro, Cobertor de estrelas, não teve nenhuma repercussão, mas foi publicado por uma editora grande e me mostrou que eu queria mesmo era escrever. Depois, publiquei outro romance, Duas praças, que teve alguma acolhida crítica e ganhou um prêmio importante. A partir disso, comecei a me organizar para escrever com regularidade e planejamento. Publiquei então uma coletânea de contos e depois o romance O livro dos mandarins, que me custou quatro anos de pesquisas, todas muito divertidas. Cheguei a fazer um curso de chinês para o livro. Ele teve uma excelente repercussão crítica, bem como o livro seguinte, O céu dos suicidas. No ano passado publiquei Divórcio, que causou uma confusão incrível e para mim um tanto hilária.
EOnline: Como é escrever literatura na e para a internet?
R. L.: Para mim, no aspecto da escrita não mudou nada. A repercussão é que está sendo diferente. As pessoas interagem, apontam detalhes etc. Estou achando uma experiência diferente e bastante enriquecedora.
EOnline: Você acredita que o público interessado por literatura também compartilha desse interesse pela internet?
R. L.: Sem nenhuma dúvida. As grandes discussões hoje ou estão na internet ou passam por ela. Mudou o suporte, o que me parece ótimo, pois a internet é um suporte mais adequado.
EOnline: Como está sendo o processo de criação do folhetim 'A Casa do Avô'?
R. L.: Tenho feito como faço com os meus outros projetos: escrevo de manhã, reviso e reescrevo depois. Então mando para a edição e para o site. A única coisa é que a redação coincidiu com o nascimento do meu primeiro filho, o que me fez redigir parte do texto no hospital! Essa vai ser de fato uma experiência marcante.
EOnline: A história do avô é baseada em histórias vivenciadas por você? Nessa ficção existe um pouco de realidade?
R. L.: Na verdade, trata-se de outro passo no projeto ficcional que estou desenvolvendo. É um texto de ficção, que usa suportes externos à próprio ficção, mas que não se referem à realidade tal qual conhecemos.