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Espetáculo "A Vida" estreia no Sesc Santo Amaro levando uma nova versão a cada sessão
Resultante de um processo de 10 meses entre jantares, ensaios, combinações que aceitaram aleatoriedade como composição e trajetória, o espetáculo “A Vida” estreia no Sesc Santo Amaro, nesta sexta-feira, dia 2 de junho. Com direção de Nelson Baskerville (Prêmio Shell de direção por “Luís Antônio – Gabriela”, 2011), mais a coautoria e encenação da AntiKatártiKa Teatral, a peça joga, a partir de uma roleta, com as memórias, os traumas e cenas biográficas dos seis atores e do diretor.
A composição do espetáculo acontece a partir do sorteio das cenas, 35 delas pré-ensaiadas compõe a roleta da vida. Efetivamente, as cenas são fatos ocorridos na biografia dos criadores que as expõem em oito fases no palco. O diretor comenta que “queria criar um espetáculo que pudesse ser aleatório e ao mesmo tempo ensaiado, partindo de experiências biográficas minhas e dos atores. A questão do uso da biografia como ponto de partida dramatúrgico é que sempre consigo ver a vida e entendê-la melhor desta forma”. O palco torna-se um espaço contaminado de memórias e histórias, a cada cena sorteada, os resquícios cênicos conjugam um pouco mais para aleatoriedade.
Os jantares, no início da produção, serviram para a documentação das histórias dos envolvidos; neles, os traumas e os acontecimentos biográficos foram revelados. Dessa exposição, o diretor e os atores adentraram aos ensaios, calcularam as possibilidades de encenação. “A Vida” tem aproximadamente quase mil combinações possíveis, dessa forma assume a eventualidade das cenas, joga com as combinações que são encadeadas por transições.
Cada fase encenada é uma trajetória documental, a cada sessão um espetáculo diferente; no sorteio uma possibilidade; o palco uma contaminação cenográfica dos objetos usados em cena. Portanto, “A Vida” se vale de pouca ordenação, se constrói de maneira diferente, não assume um destino certo, afunila as tensões conforme as fases decorridas. De fato, admite o aleatório da vida.
Podemos relatar que a linguagem dos espetáculos de Nelson Baskerville não é simplesmente uma expurgação, ao contrário, é documental no jogo cênico. Sem embargo, expõe os ocorridos cotidianos.