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“Afro-Dites / Kaddu Jigeen!” conta e dança a vida das mulheres senegalesas

Fotos: Antoine Tempé e Thomas Dorn
Fotos: Antoine Tempé e Thomas Dorn

Coreografia apresentada no Sesc Pinheiros na quarta e na quinta (8 e 9/out) é assinada pela “mãe” da Dança Africana Contemporânea


Em cena, nove mulheres compartilham suas intimidades e suas vulnerabilidades. Entre a ironia e o bom humor, entre a frieza e o amor, elas traçam sua visão sobre a sociedade do Senegal. Assim é o espetáculo “Afro-Dites / Kaddu Jigeen!”, apresentado pela companhia Jant-Bi Jigeen no Teatro Paulo Autran, do Sesc Pinheiros, nesta quarta e quinta (8 e 9/out).

Com direção artística de Germaine Acogny e Patrick Acogny, a coreografia foi concebida na École des Sables, localizada na vila Toubab Dialaw (Senegal) e dedicada à dança africana tradicional e contemporânea. A projeção internacional da escola (fundada por Germaine em 2004, ao lado do marido Helmut Vogt) coloca-a na condição de espaço de intercâmbio entre dançarinos de todos os continentes.

Germaine é tida como a “mãe” da Dança Africana Contemporânea. Nascida em 1944 na pequena república do Benim, uma ex-colônia francesa, tornou-se embaixadora da dança e da cultura africanas. Desenvolveu sólida carreira na França, onde acumula méritos e condecorações como a Ordem das Artes e Letras, concedida pelo ministério da cultura do país a personalidades de destaque.

Já Patrick, fascinado pela dança africana e pelo trabalho de sua mãe Germaine, acumula formações acadêmicas e projetos em dança desenvolvidos na Bélgica, França e Inglaterra. Em 2005, começou a lecionar na École des Sables, tornando-se também coreógrafo das companhias Jant-Bi (exclusivamente masculina) e Jant-Bi Jigeen (feminina, criada após o reconhecimento conquistado pelo primeiro grupo).

Espetáculo de estreia da Jant-Bi Jigeen, “Afro-Dites / Kaddu Jigeen!” discorre sobre temas tão regionais e, por vezes, tão universais como a poligamia, a prostituição, a imigração, o estupro, o khessal (nome atribuído nos países africanos a produtos clareadores da pele), a família e a escravidão doméstica. Sem poupar o espectador das contradições da vida moderna, a coreografia traz à tona o protagonismo das mulheres senegalesas que retrata.