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Central Saint Martins e Sesc São Paulo: conheça Priscila Rezende, selecionada para a Residência Artística em performance

Priscila Rezende na performance
Priscila Rezende na performance "Ties". Foto: Luiza Palhares

“Ser uma mulher negra latino-americana é algo realmente especial, que aparece de maneira forte no meu trabalho. Limitações, preconceitos e a presença dos negros na sociedade brasileira sempre foram evocados na minha produção”. É desta forma que a artista mineira Priscila Rezende introduz a sua trajetória. 

Em agosto deste ano, Priscila foi selecionada, dentre mais de 200 inscritos, na convocatória do Sesc e da britânica Central Saint Martins – parte da University of the Arts London (UAL), uma das principais referências mundiais no ensino de arte e design – para uma residência artística em performance. A seleção foi feita por uma banca de especialistas mista, composta por membros brasileiros e ingleses.

Sobre o processo de seleção, Juliana Braga de Mattos, gerente de Artes Visuais e Tecnologia do Sesc São Paulo, comenta que “a partir do universo de inscritos, tivemos uma ampla visão de artistas emergentes dedicados à performance no Brasil. Priscila Rezende destacou-se pela presença vigorosa de seu corpo em performance, bem como por sua consciência crítica em relação a temas sociais e históricos, como a desigualdade e o racismo - questões que também figuram como pauta fundamental da ação do Sesc". 

A seguir, a artista selecionada detalha as reflexões que norteiam a sua produção e conta como pretende aprofundá-las durante o programa de residência, que ocorrerá em Londres de 15 de janeiro a 9 de fevereiro de 2018:

 

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“Comecei a trabalhar com performance em 2010 e, desde então, meu corpo tem sido meu principal objeto e mídia para criar e expressar perguntas, dúvidas, minha visão sobre o mundo em que vivemos e, especialmente, minha condição específica à frente deste mundo (...). Vejo o meu trabalho como uma arma de luta contra situações de discriminação, para trazer reflexões e dar voz a algumas discussões que ainda não estão resolvidas em nossa sociedade.

Vivemos um momento efervescente, de muitas discussões sociais e políticas. O empoderamento cada dia crescente das mulheres, o engajamento quanto aos direitos humanos e femininos e os conflitos vividos por refugiados têm nos oferecido mais e mais reflexões sobre fronteiras, ocupação de espaços e esferas sociais e identidade.

Todas essas questões são muito especiais, não apenas na minha prática de arte e performance, mas, também, em minhas experiências diárias.

Esta oportunidade pode me ajudar a aprender novas formas de produção, pesquisa e processo de criação, uma vez que trabalharei com um grupo variado de pessoas e profissionais (...) Espero, também, que nesta experiência eu tenha a chance de compartilhar o que tenho pensado e criado”.

Sobre a parceria:
As cooperações entre a Central Saint Martins (CSM) e o Sesc São Paulo têm se estabelecido em um terreno bastante fértil para a construção de novos conhecimentos com base em ações práticas que se reinventam. Assim foi no projeto Campos de Preposições (2016), realizado com o coletivo O Grupo Inteiro, no Sesc Ipiranga, e  na primeira edição da residência artística em Londres, ocorrida em janeiro de 2017, da qual participou a artista Elen Braga (leia aqui seu relato sobre a experiência).