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A gente tem muita coisa a dizer

Foto: Fernando Bisan
Foto: Fernando Bisan

O coletivo #AsMinaéZika veio ao Sesc Campinas no último sábado, 4 de março, para mostrar que o lugar da mulher pode ser onde ela quiser. Grafiteiras, DJ’s, MC’s e B Girls mostraram seu talento nas quatro esferas do Hip Hop e levantaram questões relacionadas à periferia, ao machismo e ao empoderamento feminino dentro desse gênero.

#AsMinaéZica

De acordo com a DJ Alessandra Pagu, idealizadora do grupo, não é fácil ganhar espaço no Hip Hop, já que o gênero é ocupado em grande parte pelos homens. “Para você entrar no espaço do Hip Hop você precisa que algum homem te dê licença, ou te chame. Então para não haver isso as mulheres começaram a se unir”, conta.

Dessa união surgiu em Campinas o coletivo, que já realizou diversos festivais, shows e oficinas para trazer mais mulheres a esse universo. Segundo a MC Nega May, o propósito desses eventos não é proibir a participação masculina, mas deixar que as mulheres sejam as protagonistas.

A gente faz o ‘rolê’ do #AsMinaéZika, tudo isso para as ‘minas’ poderem ter voz, e os caras chegam e querem cantar, eles querem mandar o som e a gente fala: meu, desculpa, mas hoje o rolê é só das minas. A gente luta mais por uma questão de igualdade entre homem e mulher”, afirma.

Para a também MC Jenny, além da importância de trazer mais mulheres para essa área, é fundamental que o Hip Hop ocupe outros espaços que não só a periferia: “Eu jamais imaginava cantar em lugares como esse [Sesc]. Para mim eu ia cantar só em ‘quebrada’. Mas só de você ver a cara que olham para você quando você começa a cantar, eles veem que a mensagem não é o que eles achavam que é, que é coisa de maloqueiro, coisa de preto, favelado e drogado. Não é nada disso. Se parar para pensar, se parar para ouvir bem, a gente tem muita coisa a dizer”, conclui.

Hip hop e ativismo feminista na programação musical do Sesc Campinas

E não só o coletivo tem muito a dizer, como também as artistas de hip hop que estão com atrações programadas para o mês de março. Neste mês, o Sesc Campinas vai ampliar o debate sobre questões como machismo, direito das mulheres e gordofobia, e, para isso, traz artistas mulheres que, por meio do hip hop, se posicionam sobre esses assuntos.

Neste sábado, 11/3 às 16h30, quem se apresenta é a MC Bárbara Sweet, no Jardim do Galpão, com entrada gratuita. Nascida em Belo Horizonte (MG), Bárbara iniciou a carreira no Hip Hop em 2003. Já em 2012, ela passou a se dedicar também às batalhas de rima e promover o debate em relação a questões que envolvem os direitos das mulheres. Atualmente, a MC está gravando seu primeiro disco: "D.O.C.E. - Dose Ostensiva de Caligrafia Explícita".

Já no sábado seguinte, 18/3, é a vez da cantora Tássia Reis agitar o Jardim do Galpão às 16h30, com entrada gratuita. A artista se revelou no hip hop em 2014 e desde então marca presença no cenário da música independente, com repertórios que valorizam principalmente o protagonismo da mulher negra. Em sua bagagem musical, conta com influências de R&B, Jazz e MPB. Nesta apresentação, traz canções de seu novo álbum “Outra Esfera”.

Para fechar o mês, no sábado, 25/3, as MC’s Sara Donato e Issa Paz vem para quebrar preconceitos em relação a padrões estéticos. Com o disco ‘Rap Plus Size’, as artistas uniram-se em 2016 para debater questões relacionadas ao machismo e à gordofobia [aversão/repulsa a pessoas gordas]. O álbum conta com a participação de músicos como Luana Hansen, Preta Rara, Souto MC e Tássia Reis. A apresentação acontece na Área de Convivência às 16h30 e é gratuita.