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Mestiçaria: como foi e o que vem por aí em julho
O bonde curitibano assustou os desavisados, mas conseguiu transformar o estranhamento inicial em uma grande festa, com direito a performances incríveis, muitas delas protagonizadas pelo próprio público. O paraíba cabra da peste mostrou sua tecnofarra mestiça, amplificada por seu timbre de voz poderoso e interpretação ímpar. Os dramas cotidianos e os delírios visuais da mulher cromaqui conquistaram os corações e a atenção da plateia. O ícone atual do rap paulistano protagonizou um momento apoteótico ao apresentar seus fiéis seguidores a um velho mago etíope e seu encantamento musical.
Bonde do Rolê, Totonho e Os Cabra, Catarina Dee Jah e Criolo, este último muito bem acompanhador pelo lendário instrumentista etíope Mulatu Astatke, fizeram do Sesc Rio Preto um pólo da nova música popular brasileira durante o mês de junho. Sob a chancela do Mestiçaria, representaram uma parcela das novas ideias em ascensão no mundo da música.
O especial Mestiçaria propõe um recorte do atual cenário da música pop nacional e sua variedade rítmica e lírica, na concepção de artistas em constante mutação criativa. Livres de barreiras conceituais, geográficas e culturais, os novos compositores, músicos e produtores mesclam influências distantes e distintas, na formatação de um repertório plural e abrangente. Gradativamente, constroem um vasto universo de ideias, timbres e sotaques. Confira fotos dos shows de junho na galeria abaixo.
O duo maranhense Criolina inaugura a segunda etapa do projeto no dia 4 de julho. Com sonoridade pautada na cultura da radiola ou
sound system, unem o afrobeat, o merengue e as toadas aos beats eletrônicos e ritmos globalizados como funk, rock e ska. Segundo o cantor e compositor Zeca Baleiro, o Criolina é "a melhor coisa que apareceu na música do Maranhão nos últimos 20 anos".
No dia 11, é a vez de Kiko Dinucci, Juçara Marçal e Thiago França - mais conhecidos como o trio Metá Metá - mostrarem seu aclamado segundo álbum, o "MetaL MetaL". O disco, e consequentemente o show, traz o peso das cordas do rock´n roll somado à letras que se apropriam da mitologia dos orixás africanos e batuques afrobrasileiros em geral.
Wado, cantor e compositor catarinense radicado em Alagoas, apresenta seu mais recente trabalho, "Vazio Tropical", no dia 18. Com a colaboração de Marcelo Camelo e Zeca Baleiro, Wado aposta em elementos do samba, rock, MPB e música eletrônica na estruturação de suas faixas. Lançado em 2013, "Vazio Tropical" é seu sétimo trabalho de estúdio, precedido pelos igualmente elogiados "Samba 808", "Atlântico Negro" e "Terceiro Mundo Festivo".
A banda paulistana Holger encerra a primeira edição do Mestiçaria no dia 25 de julho. O grupo tem como característica marcante a mistura de indie rock e ritmos brasileiros, além do revezamento de instrumentos e vocais em seus shows. Em 2011, a Holger levou o Prêmio Multishow de Música Brasileira na categoria Melhor Banda, e tocou em festivais como Planeta Terra e Lollapalooza Brasil.
Mestiçaria
Até 25 de julho no Sesc Rio Preto.
Sextas, 21h. Grátis.