Postado em 07/03/2017
Primeiro veio sua mãe. Ela precisava tentar a vida na cidade grande, mas não queria trazer seus filhos enquanto não se estabelecesse. Eles, que estavam com os avós ainda no Piauí, vieram aos poucos, até chegar a vez de Santidio, o caçula da família.
Santidio Pereira aprendeu sobre arte quase sem querer. Sua mãe o matriculou no Instituto Acaia, ONG sem fins lucrativos que oferece atividades sócio-educativas para crianças e adolescentes na zona norte de São Paulo, e ele entrou no curso de marcenaria. Aos 6 anos, ele começou a fazer amizade e, enturmando-se, passou a frequentar outras aulas: desenho, cerâmica, pintura e, finalmente, xilogravura.
Pela conversa com o jovem artista de 20 anos parece ter sido amor à primeira vista. Foi o único aluno a frequentar todas as aulas e, por isso, suas aulas com o professor eram particulares e ambos estudavam e aprendiam juntos. E essa experiência fez até Santidio chegar a participar de uma exposição na Galeria Estação.
Hoje seus sonhos são modestos: se ganhar dinheiro mesmo vai comprar um apartamento para a mãe. Afinal, como diz, é novo e ainda pode trabalhar muito.
Um dia, talvez daqui há 5 anos se tudo correr bem, ainda volte para o Piauí. Mas dessa vez não será para passar as férias, e sim para construir sua vida e se inspirar todos os dias – ou, como não acredita em inspiração, vai dormir bem, longe da violência e do tráfico de onde mora hoje em São Paulo, vai comer bem e trabalhar bem, tudo com sua paisagem preferida ao redor.