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Pesquisa: Idosos no Brasil - Vivências, desafios e expectativas na 3ª idade

Em maio de 2007 a Fundação Perseu Abramo (FPA) por meio de seu Núcleo de Opinião Pública, em parceria com o Sesc Nacional e Sesc em São Paulo, publicou a pesquisa Idosos no Brasil - Vivências, desafios e expectativas na 3ª idade.

Desde a reformulação dos sites da FPA (2012) e do Sesc em São Paulo (2013), muitas pessoas entraram em contato, pois não conseguem acessar o material, disponível desde 2007. Os sites de busca não indexaram as publicações antigas, o que dificulta ainda mais o acesso.

Por isso e também pela relevância e atualidade dos temas e análises, a EOnline disponibiliza as informações e links para download de cada capítulo (que estão no site da FPA).

Clique nos links abaixo para navegar pela pesquisa:

apresentação             prefácio Sesc             metodologia             resultados
apresentação

A coordenação da pesquisa coube ao cientista político Gustavo Venturi e à socióloga Marisol Recamán.

Data do campo: 01 a 23 de abril de 2006.

O envelhecimento da população é uma realidade e aponta seu crescimento de 8% para 16% nos próximos 25 anos. Essa situação ela tem sido motivo de preocupação para as organizações que tratam da questão dos idosos e para aqueles que se dedicam à formulação de políticas públicas no país.

A Fundação Perseu Abramo e o SESC juntaram-se para realizar a pesquisa Idosos no Brasil - Vivências, desafios e expectativas na 3ª idade que teve como principais objetivos ouvir dos próprios idosos como estes se sentem a respeito de sua idade e de sua inserção na sociedade. Ao mesmo tempo era necessário ouvir os não idosos sobre suas expectativas em relação ao envelhecimento e seu comportamento em relação aos idosos de hoje.

Os resultados - apurados a partir dos questionários respondidos por 3.759 brasileiros e brasileiras, distribuídos nas cinco regiões do país – demonstram a falta de informação na sociedade sobre a velhice e sobre as reais necessidades dos idosos, sejam elas físicas, morais, sociais, culturais. e/ou de garantia de direitos. Os resultados também apresentam dados sobre o preconceito existente, porém nem sempre identificado pelos idosos; a violência contra o idoso, praticada na esfera doméstica e pública, e, principalmente, as demandas específicas como saúde, lazer, educação e outras. Estas sinalizam para que áreas os poderes executivos, legislativos e Judiciário devem direcionar suas iniciativas. E essa é uma das mais importantes conclusões da pesquisa: a população idosa no país tem demandas específicas e reais.

a parceria
No caso da pesquisa sobre idosos a parceria da FPA com o SESC foi fundamental. Uniram-se a experiência do Núcleo de Opinião Pública da FPA para investigar os mais diversos segmentos da sociedade brasileira e o trabalho de mais de 40 anos realizado pelo SESC em todo o país. O SESC socializou seu conhecimento, sua experiência e sua rede de colaboradores para a formulação da pesquisa cujos resultados poderão oferecer elementos para a realização de ações concretas dirigidas ao público idoso em todo o país.

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prefácio SESC

Para viabilizar a pesquisa “Idosos no Brasil”, a Fundação Perseu Abramo e o SESC, por meio de seu Departamento Nacional e do Departamento Regional de São Paulo, uniram-se em torno de um objetivo comum: dar voz aos brasileiros da Terceira Idade, investigando suas percepções em relação ao envelhecimento e ao contexto social em que estão inseridos, indo além de um mero perfil sociodemográfico e descrevendo alguns aspectos da condição de vida dos idosos. Cumprida a tarefa, esperamos agora que a ampla divulgação dos resultados deste levantamento possa colaborar para a reflexão sobre a urgente necessidade de revermos as políticas públicas para o setor. A partir de um debate nacional poderão surgir novas propostas de valorização da pessoa idosa que se concretiza pelo aproveitamento de seu saber, mas que também lhe faça justiça, contemplando a possibilidade de uma vida digna na velhice.

De 01 a 23 de abril de 2006, foram entrevistadas 2.136 pessoas com 60 anos ou mais. Como se pretendeu também investigar a imagem que os mais jovens têm da velhice e do envelhecimento, foram entrevistadas 1.608 pessoas de 16 a 59 anos de idade. A investigação foi realizada em 204 municípios pequenos, médios e grandes de todas as regiões do país.

A seguir, são ressaltados alguns resultados da pesquisa que chamam a atenção por seu caráter inusitado e/ou pelos impactos sobre as futuras gerações de idosos. Como os dados são muito numerosos, trata-se apenas de uma pequena seleção que visa aguçar a curiosidade dos leitores e estimulá-los a conhecer mais amplamente o rico material que foi apurado.

Entre a população idosa, o analfabetismo funcional totaliza 49%. 23% declaram não saber ler e escrever o próprio nome. Esse fato nos faz pensar sobre a urgência de uma política educacional para o segmento etário. Afortunadamente, as novas gerações são bem escolarizadas, fato que mudará o perfil dos futuros idosos, nesse aspecto.

No entanto, um outro dado poderá ter um efeito negativo no futuro: um terço da população brasileira (35%) não tem filhos, enquanto que entre os idosos apenas 6% não tiveram filhos. Essa drástica diminuição da fecundidade poderá criar antagonismos entre, de um lado, idosos e seus filhos e, de outro, idosos sem filhos, potencialmente vistos como uma sobrecarga ao sistema previdenciário. Cenário que poderá configurar possíveis conflitos intra e intergerações.

A ampliação de aposentadorias, pensões e benefícios permite entender o expressivo índice (92%) de idosos com alguma fonte de renda. Embora ainda haja muito a fazer por uma valorização social do idoso, certamente sua posição de colaborador financeiro, ou até mesmo de provedor principal, incrementa sua importância no núcleo familiar.

A imagem de velhice está principalmente associada a aspectos negativos, tanto para os próprios idosos (88%) como para os não idosos (90%). Dentre esses aspectos, as doenças, as debilidades físicas, o desânimo e a dependência física são os principais sinais de que a velhice chegou, numa clara tendência em estereotipar o envelhecimento como período somente de perdas. Contraditoriamente, quando perguntados como se sentem com a idade que têm, a maioria dos idosos responde positivamente (69%), destes, 48% se dizem satisfeitos ou felizes. Uma política de valorização do idoso passa pela argumentação de que algumas perdas inexoráveis do processo de envelhecimento podem ser compensadas ou serem objeto de adaptações, ainda que parcialmente, por outros fatores passíveis de desenvolvimento nessa fase da vida.

Para uma expressiva maioria dos não idosos (85%) e dos idosos (80%) existe preconceito contra a velhice no Brasil. Mas poucos brasileiros admitem ser preconceituosos em relação à velhice: apenas 4% dos não idosos. Essa gritante contradição, já encontrada em outras pesquisas sociais, nos mostra que o preconceito é geralmente visto como um problema alheio.

O Estatuto do idoso, importante ferramenta de defesa de direitos sociais, é mais conhecido entre os mais jovens. Enquanto 18% dos não idosos desconhecem essa lei, 27% dos idosos revelaram desconhecimento total a respeito. Esse fato coloca à sociedade brasileira um importante desafio, se pensarmos que a inclusão social depende não somente do acesso à informação, como também da capacidade de processá-la. Cabe aqui lembrar o alto índice de analfabetismo funcional dos idosos, e a urgência no estabelecimento de uma política educacional.

A violência contra o idoso é preocupante. 35% dos idosos declararam já terem sofrido algum tipo de maus tratos (ofensas, tratamento com ironia, humilhação devido à idade, recusa de emprego, falta de acesso a remédios, apropriação indevida de bens, lesão corporal etc.). Essa questão ressalta a importância do desenvolvimento de mecanismos sociais de vigilância, mas também da conscientização por parte do idoso de outras formas de violência em seu cotidiano (p.ex. precariedade de serviços), sobretudo quando envolve idosos em condições vulneráveis de saúde e financeiras.

Na área de saúde, 26% das mulheres da Terceira Idade nunca fizeram exames ginecológicos e 42% dos homens idosos nunca fizeram o exame de próstata. Considerando a virulência desse tipo de câncer, pode-se concluir o quanto deve ainda ser feito em campanhas nessa área.

Campanhas televisivas, por exemplo, podem produzir bons resultados, já que dois terços dos idosos (65%) têm a TV como principal meio de informação. Também o rádio (26%) e, sobretudo, a conversa com outras pessoas (39%) são fontes significativas de obtenção de conhecimento e, por isso, devem ser consideradas em campanhas de esclarecimento.

Sabemos que hoje a inclusão social passa também pela chamada inclusão digital e nesse campo há muito a realizar, pois apenas 10% dos idosos afirmam usar o computador e destes apenas 3% declaram usá-lo sempre, enquanto que 7% o fazem ocasionalmente. Em relação à internet ocorre algo semelhante: apenas 4% a utilizam, sendo que destes somente 1% o fazem constantemente. Atento a essa necessidade, o SESC São Paulo há alguns anos desenvolve cursos e oficinas de informática em seu programa Trabalho Social com Idosos.

Para encerrar esse “breve resumo” de resultados, mais uma boa notícia: metade dos idosos brasileiros costuma fazer caminhadas. Mas há ainda aqueles que se dedicam à ginástica, passeio de bicicleta, entre outras atividades físicas. Se pensarmos nos prejuízos que o sedentarismo impõe à saúde, constatamos uma evolução positiva nos hábitos de vida da Terceira Idade.

Por fim, como dissemos, a investigação foi realizada não somente junto aos idosos. Também os mais jovens foram inquiridos sobre como percebem a velhice e o fenômeno do envelhecimento em seus mais diversos aspectos e circunstâncias. Num tempo que tem se caracterizado pelo distanciamento entre as gerações, conhecer opiniões e estereótipos relativos à condição etária pode ser uma boa oportunidade para pensarmos políticas de aproximação entre jovens e velhos na perspectiva de formação de uma cultura solidária. Como respostas concretas a tais demandas, o SESC, por meio de seu Departamento Nacional criou o projeto “Era Uma Vez... Atividades Intergeracionais” que se desenvolve em diversos Departamentos Regionais, e o SESC São Paulo está implantando o programa SESC Gerações, cujo objetivo é o fomento de processos de trocas afetivas e de co-educação.

Ao estabelecer a parceria com a Fundação Perseu Abramo na realização dessa pesquisa, o SESC procura se manter coerente com sua política em favor dos cidadãos idosos de nosso país. Há 44 anos iniciamos o Trabalho Social com Idosos, programa pioneiro, e prosseguimos nesta jornada porque acreditamos que a emergência do Brasil ao chamado Primeiro Mundo passa também pela dignificação de seus velhos.

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metodologia

Universo: população brasileira urbana adulta (16 anos e mais), dividida em dois sub-universos, o da terceira idade (60 anos e mais) e o de jovens e adultos (16 a 59 anos).

Amostragem: probabilística nos primeiros estágios (sorteio dos municípios, dos setores censitários e domicílios), combinada com controle de cotas de sexo e idade (Censo 2000, estimativa 2005, IBGE) para a seleção dos indivíduos (estágio final). A amostra foi estratificada pelos sub-universos, com 2.136 entrevistas com idosos e 1.608 com o restante da população, totalizando 3.759 entrevistas.

Dispersão geográfica: 204 municípios (pequenos, médios e grandes), distribuídos nas cinco macro-regiões do país (Sudeste, Nordeste, Sul, Norte e Centro-Oeste).

Abordagem: domiciliar, com aplicação de questionários estruturados, que somaram 155 perguntas dirigidas aos idosos (cerca de 350 variáveis) e 75 perguntas aos não idosos. Para evitar tempo médio de entrevista muito superior a uma hora de duração, a amostra dos idosos foi dividida em duas (A e B), com dispersão idêntica, aplicando-se 40 perguntas em comum a ambas e distribuindo-se as demais 115 perguntas em dois questionários.

Margens de erro: para os resultados no sub-universo da terceira idade, até ± 2 pontos percentuais nas perguntas aplicadas nas amostras A e B, e de até ± 3 p.p. nas perguntas aplicadas apenas nas amostras A ou B (1.071 e 1.065 entrevistas, respectivamente); até ± 2,5 p.p. para os resultados no sub-universo de 16 a 59 anos (Amostra C) e também para os resultados com a amostra total ponderada (desenho nacional de 1.831 entrevistas), sempre com intervalo de confiança de 95%.

Data do campo: 01 a 23 de abril de 2006

Iniciativa: Fundação Perseu Abramo (FPA)
Parcerias: SESC Nacional e SESC São Paulo

Responsabilidade técnica: Núcleo de Opinião Pública da FPA, sob a coordenação do cientista político Gustavo Venturi e da socióloga Marisol Recamán. Analista, Vilma Bokany; processamento de dados, Rita Dias.

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resultados

Os resultados completos da pesquisa estão disponíveis para download abordando estes temas:

- Perfil sociodemográfico dos idosos brasileiros
- Percepção da 3ª idade e auto-imagem do idoso
- Estatuto do idoso, direitos e violações
- Saúde
- Acessibilidade
- Educação, formação e informação
- Tempo livre e lazer
- Fonte de renda e percepções da aposentadoria
- Relações familiares e de amizade
- Instituições de longa permanência
- Percepções da morte

 

Clique aqui para ter acesso aos resultados da pesquisa de 2020.

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