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Ainda somos tão jovens

A vida adolescente no Teatro: espetáculos discutem temáticas jovens
A vida adolescente no Teatro: espetáculos discutem temáticas jovens

Com espetáculos teatrais trazendo jovens como protagonistas ou abordando temas sobre a juventude, o Sesc Santo Amaro apresenta de 10 de março a 16 de abril a Mostra Somos Tão Jovens, onde os espetáculos Kiwi, Tiros em Osasco e Sobre Cartas e Desejos Infinitos, retratam a vida de adolescentes por meio de questões sociais, gêneros e existenciais, convidando o público a refletir sobre o assunto. 

Kiwi

Uma órfã de 12 anos vive sob os cuidados de seus tios na periferia de uma grande metrópole. Com a chegada dos Jogos Olímpicos, as autoridades realizam uma grande limpeza social para a construção de estádios e outros edifícios para o evento. Moradias destruídas, moradores expulsos e miseráveis exterminados. A garota é abandonada por seus tios em uma praça pública e acaba sendo levada pela polícia. No abrigo-prisão, ela conhece a Família Verde: uma turma de crianças e adolescentes que assumem nomes de frutas e legumes. Eles acolhem a novata, desde que ela respeite suas regras: esquecer seu antigo nome e colaborar para subsistência do grupo por todos os meios.

Kiwi é uma obra do dramaturgo franco-canadense Daniel Danis, que estreou no Canadá em 2007 e já foi montada na Alemanha, França, México e Hungria. Recebeu três prêmios internacionais de dramaturgia: Louise - LaHaye e AbitibiBowater, no Canadá, e Deutscher Jugendtheaterpreis, na Alemanha. Lucianno Maza assina a primeira tradução da peça para a língua portuguesa.
Rita Batata, a protagonista, levou o Prêmio São Paulo de Incentivo ao Teatro Infantil e Jovem (FEMSA/Coca-Cola) na categoria melhor atriz. Na mesma premiação, o espetáculo foi indicado às categorias melhor figurino e melhor espetáculo jovem. Também recebeu três indicações ao Prêmio Aplauso Brasil (melhor iluminação, melhor trilha sonora e melhor espetáculo de produção independente).

De 10 a 19/3. Sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h30.

Relatos de jovens que assistiram

Everton Azevedo, de 18 anos, integrante do grupo Juventudes do Sesc Santo Amaro, assistiu a peça e nos escreveu sobre sua percepção.

Um metro quadrado: Será este o tanto de direitos e expressões assegurado às juventudes?
O texto de Daniel Danis, traduzido e montado por Luciano Maza, prova que teatro não se dá somente em agigantadas arquiteturas, mas que, mesmo com "pouco" - um tablado, falas de literária dicção, três presenciais e simbólicas cores, poéticos leitmotivs e alguma música de receoso tom -, tal é sua expressão que não nos causa menos que uma catarse, pesando a respiração e, quando não, fazendo-nos verter pontuais lágrimas, arregaladas ante a sucessão de verdades encenadas no palco, as quais preferir-se-ia jamais saber. Contudo, saímos do teatro algo resignados, pois, ao menos não de todo - diz-se de si para consigo, reavendo a automática respiração - ao menos não de todo exterminaram a infante resiliência de Kiwi e Lichia. Então calamos fundo: preferir-se-ia jamais saber.
Se as crianças são, como dizem, o futuro, que futuro, então, será esse?
Ai de todos nós.

Outro adolescente, Lucas Ferreira, 18 anos, também contribuiu com seu olhar:

Kiwi. A obra é amarga, mas tão rica e apetitosa quanto a própria fruta. É um espetáculo completo, com cada elemento cênico construindo uma atmosfera ambígua, beirando o niilismo do próprio enrredo. E o ritmo das falas dados em versos e metaforas, questões como a infância, família, a construção de pessoas e a deturpação de valores arcaicos são balançados com personagens densos, mesmo que breves. Kiwi é forte, amargo, cheio de sorrisos banhados em lágrimas, e de uma performance digna dessas lágrimas. Bom apetite.

Tiros em Osasco

Essa história que aconteceu em Osasco. O que você acha?
A pergunta referente à chacina ocorrida em agosto de 2015 é o disparo inicial para a narrativa apresentada em cenas curtas, nas quais são retratados fragmentos da vida de jovens de classe média e seus apartamentos perdidos em uma grande cidade. O espetáculo narra situações cotidianas vividas pelas personagens e expõe com dureza seus pensamentos e opiniões – geralmente atravessados pelo preconceito e pela intolerância.

Um espetáculo que se passa em São Paulo, mas que não necessariamente fala sobre a cidade. Um elenco de jovens atores, envolvendo personagens que são jovens, mas que não quer ser o retrato de uma geração. Quer antes mostrar situações de uma esfera privada, que dizem respeito a afetos, modos de controle e opressão na vida social.
O elenco é oriundo do Núcleo Experimental de Artes Cênicas do Sesi-SP, que agora amplia sua encenação em palco italiano.

De 24/3 a 2/4. Sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h30.

Sobre Cartas & Desejos Infinitos

Rafael é um adolescente de 15 anos que vive entre a felicidade e a tristeza. Ele acaba de entrar no colegial, enquanto se recupera de uma de­pressão pela perda de seu único amigo. Tateando territórios inexplorados, preso entre o desejo de viver a própria vida e, ao mesmo tempo, assisti-la. Mas Rafael conhece Theo e Ana, que o ajudam com as dificuldades do ambiente escolar, as descobertas dos primeiros encontros amorosos, os dramas familiares, as festas alucinantes e a vontade de se sentir infinito. Um jovem que não se sabe quem é ou onde mora. Mas que poderia ser qualquer um, em qualquer lugar do mundo.

“Sobre Cartas & Desejos Infinitos”, de Ana Luiza Garcia, é uma adaptação livre do romance “The Perks of Being a Wallflower”, best-seller de Stephen Chbosky, traduzido para o português como “As Vantagens de Ser Invisível”. Para discutir as questões apontadas no livro, que também já virou filme, o Armazém Cultural SP formou um grupo de atores, que lidam com esses temas de maneira séria, porém divertida.

De 7 a 16/4. Sextas e sábados, às 20h. Domingos, às 18h30.

Programa Juventudes

Destinado a adolescentes e jovens com idades entre 13 e 29 anos, o Programa Juventudes desenvolve ações artísticas e socioeducativas que buscam, entre outras coisas, a ampliação do repertório cultural, estímulo à convivência, formação de vínculos e respeito à diferença, valorizando o jovem como protagonista.


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