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'O Inferno São os Outros' – Sartre continua nos palcos do Sesc

O elenco em cena durante o espetáculo<br>Foto: Gabriela Ramos
O elenco em cena durante o espetáculo
Foto: Gabriela Ramos

Após estreia nacional em julho, na unidade Santo André, a história, intitulada originalmente como Huis Clos e escrita por Jean-Paul Sartre em 1944, está agora em cartaz no Sesc Santo Amaro, de 4 a 27/out

Muitos conhecem o perfil de Sartre como filósofo, escritor e crítico francês, no entanto, poucos sabem como nasceu um dos textos mais conhecidos da dramaturgia. Escrita ainda durante a Segunda Guerra Mundial e devido às dificuldades do período, a peça teve muitos elementos cênicos restringidos. Caber em qualquer espaço e viajar com uma equipe pequena era uma das necessidades que justificavam o formato.

A EOnline conversou com o diretor Caco Ciocler que respeitou a montagem original da peça e falou um pouco sobre o foco principal e o resgate do trabalho de ator. “...No espetáculo não há cenário, elementos cênicos, não tem trilha sonora ou efeitos”, explica Caco falando sobre a essência da peça e o trabalho dos atores nesta montagem.

O diretor contou ainda sobre a contemporaneidade do texto escrito há tantos anos e encenado milhares de vezes em todo o mundo. A obra trata também do “outro” nos dias atuais, em que aparentemente as diferenças já não são mais um problema, um mundo no qual as pessoas buscam semelhanças e querem estar cada vez mais conectadas umas as outras. Na verdade, os tempos mudam, mas o inferno continua o mesmo na medida em que as pessoas buscam se reconhecer por meio do outro. “Esse é o verdadeiro inferno, você não se sente refletido e perde completamente a noção de quem é você”, conclui Caco.

Durante os ensaios e as apresentações, o ator e diretor explica que não teve nenhum tipo de laboratório para inserir os atores no universo de Sartre, porém faz um trabalho constante com o elenco para que o espetáculo não perca sua essência e vire simplesmente um jogo de atuação, “...a reação é a partir da não ação do outro”, explica.

O inferno onde os personagens estão confinados não tem itens que remetam ao inferno imaginário da maioria das pessoas, tem ares de salão clássico. “...acho que Sartre tira um sarro mesmo com esta expectativa do que seria o inferno”. “O inferno é uma sala, não tem labareda, não tem diabinha, nem diabinho, não tem fogo. O inferno são os seres humanos confinados entre si", conta Caco.

A seguir, você pode assistir aos principais trechos da entrevista:

o que: No Exit – Entre quatro paredes
quando:

de 4 a 27/10

onde:

Sesc Santo Amaro