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O teleteatro no Brasil


Lilian Lemmertz em cena, no Teleteatro Vestido de Noiva, com direção de Antunes Filho.

 

Com a chegada da televisão no Brasil, durante a década de 1950, os teleteatros, peças teatrais transmitidas ao vivo, tornaram-se populares no país. A extinta TV Tupi, em São Paulo, de estrutura semelhante as dos grandes estúdios de cinema brasileiros, com câmeras, refletores e cenários, deu início às transmissões televisivas. Havia um desejo dos empresários da época em criar uma TV com um conteúdo cultural e artístico, que encontrou no teleteatro o formato ideal para explorar uma linguagem construída a partir da ficção, com os atores encenando ao vivo. Foram mais de 400 produções baseadas em espetáculos, romances e contos, de autores como Flaubert, Goethe, Dostoievsky, Tennessee Williams, Machado de Assis e José de Alencar.

A vida por um fio, de Cassiano Gabus Mendes, foi o primeiro teleteatro produzido no Brasil, uma tradução e adaptação do filme Sorry, Wrong Number, de 1948, dirigido por Anatole Litvak. Além de Mendes, outros nomes surgiram nesse período, como o do paulistano José Alves de Antunes Filho. Ele iniciou sua carreira no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) onde aprendeu observando os trabalhos de diretores estrangeiros, contratados para desenvolver e especializar a equipe da companhia. Sua estreia profissional aconteceu somente em 1953, ao dirigir uma das primeiras produções de teleteatro na América do Sul para a TV Tupi, o Week-end, com Nicete Bruno e Paulo Goulart, seu primeiro sucesso.

Nos anos de 1960 e final de 1970, Antunes participou do movimento de renovação cênica que fazia uma dramaturgia social e política, defendendo a igualdade entre os brasileiros. Já em 1974, em uma nova experiência com a telenovela, ele adaptou e dirigiu Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues. Mas foi com a montagem Macunaíma (1980), que diretor recebeu reconhecimento por criar um novo e ousado processo de criação. Antunes se propôs a construir uma dramaturgia a partir de um texto literário, não mais de um universo de um texto dramático. Em 1982, o diretor criou o Centro de Pesquisas Teatrais (CPT), no Sesc Consolação. O grupo, que ele dirige até hoje, tem por objetivo a produção, formação e desenvolvimento de novos conceitos e exercícios, na busca do refinamento de um método próprio de interpretação para o ator.

 

Vestido de Noiva por Antunes Filho

O SescTV exibe no dia 10, às 23h uma adaptação da obra de Nelson Rodrigues gravada para a TV Cultura. A trama se baseia em uma disputa entre duas irmãs pelo mesmo homem. Uma delas, Alaíde, personagem voluntariosa e arrogante, conquistou Pedro, o namorado da irmã, Lúcia. Alaíde morre tragicamente em um acidente. Quando é levada ao hospital e, enquanto os médicos tentam salvá-la, ela protagoniza um tipo de viagem interior, uma jornada psíquica, em que resgata seu passado e as figuras humanas que exerceram papéis decisivos em sua constituição. A imposição do casamento, o desejo de vingança e a morte permeiam as relações dos personagens interpretados por Nathália Timberg, Lilian Lemmertz, Edwin Luisi, Célia Olga, Hilda Hasson, Luiz Carlos de Moraes e Paco Sanchez. 

 


VESTIDO DE NOIVA
Dia 10, 23h
Direção Geral: Antunes Filho
Classificação: 14 anos