Sesc SP

Matérias do mês

Postado em

O menino que não queria ser jogador de futebol

Santidio mostra seu caderno de aquarelas que fez nas férias com as paisagens do Piauí
Santidio mostra seu caderno de aquarelas que fez nas férias com as paisagens do Piauí

Primeiro veio sua mãe. Ela precisava tentar a vida na cidade grande, mas não queria trazer seus filhos enquanto não se estabelecesse. Eles, que estavam com os avós ainda no Piauí, vieram aos poucos, até chegar a vez de Santidio, o caçula da família.

Santidio Pereira aprendeu sobre arte quase sem querer. Sua mãe o matriculou no Instituto Acaia, ONG sem fins lucrativos que oferece atividades sócio-educativas para crianças e adolescentes na zona norte de São Paulo, e ele entrou no curso de marcenaria. Aos 6 anos, ele começou a fazer amizade e, enturmando-se, passou a frequentar outras aulas: desenho, cerâmica, pintura e, finalmente, xilogravura.

Pela conversa com o jovem artista de 20 anos parece ter sido amor à primeira vista. Foi o único aluno a frequentar todas as aulas e, por isso, suas aulas com o professor eram particulares e ambos estudavam e aprendiam juntos. E essa experiência fez até Santidio chegar a participar de uma exposição na Galeria Estação.

Hoje seus sonhos são modestos: se ganhar dinheiro mesmo vai comprar um apartamento para a mãe. Afinal, como diz, é novo e ainda pode trabalhar muito.

Um dia, talvez daqui há 5 anos se tudo correr bem, ainda volte para o Piauí. Mas dessa vez não será para passar as férias, e sim para construir sua vida e se inspirar todos os dias – ou, como não acredita em inspiração, vai dormir bem, longe da violência e do tráfico de onde mora hoje em São Paulo, vai comer bem e trabalhar bem, tudo com sua paisagem preferida ao redor.