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Sesc Piracicaba abre a 12ª edição da Bienal Naïfs do Brasil

COLEÇÃO MESTRE JÚLIO SANTOS, Estúdio Walter Dantas, década de 1950, Fortaleza, CE
COLEÇÃO MESTRE JÚLIO SANTOS, Estúdio Walter Dantas, década de 1950, Fortaleza, CE

Com curadoria de Diógenes Moura, 81 artistas de 16 estados do país, apresentam narrativas originárias de uma percepção sobre suas culturas, retratadas em cenas da vida cotidiana e com sofisticada simplicidade. 106 obras - pinturas, esculturas, gravuras, bordados, tecelagens, entre outros materiais – foram selecionadas pelo júri, este ano formado por Antônio Santoro Junior, Kelly Cecília Teixeira, Oscar D`Ambrosio e Valdeck de Garanhuns. A ideia para compor a Bienal Naïfs do Brasil 2014, com abertura para convidados no dia 7/ago, é a de extrapolar os limites da estética tradicional e chamar a atenção do público para novos caminhos da produção de arte popular.

Criada em 1992 pela unidade de Piracicaba do Sesc São Paulo, a Bienal Naïfs do Brasil foi uma iniciativa pioneira ao proporcionar espaço à arte ingênua, espontânea, instintiva ou simplesmente chamada de naïf. Pessoas que, na maioria das vezes, nunca tiveram instrução artística formal e, portanto, são autodidatas, se expressam plasticamente de maneira original. Nas palavras de Diógenes Moura: “Liberto em sua expressão popular, o artista naïf se livra do medo para entregar-se à descoberta de si mesmo. Como na fotopintura: ao entregar um retrato (entre os séculos XVII a XIX, nos Estados Unidos, a pintura primitivista nasceu da tradição dos retratistas amadores) para ser reproduzido da forma em que pensamos ou queremos ser, no ambiente que nos convém, entregamos aos olhos do artista fotopinturista uma parte da nossa existência, para que possamos ser retratados ’o mais parecido possível’.”. Em seu conceito curatorial, Diógenes Moura traça uma aproximação entre o universo da arte naïf e o universo da fotopintura, com o subtítulo ‘O Santuário Refletido no Espelho’, a fim de proporcionar o encontro e a possibilidade de relermos dois aspectos de uma manifestação artística fundamental no Brasil. “A fotopintura está ‘dentro’ da arte naïf. Não propomos nenhum tipo de comparação, mas, sim, de encontro: um pertencimento que deverá ser visto e tratado não apenas com olhos ‘de passagem’.” O curador ainda sinaliza as dificuldades pelas quais tanto a técnica da fotopintura como a arte naïf vem encontrando ao longo das últimas décadas para terem o merecido reconhecimento.“Tratado como grande pintor, o mais reconhecido dos primitivos, o francês Henri Rousseau tem sua obra no Louvre, ao lado da Mona Lisa. Por que temos tanta dificuldade em entender o que é nosso? Por que queremos sempre ser o “outro”, importado, superficialmente tingido e com prazo de validade vencido?”.

Nesta mostra, podem ser encontradas cenas que retratam a natureza e a presença do homem, o rural e o urbano, o vilarejo e a metrópole, as festas, a religião, enfim, visões poéticas sobre nosso país, sobre a cultura brasileira. Para esta edição, a proposta também é ultrapassar limites físicos do Sesc Piracicaba, incluindo no roteiro da Bienal instalações, intervenções, palestras, peças teatrais, oficinas e apresentações artísticas, com dança, DJ's, ateliês abertos, etc.

A origem da Bienal Naïfs do Brasil remonta ao ano de 1986, por ocasião da primeira exposição coletiva reunindo um pequeno grupo de artistas naïfs no Sesc Piracicaba, como parte do projeto Cenas da Cultura Caipira. Já na primeira edição bienal, em 1992, originalmente denominada de Mostra Internacional de Arte Ingênua e Primitiva, o evento foi premiado pela APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte na categoria de Melhor Evento de Artes Visuais do Interior do Estado. Em 2006, 41 obras, de 36 artistas, foram expostas na “Brazilian Naive Art from the Sesc Collection”, no Centro Cultural de Chicago (Chicago Cultural Center) - Chicago (EUA), numa reedição das obras premiadas entre os anos de 1992 a 2002. Ao longo dos anos, a Bienal se estabeleceu como principal evento de arte naïf do Brasil, chegando a sua 12ª edição neste mesmo ambiente prolífico e fértil de ideias, exibindo as mais variadas possibilidades de expressão popular produzida em todo o Brasil.

Artistas de Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe representam a cultura local de seus estados na Bienal Naïfs do Brasil 2014, trazendo um recorte da diversidade do nosso país no que se refere às religiões, festas populares e demais características de uma nação cuja cultura é de extrema riqueza.

Além do novo site da Bienal, no dia da abertura também será lançada a linha de produtos Naïfs do Brasil, inspirada nos 24 anos de história da Bienal. Os produtos estarão disponíveis em diversas unidades da rede SescSP.

A 12ª edição da Bienal Naïfs do Brasil,  ainda conta com uma série de atividades paralelas, que extrapolam os limites físicos da unidade.

Exposição Bienal Naïfs do Brasil 2014

Realização: Sesc Piracicaba 

Curadoria: Diógenes Moura

Júri: Antônio Santoro Junior, Kelly Cecília Teixeira, Oscar D`Ambrosio e Valdeck de Garanhuns

Abertura: 7 de agosto de 2014, quinta-feira, às 20h

Período: 8 de agosto a 30 de novembro de 2014

Local: Sesc Piracicaba - Rua Ipiranga, 155, Centro - Piracicaba, SP / Telefones: 0800 771 6243 / (19) 3437-9292

Horários: Terça a sexta-feira, das 13h30 às 21h45. Sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 18h