Sesc SP

“Eu nasci em 1992. Quando cheguei, não existia nada parecido comigo aqui em Itaquera. Na verdade, ainda não existe. Assim como quem não quer nada, fui ficando... ficando. Hoje tenho a maturidade que meus 22 anos exigem, mas ainda me sinto como uma criança, principalmente quando vejo a expressão no rosto de quem me vê pela primeira vez. Nooooooossa! Como é grande aqui! Onde é que eu vou primeiro?. É tanta euforia, que nem ligam se a minha água está gelada.

Os dias de sol são os que mais me animam. Receber tanto amigos afoitos, que entram correndo e já vão logo formando as filas, ansiosos para o primeiro escorregão, é sempre único. Vamos no azul! Não, o laranja é mais legal! Então tá, vamos nos dois... Mas primeiro no azul! Quantas vezes eu ouvi conversas como essa... E sei bem que elas não começam aqui perto de mim. Pelo menos um dia antes, já estão todos ansiosos para me encontrar. O sono demora a chegar e as crianças saem na janela para ver se o céu tem estrelas. Será que o sol vai sair amanhã? E aí, se o sol vem, é só festa!

Ao longo desses anos, recebi todos os tipos de amigos. Os pequenos, os mais velhos, as moças que aproveitam para pegar um bronzeado, a juventude que vem para paquerar, fazer amigos e tirar fotos para postar na rede social. Aliás, a internet é um caso à parte. Perdi as contas de quantos tweets, fotos e vídeos contam com a minha presença. É 'vou dar tibum' pra cá, '#partiupiscina' pra lá, e de repente, sou um dos assuntos mais comentados do verão. A história ficou tão séria, que até personagem de novela já quis me conhecer. Isso pra não falar nos eventos literários, que foram a sensação de janeiro desse ano. O Sarau dos Mesquiteiros  e os Polvos Poéticos refrescaram as ideias da galera.

Uma história e tanto, que me deixa sempre orgulhoso. Mas ela só é possível porque tem um monte de gente que cuida de mim. E olha que são muitos os cuidados, viu? Além da limpeza, que todo mundo vê, meus mecanismos internos e toda a estrutura que me mantêm de pé dão um trabalhão danado! Além disso, existe um segredinho, que garantiu a minha boa forma e a sua segurança durante esse tempo todo de amizade: às vezes eu preciso dar uma descansada.

Desde a última vez que parei, foram quase 2 anos de trabalho. Neles, mais de 1700 escolas e instituições trouxeram pessoas para cá. Pude ver e rever mais de 820 mil amigos e amigas. Comparando com meu mais novo vizinho, estamos falando de uma quantidade caberia em 13 estádios do Corinthians! Perdi as contas de quantos momentos de alegria isso tudo gerou, mas não tem jeito, é chegada a hora: vou ter que me ausentar.

Escolhi essa época do ano porque dará tempo de ficar novinho em folha para o calor do próximo verão, então não fique triste. Eu volto logo. Enquanto eu estiver descansando, tudo à minha volta segue funcionando:

A diversão fica por conta do Parque da Orquestra Mágica, do Espaço de Aventuras, do Bichos da Mata, da Ciclorrota, das quadras, do Ginásio de Esportes e de onde mais você quiser aqui dentro do Sesc Itaquera. Ainda tem a música do Palco da Orquestra Mágica ou do Café Aricanduva, o teatro dos domingos, as contações de histórias, todo o aprendizado das atividades de literatura ou de educação para a sustentabilidade, as viagens possíveis com os livros do Bibliosesc, a observação e interação com a natureza por meio do herbário, da horta, do viveiro, do pomar... E por aí vai... Tem tanta coisa aqui, que você nem vai sentir minha ausência.

A partir do dia 16 de julho, toda a minha água será direcionada a uma estação de tratamento da Sabesp. Depois de esvaziar o tanque, vários profissionais vão avaliar cada centímetro de mim e tomar todas as medidas necessárias para que a gente possa se reencontrar em breve. Acredito que até o final desse ano tudo esteja pronto, mas aviso você quando voltar!

Nos veremos em breve, para um forte abraço – bem molhado! - com direito a toboágua azul ou laranja. O que você preferir.

Até breve,

Parque Aquático do Sesc Itaquera”