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Abraão Antunes... E aí, Biblioteca pra quê?

 ‘Bibliotecas mortas são monumentos;
Bibliotecas vivas estão em movimento’
Ruivo Lopes


Na cidade das letras, as bibliotecas precisam dialogar com a cultura escrita para além de seus espaços, amadurecendo leituras, germinando palavras-mundo que nos ajudem a moldar sentidos à vida.

Tornar-se acolhedoras, ambientes de fruição do ato leitor de forma múltipla - e não somente depósitos de ‘cadáveres suculentos’ -, integrada aos anseios dos públicos locais e comunidades às quais pertencem.

Nos bairros, fomentar o cultivo literário partilhado; nas escolas, o despertar do interesse pelo ler; às margens, lutar pela consolidação de muito o quê, sendo escrito, ainda é só papel: nossos direitos sociais.

É justamente ali, da ponte pra lá, que o sobreviver ressoa no escrito, multiplicando vozes na cena cultural. Os saraus, que ganharam projeção nos últimos anos, vêm ampliando seu habitat: os bares ainda são usados, porém a presença em espaços artísticos, escolas e ambientes públicos – como praças e bibliotecas – têm sido uma constante. Podemos perceber nesses círculos claras tentativas de ocupação da cidade, gritos coletivos que emergem nas ruas, ainda de forma difusa.

Páginas antes pouco visitadas, compreendidas, são aos poucos circuladas, declamadas, editadas, resultado de um esforço amplo de diversos agentes. O movimento social em prol da leitura é protagonista que merece reconhecimento, assim como boas práticas nascidas e gestadas fora da esfera governamental. Tendo se desenvolvido abrigadas em coletivos e organizações autônomas, do terceiro setor, de entidades religiosas, ou mesmo por projetos individuais, ao menos uma centena de espaços alternativos com bibliotecas existem hoje em São Paulo, e há outros milhares pelos rincões do Brasil.

Com nosso encontro, desejamos que essa rede pela leitura possa se re-conhecer, procurando de forma conjunta construir entendimentos – ou mesmo divergências – que enriqueçam as respostas  para a questão que nos envolve:
E aí, Biblioteca pra Quê?