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“A Baratos Afins resiste”, conta Luiz Calanca
Em um momento de intensa produção de música independente, mas de falta de espaço na grande mídia, a Baratos Afins comemora seus 40 anos no Sesc Pompeia. Com duas noites de shows de bandas que foram lançadas pelo selo, o evento ocorre nos dias 10 e 11/5.
A Baratos Afins foi criada em 1978 por Luiz Calanca. Surgindo a princípio como um sebo de discos, cresceu rapidamente se transformando em uma loja e em uma das principais referências no cenário da música independente. Virou selo e gravadora, lançando nomes que alcançaram grande destaque. Entre as bandas do selo, tocam na comemoração de 40 anos Kafka, Fábrica de Animais, Patrulha Espaço e Santuário.
Conversamos com Calanca sobre a atmosfera da música independente e sobre as bandas que participam do evento. Confira!
Apresentação da banda Patrulha do Espaço. (Foto: Washington Santos).
Eonline: Depois da Baratos Afins ter crescido tanto, o que a loja na Galeria do Rock representa?
Luiz Calanca: Nós crescemos nestes 40 anos, procurando manter a mesma dedicação de sempre. Pela aglomeração de lojas de disco e selos independentes que se instalaram por aqui, o nosso endereço ganhou o rótulo de galeria do rock. Com o advento do CD, o local chegou a ter 84 lojas de discos – muitas delas também produtoras –, por isso o apelido carinhoso de Galeria do Rock. Hoje ela se descaracterizou e os números caíram para menos de 10 lojas de discos. Porém, a Baratos Afins continua resistente no comércio de discos e nas produções independente de formatos.
Eonline: Como você vê o cenário da música independente brasileira nos dias de hoje? Qual a maior diferença de 40 anos atrás?
Luiz Calanca: O cenário de música independente continua muito forte, centenas de novas bandas são lançadas no mercado todos os meses. A diferença de 40 anos atrás é que tinha muito menos bandas e mais lugares para elas se apresentarem. A Baratos Afins sempre foi uma porta aberta para esse cenário. Felizmente, hoje não estamos mais sozinhos, tem muitas produtoras fazendo coisas. O que não temos mais são canais para difundir tudo isso. Não temos uma rádio pop rock, nem uma TV para essas bandas se exibirem, nem revistas ou críticas especializadas e muito menos uma página, nem mesmo uma coluna sequer na grande imprensa é dedicada ao assunto.
Eonline: O que você viu em cada uma das bandas – Kafka, Fábrica de Animais, Patrulha Espaço e Santuário – para que elas se encaixassem no Selo?
Luiz Calanca: Muitas qualidades artísticas e musicais!
O Kafka foi uma das mais prazerosas produções que me envolvi nos anos 80. A banda passou a ser cultuada por novas gerações e suas músicas foram regravadas por outras bandas e inclusas em outras coletâneas do gênero.
Já o Fábrica de Animais é uma das melhores bandas de rock da atualidade e vem conquistando um público maior a cada apresentação.
O Patrulha do Espaço era uma banda que eu amava de paixão desde quando ainda tocavam com Arnaldo Baptista. Já lançaram 3 álbuns pelo nosso selo, o que gerou várias produções em CD – incluindo a produção de dois Box, um com 3 CDs e outro com 4.
Já o Santuário foi uma das bandas pioneiras do Heavy Metal Brasil e uma das maiores representantes do gênero para a coletânea “SP Metal”, que também foi lançada em vinil na Finlândia. Uma banda que conseguiu se manter cult e adorada até os dias de hoje. Além disso, seu líder guitarrista e vocal também foi o responsável pela direção e produção do filme “Brasil Heavy Metal”. Nos orgulhamos muito de todas elas.
Eonline: Como é trabalhar com tantos estilos musicais diferentes?
Luiz Calanca: Nós sempre fomos muito ecléticos. Eu, particularmente, gosto de Pop, Rock, Jazz e música brasileira. Me identifico com todos os estilos e me sinto bem confortável com essa diversidade musical.
>> Para informações sobre os shows no Sesc Pompeia, clique aqui.