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Magic Paula: 13 lições do esporte para a vida
Disciplina, dedicação, inovação, esforço, sacrifício...coragem. Inovar e mudar os caminhos quando for necessário, ser protagonista e mobilizar um grupo, instituição ou comunidade são grandes desafios. Antes do Workshop ‘Formação em Elaboração de Projetos e Captação de Recursos’, ministrado por William Boudakian, a gestora esportiva, campeã mundial pela seleção brasileira de basquete e medalhista olímpica Magic Paula dividiu um pouco dos momentos que tatuaram os valores do esporte em sua vida.
Mostrando lances emocionantes e momentos importantes de sua carreira, a atleta apresentou lições que aprendeu e que fazem parte dessa construção que o esporte agrega e traz pra a vida, numa tarde de muita motivação, dentro da programação para o Dia do Desafio, no Sesc Campo Limpo. Abaixo as melhores falas da atleta.
1. Ninguém nasce campeão
Ninguém nasce campeão. A gente aspira sê-lo.
Ser aquilo que a gente escolher e vir a fazer na nossa vida. A gente sempre tem que ter um sonho. No início, meu sonho foi brincar com o esporte. Conheci e me apaixonei pelo basquete aos 10 anos de idade. E as pessoas que mais me incentivaram como atleta foram meus pais. Foram eles que acalentaram meu sonho.
2. Esporte e estudo
O esporte e a escola tinham que estar juntos. Esse foi um dos tratos que nós fizemos - eu e meus pais - e o pedido deles foi o seguinte: “Se você quer jogar, vai ter que estudar”. A escola e o esporte sempre caminharam juntos na minha vida e eu agradeço hoje por essa consciência deles. Porque a profissão de atleta é muito curta. Enquanto todo mundo aos 28, 30 e poucos anos de idade, está no auge da sua profissão, no esporte, a gente tem que se aposentar. Eu acho que o cérebro e o físico têm que caminhar sempre juntos. Estudar faz bem pra qualquer um.
3. Sintonizar o Sucesso
No Pan-americano de Havana, Cuba em 1991, era isso: ou a gente sintonizava o sucesso ou evitava o fracasso. A gente optou mesmo com momentos e vontade de desistir, de duvidar da capacidade, optamos por sintonizar o sucesso e deu certo. (*a equipe ganhou a medalha de Ouro no Pan-americano)
4. Manter uma equipe sintonizada
Às vezes você pode montar um grande time, uma grande equipe numa empresa, planejar, dar treinamentos, pode se estruturar da melhor maneira possível, mas se as pessoas não se relacionarem bem, você não consegue atingir o sucesso.
É importante entender as relações pessoais. Entender como cada uma das pessoas é. Na Seleção nós descobrimos que juntas, cada uma respeitando o seu ser, o seu individual, nós podíamos chegar.
5. Parcerias são importantes na nossa vida
Nós somos incompletos. E as parcerias são tudo na nossa vida. As parcerias começam dentro da nossa casa, na nossa família, depois no nosso trabalho. E assim vai. A gente vai viver o resto da vida dependendo um do outro. Quando a gente entende isso, tudo fica muito mais fácil.
6. Líderes inspiradores criam líderes
Em Atlanta nós tivemos uma comissão técnica super jovem. Com muitas críticas, inclusive nossa, das atletas. Mas esse time soube introduzir algo que nós não conhecíamos e que não tínhamos experimentado. Esses meninos (comissão técnica) fizeram um trabalho brilhante. Talvez eles não tivessem a mesma qualidade técnica, a mesma experiência de muitos que passaram pela Seleção, mas eles dialogavam, ESCUTAVAM, eles motivavam. Às vezes no tempo (técnico) eles não ficavam ali com a prancheta mostrando o que fazer. (Eles ficavam) o tempo todo no elogio, na motivação. E como a gente tem dificuldade de elogiar quem faz alguma coisa bem, né? A gente sempre gosta de reafirmar o erro. E eles não, eles pegaram nesse ponto. No ponto que “olha nós somos menos experientes que vocês, a gente tá chegando aqui agora e a gente quer dialogar, quer conversar.”
Sempre falo que existem líderes inspiradores também. Pessoas que nos lideram de uma forma sem austeridade, sem o medo de mostrar as fragilidades e isso acaba trazendo resultados. A nossa vida depois do Pan-americano mudou bastante porque eles entenderam que antes de atletas, nós éramos gente. Nós éramos pessoas com as dores e as delícias que o esporte traz na nossa vida.
7. Desista de desistir
O jogo mais marcante da minha carreira com a Seleção Brasileira foi a semifinal do campeonato Mundial, na Austrália em 1994, quando vencemos os Estados Unidos e fomos jogar a final contra a China. Nós jamais acreditávamos e confiávamos que a gente um dia vencesse a equipe americana. Chegamos nesse Mundial totalmente desacreditadas e fomos crescendo durante a competição. E os EUA sempre foram o time que ganhou mais campeonatos, o time que todo mundo achava que era impossível vencer. Imagina nós que nos preparamos jogando contra meninos porque não tínhamos recursos pra jogar internacionalmente! Mas nós acabamos mostrando que a gente pode. A gente precisa acreditar nas coisas que a gente quer. A gente sempre pode!
8. Manter o Foco, a concentração e a disciplina
Nos 39 segundos finais do jogo (contra os Estados Unidos na Semifinal do Mundial de 1994), era imprescindível não perder a concentração, manter a disciplina, pensar, raciocinar. Aqueles 39 segundos pareciam uma eternidade e tem muita estratégia nesses 39 segundos. Porque a forma das duas equipes matarem o arremesso de 2 ou de 3 (pontos) era fazer a falta. Porque nessa época o arremesso lance livre era 1 por 1: errou o primeiro já não tinha direito de arremessar o segundo. Então, as duas equipes usaram o mesmo veneno.
9. Preparação: Ser protagonista ou coadjuvante
Eu queria aproveitar esse lance(da semifinal do Mundial contra os Estados Unidos) porque na vida da gente acontece isso também: ou a gente é protagonista da coisa ou a gente é coadjuvante.
Nesse momento do jogo, a gente sabia que elas iriam fazer a falta. O que seria normal? Era eu não querer ficar com a bola. Porque elas iriam fazer a falta e eu teria que arremessar os lances livres: ali ou você é herói ou vilão. Mas quando a gente se prepara e tem confiança, a gente vai e faz. E em vários momentos da vida a gente tem que ter calma, tranquilidade. Por isso que é bom sempre a gente se preparar pras coisas que a gente quer fazer na nossa vida.
10. Jamais se dar por contente
O que fica pra mim de lição é que a gente jamais pode se dar por contente no lugar que a gente chegou. Na Semifinal de Atlanta, em 1996 até a fala do Luciano (do Vale) era assim: “Nós já somos prata. Já estamos na final.”
Eu acho que esse mantra ficou no nosso subconsciente. Fica uma lição: nunca perca a oportunidade de fazer o seu melhor. Não deixar pensamentos irem pro seu subconsciente que às vezes influenciam sua performance, sua capacidade. Faltou uma preparação enorme pra que a gente esquecesse o jogo da semifinal. Nós comemoramos como se tivéssemos ganhado a final mas nós tínhamos um outro jogo no dia seguinte. Iríamos ganhar? Não sei, talvez não. Mas eu acho que faltou esse preparação de ‘Já que estamos aqui, vamos fazer o nosso melhor.’
11. Nosso cérebro aceita o que a gente manda de mensagem pra ele
Mas muitas pessoas vão pensar “Então, entregou o jogo?’ Não. O que eu tô querendo dizer é o seguinte: o nosso cérebro aceita o que a gente manda de mensagem pra ele. Que mensagem será que a gente mandou pro nosso cérebro nessa noite e no dia seguinte? “Ah! já tá bom, chegamos até aqui, a gente não tem apoio, a gente não jogou internacionalmente, o time americano pra se preparar nesses 4 anos gastou 3 milhões de dólares, a gente gastou 300 mil reais...” Então a questão é: nunca se acomodar. A acomodação está muito próxima a uma crise. Muitas vezes é preciso a gente refletir e pensar.
12. Contestar os padrões
Às vezes a gente segue exemplos e nem sabe porque tá seguindo.
A gente segue padrões. Às vezes padrões que não são positivos - Isso a gente tem que procurar enxergar - e às vezes padrões que são positivos.
Eu vou contar uma historinha que tinha uma mulher que ia fazer um pernil e sempre que ia colocar no forno ela cortava as pontas. Um dia o marido dela perguntou:
- Porque você faz isso?
Ela disse: Porque minha mãe fazia isso.
Aí foi perguntar pra mãe.
- Filha, eu fazia isso porque sua avó fazia.
Aí ela chegou na vó: Vó porque você cortava a ponta do pernil?
- Porque meu forno era pequeno.
Às vezes a gente segue exemplos e nem sabe porque tá seguindo.
13. Longevidade
Essa semana eu assisti uma palestra. Um cara falando sobre longevidade. Ele dizia assim: nós aprendemos, aprendemos, aprendemos, trabalhamos, trabalhamos, trabalhamos e depois viramos pensionistas. A gente deveria inverter um pouco esse processo aí. Não trabalhar tanto e se divertir mais. Não esperar quando a gente já não tem mais a mesma qualidade de vida, a mesma agilidade pra gente poder se divertir. Sempre o equilíbrio. Aprender sempre, trabalhar sempre, mas se divertir também sempre é importante.