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Hábitos dos Paulistas

Cultura, Lazer e Esportes são temas da maior pesquisa sobre hábitos nas horas livres já feita no estado de São Paulo. Cerca de oito mil moradores de 21 cidades do estado foram entrevistados e revelaram seus hábitos de cultura e lazer 

O que fazem os paulistas nas horas livres? A consultoria JLeiva Cultura & Esporte percorreu 21 cidades do estado de São Paulo com mais de 100 mil habitantes, incluindo as 10 mais populosas, e entrevistou cerca de oito mil moradores em busca de informações sobre seus hábitos culturais. Cada um dos entrevistados respondeu a mais de 80 perguntas. A pesquisa “Cultura em SP: Hábitos Culturais dos Paulistas” foi levada a campo pelo Instituto Datafolha, entre abril e maio de 2014, e traz dados inéditos sobre o comportamento, interesses e conhecimento cultural dos paulistas. Os dados deram origem a três diferentes produtos: seminário, livro e um site, cujo conteúdo 100% gratuito pode ser consultado por gestores públicos, privados e produtores culturais.

“As cidades visitadas reúnem 50% da população do estado. Isso significa que a amostra é bastante representativa. Além dos recortes tradicionais por gênero, idade, renda e escolaridade, o estudo também permite leitura por religião e cor da pele. Uma primeira conclusão é que a terceira idade é a menos atendida por projetos culturais e de lazer”, afirma o consultor João Leiva, idealizador do estudo realizado com patrocínio da CCR, Sabesp e Oi, obtidos pelas Leis Rouanet e Proac, e apoio cultural do SESC-SP e da Secretaria de Estado da Cultura.

A entrevista foi feita com base nos critérios de representatividade do IBGE.

Seminários – Os principais resultados da pesquisa serão divulgados em seminários abertos ao público nos dias 04 e 05 de novembro, às 9h, no auditório da Pinacoteca do Estado. Algumas cidades do interior que participaram do estudo também serão contempladas com seminários onde serão divulgados os resultados locais. Em Campinas, os seminários serão realizados nos dias 06 e 07 de novembro, às 9h, no Sesc Campinas, em Sorocaba no dias 12 e 13 de novembro, às 9h, no Sesc Sorocaba, e em São José dos Campos, nos dias 18 e 19 de novembro, às 18h30, no Sesc São José dos Campos.

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São Paulo
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Destaques – Uma informação que a pesquisa aponta é que o idoso é o grande excluído cultural. Dos entrevistados que se encontram nessa faixa etária, nos últimos 12 meses, 44% não foram a bibliotecas, 52% não foram aos cinemas, 46% não foram aos museus, 40% não foram ao teatro e 42% não frequentaram shows musicais. “Os índices pioram conforme aumenta a idade para quase todas as atividades culturais. É importante que se comece a dar atenção a esse grupo nas políticas públicas e privadas para a cultura”, completa o consultor.

O estudo reforça a importância da escolaridade e da renda na formação do interesse pela cultura. O trabalho com uma amostra ampliada permitiu ainda a análise do impacto da educação entre pessoas de uma mesma faixa de renda. No caso dos filmes, por exemplo, 3% das pessoas das classes A+B nunca foram ao cinema. Esse índice, porém, cai para 1% entre os entrevistados dessa classe com ensino superior e chega a 10% entre quem tem apenas o fundamental, mas pertence às classes A+B. Na classe C, em que o percentual dos que nunca foram ao cinema é de 14%, os que tem ensino superior repetem o resultado de 1% encontrado nas classes A+B e vai a 22% entre os que completaram apenas o fundamental. O mesmo acontece em praticamente todas as atividades culturais, independentemente de preço.

“A pesquisa indica claramente que, independentemente da classe social, quanto maior o nível de escolaridade, maior o interesse por atividades culturais. Isso mostra que a integração de políticas públicas culturais e de educação é fundamental para o formação de público”, acredita Leiva, citando ainda o fato de que os CEUs foram citados como locais em que os paulistanos mais frequentam atividades culturais.

Linguagens culturais – A pesquisa confirma o bom momento do cinema nacional. Entre os entrevistados, 83% afirmam que assistem filmes nacionais. E ao contrário do que se pode pensar, não é só com blockbusters que a população se ocupa. Quando indagada sobre qual filme brasileiro mais gostou recentemente, mais de 200 produções foram lembradas. De filmes mais populares a produções independentes, com Tropa de Elite puxando a fila.

Quando o filme é estrangeiro, 73% dos entrevistados disseram preferir assistir às versões dubladas. Essa preferência aparece em todas as cidades e só se inverte em dois grupos: entre aqueles que tem ensino superior: 51% preferem filmes legendados, diferença mínima para os que preferem a dublagem (49%) e no grupo dos que tiveram a maior parte da vida escolar em instituições privadas: 56% pró-legenda contra 44% pela dublagem.

Música – São Paulo é um estado predominantemente de gosto musical sertanejo. Com exceção dos entrevistados de 12 a 15 anos, que preferem o funk (43%), nas demais faixas etárias o sertanejo reina absoluto. No total da amostra, 44% dos entrevistados elegem o ritmo como o preferido. O ranking de estilos musicais segue a seguinte ordem: 44% sertanejo, 26% MPB, 21% rock, 18% gospel, 17% samba, 16% pagode, 14% pop, 12% forró, 11% funk, 8% dance 8% clássica e 7% rap. Entre os artistas, Roberto Carlos (7%) é o mais citado quando a pergunta é sobre que cantor(a) ou banda o entrevistado mais tem ouvido recentemente.

Top of Mind – A pesquisa também buscou registrar quais as marcas mais lembradas pelos paulistas por sua relação com os patrocínios culturais. A lembrança é bastante diluída, mas as que investem mais recursos, com maior frequência, consistência e/ou que têm algum espaço cultural com naming rights são as mais citadas. Entre os entrevistados da capital, por exemplo, os bancos aparecem com as maiores citações: Itaú (11%), Bradesco (7%), Banco do Brasil (6%), Petrobras (5%) e Caixa (4%).

Espaços culturais – A pesquisa testou o grau de conhecimento e frequência de mais de 200 espaços culturais nas cidades paulistas. Na capital, chamou a atenção o fato de os parques e praças (20%) serem os espaços mais lembrados, seguidos por museus (11%), centros culturais (9%) e shoppings (8%). Individualmente, o Parque Ibirapuera lidera a lista (10%). “Os resultados reforçam a visão mais contemporânea de que a cultura tem vocação para ocupar diferentes espaços nas cidades. Da rua aos shoppings”, afirma Leiva.

Investimentos e público – A pesquisa evidencia como a presença de equipamentos culturais de relevância em uma determinada cidade pode estimular o consumo de cultura. No total da amostra, 12% dos entrevistados foram a um concerto de música clássica no último ano. Em Tatuí, onde a Secretaria de Estado da Cultura administra  o Conservatório Dramático e Musical Dr. Carlos de Campos, esse índice chega a 21%.

Tecnologia – As novas tecnologias são bastante usadas para a busca por opções culturais e de lazer. Internet e redes sociais são citadas por 40% das pessoas quando o assunto é buscar informações sobre programação cultural, perdendo apenas para a TV, com 46%. Entre os que têm até 34 anos, porém, a internet e as redes sociais já batem a televisão. Contribui para isso o alto índice de acesso à internet em praticamente todas as cidades pesquisadas.

Entre os “heavy users” de internet (aqueles que acessam a rede todos os dias), o consumo de todas as linguagens culturais é maior do que o da população em geral. “Quem está mais conectado lê mais, vai mais ao cinema, a shows, a concertos, frequenta mais bibliotecas e saraus”, conta o consultor.

Esportes – Outro levantamento que a pesquisa realizou foi que 25% praticam algum esporte coletivo sendo que 81% optam por futebol, 26% vôlei, 12% basquete, 7% handebol. Em relação aos esportes individuais 30% declarou que anda de bicicleta, 24% pratica corrida, 16% prefere a natação, 9% o skate, 3% o patins. Além disso, 18% responderam que gostam de se exercitar na academia.

Livro – A pesquisa realizada pela JLeiva Cultura & Esporte também vai virar um livro, que será lançado no primeiro seminário, com edição de três mil exemplares. Jornalistas, pesquisadores e produtores foram convidados a refletir sobre suas áreas de estudo ou prática a partir dos resultados da pesquisa, entre eles Frederico Barbosa (Ipea), Ilana Goldstein (antropóloga), Hugo Possolo (teatro), Pena Schmidt (música), Ana Carla Fonseca (cidades criativas).

Leiva ressalta que um dos principais objetivos da pesquisa é gerar informações que possam ajudar agentes culturais públicos e privados no desenvolvimento de seu trabalho. “A área cultural é carente de informações. Faltam indicadores de todos os tipos para orientar a ação pública e privada. Os agentes culturais não precisam ter medo de estatísticas”, afirma.

Para ter acesso aos dados da pesquisa, clique aqui