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Garoa Hacker Clube: Tecnologia e colaboração
O grafite de um guarda-chuva no muro de um pequeno portão em Pinheiros indica que cheguei ao endereço certo: O Garoa Hacker Clube. O guarda-chuva é o logotipo do espaço, símbolo em referência à cidade “terra da garoa” que abriga o clube.
Um extenso e estreito corredor dá acesso à uma ampla e antiga casa nos fundos, com cozinha, laboratório de eletrônica, uma biblioteca/ludoteca (sala de livros e jogos), sala de convívio multiuso, depósitos e estúdio. Nas paredes, os desenhos de figuras que vão de Star Wars à criptografia não deixam dúvidas que estamos em um ambiente de apaixonados por tecnologia e cultura hacker.
Um pequeno grupo já se reúne e discute ideias enquanto aguardo a chegada dos anfitriões Maurício Mudrik, João Adriano e Mike Howard.
O Garoa e o processo criativo
Embora seja mantido com mensalidades pagas pelos voluntários, o Garoa é aberto para todos, disponibilizando espaço e infraestrutura para que amantes de tecnologia realizem projetos em áreas tão diversas como hardware, biologia, música, segurança, artes plásticas, e eletrônica, entre outras.
“O Garoa é um clube, então encontramos pessoas de todos os estilos, com diferentes formações e conceitos, e essa diversidade é justamente o que torna o Garoa interessante, pela liberdade que você tem para falar o que pensa mas também encontrar pessoas com pensamentos diferentes do seu”, disse Maurício. Sobre o processo criativo, Michael explica que as pessoas chegam ao Garoa muitas vezes por meio da curiosidade despertada por algum conteúdo que viram na internet (como no Youtube). "Chegando aqui, acabam querendo descobrir como a coisa funciona, quais os componentes necessários, quais as técnicas que precisam dominar para construir aquilo... E com isso, acabam descobrindo outras técnicas que não conhecem, e na troca de ideias, muitas vezes outras pessoas passam a colaborar, e nisso surgem os projetos conjuntos", diz.
Hackers
Mas afinal, quem são os hackers?
O termo, que acaba muitas vezes sendo associado a práticas de invasão de sistemas, na verdade remete aos anos 50, e tem como significado a capacidade de transformação. O Garoa não incentiva a prática de atividades ilícitas.
Michael explica uma definição de hackers. “Uma que ouvi recentemente e gostei, é que ser hacker é conseguir dar propósitos diferentes, não intencionados, para algo que foi projetado para outra finalidade, como por exemplo converter um gravador em um amplificador de som, pegar uma câmera e converter em um microscópio...”, disse.
Para Maurício, há um mito envolvido na ideia de hackers. “Uma grande parte das pessoas que frequenta aqui é formada em exatas, mas eu, por exemplo, sou formado em Comunicação Social, e com frequência temos eventos que não tem nada a ver nem com eletrônica ou programação”, disse.
Biohacking
O adesivo “Gota Serena - A Cerveja do Garoa Hacker Clube” mostra que ali também é praticado o Biohacking, prática de relacionar a biologia à ética hacker por meio da criação e desenvolvimento de projetos ligados à biotecnologia . "Umas das coisas que a gente já fez aqui várias vezes é a fabricação de cerveja, de vários gêneros, pelo menos 4 ou 5 tipos. Existem biohackers, inclusive da USP, que gostam de estudar e experimentar coisas ligadas ao plantio, automação...”, disse Maurício.
Hackerspace Itinerante
No Sesc Itaquera, os participantes poderão conhecer atividades típicas de hackerspaces, como oficinas de experimentação de tecnologias, instalações interativas e espaço para trocas de ideias e experiências. Em paralelo, haverá a exposição “Robôs, Impressoras 3D e Brinquedos Mecatrônicos” e um bate-papo sobre a história do Arduino.
“O hackerspace itinerante oferece um espaço de compartilhamento de informações, e os conhecimentos adquiridos aumentam o nível de liberdade das pessoas”, complementa Maurício.
Confira a galeria de fotos do Garoa Hacker Clube
Created with flickr slideshow.
Reportagem: Junior Pacheco, Editor Web do Sesc Itaquera.