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Especial Mestiçaria traz as novas mentes criativas da música pop nacional
Um trio curitibano que mistura bases do funk carioca com letras escatológicas e samples de folk, axé e forró. Um paraibano que reproduz, a partir de elementos eletrônicos, ritmos tradicionais como a catira, o baião e o carimbó. Uma cantora e DJ pernambucana que atualiza para as pistas de dança do século 21 o samba de coco, a cumbia e o reggae. Um rapper paulistano em parceria com um visionário instrumentista etíope.
O que estes artistas, de formações e interesses tão opostos, podem possuir em comum? Qual o elo entre estes projetos tão peculiares? Em qual coletânea, por mais eclética que seja, figurariam sequenciadas as faixas de Bonde do Role, Totonho e os Cabras, Catarina Deejah, Criolo & Mulatu Astatke?
O especial Mestiçaria, que o Sesc Rio Preto apresenta a partir de junho, pretende entrelaçar estas inverossímeis ideias provenientes das mentes criativas em ascensão no universo musical. A mostra propõe um recorte do atual cenário da música pop nacional, a fim de retratar sua variedade rítmica e lírica. “Procuramos por artistas que ostentam um trabalho não convencional e que, mesmo assim, despertam a admiração do público. São músicos e compositores que conseguem transformar fórmulas pré-estabelecidas em algo novo e empolgante, são alquimistas em pleno exercício de sua criatividade.” – explica Graziela Nunes, coordenadora de programação da Unidade e curadora do projeto.
Os primeiros “alquimistas” a pisarem no palco do Mestiçaria são os integrantes do Bonde do Role, no dia 06 de junho. O grupo foi formado em Curitiba, no ano de 2005 por Marina Velo, Pedro D'Eyrot e Rodrigo Gorky. Com sua mistura de samples de rock, axé e forró, batidas do funk carioca e munidos de letras politicamente incorretas e vocais absurdos, o trio chamou a atenção atenção da mídia internacional, sendo citados pela revista Rolling Stone e pelo jornal New York Times. Rapidamente, assinaram contrato com a gravadora Domino Records, que promoveu seu primeiro álbum, “With Lasers”. Em 2007, o grupo anunciou a saída da vocalista Marina; vaga preenchida um ano depois, por Laura Taylor. Em 2012, apresentam seu segundo disco, “TropicalBacanal”, com participação especial de Caetano Veloso na faixa “Baby Don't Deny It" (versão em inglês para “Babydoll de Nylon”, do próprio Caetano). Na ocasião, o jornal Folha de São Paulo anunciou o lançamento como “o mais importante da música independente brasileira recente”.
No dia 13, é a vez da banda paraibana Totonho e Os Cabra. Totonho, o líder do grupo, foi vendedor de buchada de bode em feiras de Monteiro, interior da Paraíba, onde conviveu com os cantadores populares e aprendeu a versar. Cursou faculdade de Arte e Educação e, no fim dos anos 1980, foi para o Rio de Janeiro para fazer pós-graduação e tentar a carreira de músico. Abriu shows para Geraldo Azevedo, João Bosco e outros, até montar sua própria banda e ter uma demo levada ao produtor Carlos Eduardo Miranda, que lançou o seu primeiro disco. Com fortes referências folclóricas, o repertório de Totonho e Os Cabra revisita ritmos regionais conectados à música eletrônica, no que ele próprio chama de Tecnofarra dos Mestiços.
A cantora e DJ pernambucana Catarina DeeJah apresenta-se no dia 20, trazendo canções de seu álbum de estreia “Mulher Cromaqui”. O disco é caracterizado por analogias entre estilos populares brasileiros e universais, fruto de anos de pesquisa nos sebos do Recife. Lá, Catarina criou um acervo que lhe ajudaria a começar sua carreira de DJ. Suas canções são inspiradas em dramas amorosos, fenômenos culturais de verão e mulheres inconformadas, que se mesclam em letras com boas doses de lirismo, ironia e sarcasmo. No palco, Catarina DeeJah é considerada um misto de diva tecnobrega e anti-diva punk. Ela dança, debocha e solta frases de efeito que frequentemente surpreendem os desavisados.
O rapper Criolo volta ao palco do Sesc para encerrar a programação do Mestiçaria no mês de junho, desta vez acompanhado do lendário instrumentista etíope Mulatu Astatke. Criolo começou a cantar em 1989, mas só em 2006 gravou seu primeiro álbum de estúdio, intitulado “Ainda Há Tempo”. Com seu segundo disco, “Nó na Orelha”, de 2012, diversificou sua sonoridade ao unir o rap com MPB, funk, soul e blues. Impulsionando pelo hit “Não Existe Amor em SP”, o álbum teve uma excelente recepção de público e crítica, ganhou diversos prêmios e tornou Criolo um dos maiores nomes da música no Brasil. O reconhecimento possibilitou que o rapper dividisse o palco com grandes nomes da música nacional e internacional, entre eles, Mulatu Astatke, considerado o pai do ethio-jazz, um híbrido musical criado no final dos anos 1960 e popularizado quase quatro décadas depois, graças à sua inclusão na trilha do filme "Flores Partidas", de Jim Jarmusch, em 2005. Nesta apresentação, Criolo e Mulatu Astatke repetem em palcos brasileiros a parceria realizada em 2012, no festival Back2Black, em Londres.
O especial Mestiçaria continua em julho. Acompanhe!
Bonde do Role
06/06, 21h, grátis.
Saiba mais: http://bit.ly/rolesesc
Totonho e os Cabra
13/06, 21h, grátis.
Saiba mais: http://bit.ly/totonhosesc
Catarina DeeJah
20/06, 21h, grátis.
Saiba mais: http://bit.ly/catarinasesc
Criolo e Mulatu Astatke
27/06, 21h. Ingressos à venda a partir de 16/06.
Saiba mais: http://bit.ly/criolomulatusesc