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Mas o que é Arduino? E o que ele tem demais?
Um instrumento para a criação de engenhocas inovadoras, ao alcance de qualquer pessoa interessada, crianças e adultos. Ele existe e tem nome!
Arduino d'Ivrea foi um nobre italiano e rei que viveu por volta do ano 1000, no norte da península itálica. Mil anos depois, um bar na comuna de Ivrea, na província de Turim, carregava o nome do monarca como marca do estabelecimento. Entre os frequentadores do bar, por volta de 2005, estavam Massimo Banzi, professor da escola local de design de interação, e alguns colegas, como David Cuartielles, Tom Igoe, Gianluca Martino e David Mellis. Treze anos depois, a plataforma eletrônica criada por esses curiosos e batizada Arduino é referência na cultura do faça você mesma(o) e da criação colaborativa, de código aberto (open source). Mas, afinal, o que é Arduino?
Arduino não é apenas uma placa de circuito (com um microprocessador), um software ou uma linguagem de programação, mas justamente a combinação dos três criando uma poderosa plataforma sobre a qual se pode construir projetos simples - como um interruptor - ou muito complexos - como um robô bastante ágil. O código do software é aberto e a documentação das placas não é guardada em segredo. Ela está legalmente disponível online para quem quiser construir sua própria placa ou transformar uma placa original. Apenas o nome Arduino é marca registrada.
Arduino Starter Kit. Foto: Arduino.cc on Flickr.com / CC BY-NC-SA 2.0
Para quem nunca acompanhou de perto o desenvolvimento de um projeto realizado a partir de Arduino, fica difícil acreditar que a plataforma eletrônica tenha sido justamente desenvolvida para que qualquer pessoa, criança ou adulto, possa mergulhar na criação de seus projetos – sem gastar uma fortuna e, principalmente, sem precisar de uma graduação em eletrônica ou ciência da computação.
"O aperfeiçoamento da interface gráfica dos sistemas operacionais – desde as primeiras versões do Windows na passagem dos anos 80 para os 90 –, de certo modo, toliu nossa capacidade imaginativa. Estamos muito acostumados a ambientes e ferramentas nos quais as regras já estão estabelecidas para nós. De repente, estabelecer nós mesmo as rotinas de comportamento dos objetos que nos cercam parece algo hermético demais para não iniciados. É preciso realmente experimentar para romper essa barreira", sugere Gustavo Torrezan, assistente técnico de Tecnologias e Artes da Gerência de Artes Visuais e Tecnologia do Sesc São Paulo.
Com um pouco de dedicação e o auxílio da comunidade de criadores (makers), jovens e adultos do mundo todo deixam a criatividade correr solta a partir tanto de kits de Arduino (cheios componentes eletrônicos) quanto do espírito empoderador por trás da iniciativa e constroem drones, sensores variados, instrumentos musicais e científicos, brinquedos, roupas inteligentes, equipamentos domésticos e de acessibilidade, obras de arte, robôs e muito mais. Algumas engenhocas replicam o comportamento de ferramentas produzidas industrialmente (só que são feitas por você mesmo!), mas muitas dessas criações são, na verdade, completamente inovadoras e não chegam a encontrar correspondência no mercado tradicional.
Esse movimento de pessoas lançando mão de tecnologias recentemente desenvolvidas para colaborar na elaboração de projetos pessoais e em benefício de suas comunidades pode ter grande influência no cenário da Internet das Coisas – conceito que remete ao ambiente no qual mais e mais objetos do cotidiano estão conectados, gerando e transmitindo dados.
Para saber um pouco mais sobre a Internet das Coisas, conhecer as potencialidades do Arduino e do trabalho colaborativo – e, é claro, colocar a mão na massa –, acompanhe as programações e cursos que acontecem nos Espaços de Tecnologias e Artes das unidades do Sesc.
O pré-requisito mais importante para esses cursos e programações é a curiosidade!