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Cucaracha confirma o sucesso de jovens teatrólogos
A relação entre paciente e enfermeira é o foco principal desta montagem escrita pelo dramaturgo Jô Bilac, com direção de Viniciús Arneiro. Cucaracha reúne elementos que nos levam a refletir sobre a vida, dentro de um cenário minimalista, onde o desenho de som, os figurinos e a cenografia interagem em plena sintonia com as cenas. O terceiro trabalho da Cia. Teatro Independente, do Rio de Janeiro, é uma comédia dramática em que os anos de convivência entre as personagens passeiam por temas como solidão, liberdade, noção de tempo e espaço.
O primeiro espetáculo da Cia., intitulado “Cachorro!”, estreou em 2007 e recebeu indicação ao Prêmio Shell de melhor direção no mesmo ano. O segundo trabalho, conhecido com “Rebu”, foi indicado em 2010 ao prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de Melhor Autor. Em 2011, as duas peças percorreram 21 Estados do Brasil pelo projeto Sesc Palco Giratório. Cucaracha estreou em outubro de 2012 no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e está pela primeira vez em São Paulo no Teatro do Sesc Santo Amaro.
Com sete anos de existência, sua formação mantêm-se original, com os artistas Carolina Pismel, Júlia Marini, Paulo Verlings, Jô Bilac e Viniciús Arneiro. Conversamos com o diretor da peça Vinícius Arneiro, que nos contou sobre o conceito do espetáculo e o sucesso da Cia. Confira abaixo a entrevista na íntegra:
EOnline: Como começou a parceria de trabalho entre você e Jô Bilac?
Viniciús Arneiro: Nossa parceria começou junto com o surgimento da Cia. Em 2007 fizemos nosso primeiro trabalho juntos. ‘Cachorro!’ foi nosso primeiro trabalho. Logo depois da estreia do espetáculo, depois de nove meses de processo de ensaio, entendemos que o nosso encontro era especial, nossas afinidades e interesses artísticos foram se fortalecendo cada vez mais. Assim nasceu a Cia. e através dela, nossa parceria.
EOnline: Como foi a construção dos elementos narrativos que exercem grande influência em Cucaracha como a composição do cenário e o desenho de som?
V. A.: A peça se passa num quarto de hospital, que é um ambiente muito rico em termos de sonoridade. Ao pensar sobre este lugar onde toda a ação da peça decorre, abriu-se uma vertente até então desconhecida para mim, que é pensar dramaturgia para além do texto falado. Pensar o som como dramaturgia e, principalmente, como arquitetura do espaço nos possibilitou optar por um cenário que não fosse totalmente realista, como um lugar incompleto, com poucos elementos, quase que como uma lembrança rarefeita ou um sonho. O processo de união entre som e cenário foi muito prazeroso. O Daniel Belquer (que assina a composição das músicas e dos sons) tem uma pesquisa linda sobre sonoridades, ele nos trouxe todo um universo de possibilidades. Me senti uma criança com um brinquedo novo! (Risos). Foram necessários muitos encontros, com ele improvisando durante os ensaios, para entendermos que caminho seguir. O cenário, bem como o figurino, se mistura, se confunde um pouco. Fomos fazendo escolhas para que estes elementos pudessem dialogar fortemente entre si, como se prescindissem um do outro para se completar.
EOnline: Você disse uma vez “que bom que um dia a gente disse SIM um para o outro”. Como você e a equipe da Cia. trabalham colaborativamente com a criação e a pesquisa dos espetáculos?
V. A.: Inicialmente fazemos muitos encontros onde cada um traz consigo suas referencias, desejos, temas, ideias, etc. E assim vamos colhendo algumas coisas para fazer um primeiro estudo coletivo, depois alguns exercícios e composições sobre os temas. E assim vamos delineando os caminhos que vão se abrindo diante de nós. É, de fato, uma criação colaborativa, o elenco tem total autonomia para propor. Nesse sentido, estamos todos juntos criando e cabe a mim, fazer algumas escolhas e orquestrar os rumos da criação.
EOnline: Como você enxerga o trabalho feito pela Júlia Marini e pela Carolina Pismel, no espetáculo Cucaracha?
V. A.: Uma das coisas mais lindas de se ter uma Cia. é poder amadurecer juntos e desenvolver uma intimidade criativa que você não tem em outros lugares. Você partilha a vida, os ciclos todos. Ver Carol e Júlia em “Cucaracha” é muito especial. Elas conduzem com muita sensibilidade e afeto. São atrizes talentosíssimas e muito comprometidas com as escolhas. Na verdade eu sou muito fã das duas! Muito mesmo.
o que: | Cucaracha |
quando: |
até 14/junho |
onde: |