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Inclusão: Razão e Sensibilidade

Xadrez Inclusivo - foto Paola Brunelli
Xadrez Inclusivo - foto Paola Brunelli

No dia 3 de dezembro, celebra-se o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como marco para discutir, ampliar e planejar um cotidiano com maior qualidade de vida ao deficiente inserido na sociedade. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, cerca de 10% da população possui algum tipo de deficiência. Antes de mais nada, é importante salientarmos que pessoas com deficiência são, antes de mais nada, pessoas.

 

(Foto: Adauto Perin)

Quase 24% da população brasileira possui algum tipo de deficiência. Segundo o censo do IBGE de 2010, a deficiência mais recorrente no Brasil é a visual (18,6%), seguida da motora (7%), seguida da auditiva (5,10%), e, por fim, da deficiência mental (1,40%). A pergunta que devemos nos fazer é: o que estamos fazendo para facilitar o dia a dia das pessoas que não veem, ou das pessoas com dificuldades de locomoção, dos que não podem escutar ou falar?

Seguindo a direção do diálogo aberto e da conscientização, e reforçando a crença da instituição em incentivar cada vez mais a discussão sobre a inclusão, o Sesc promove a Semana Inclusiva, que acontece de 2 a 9 de dezembro em todas as unidades do estado de SP. A programação trará uma série de atividades que incentivam a cidadania de pessoas com e sem deficiências nos campos cultural, esportivo, educativo e no lazer. Oficinas, espetáculos, palestras e vivências que dialogam com o direito à cidade, a acessibilidade e a cidadania.

A diversidade ainda é um assunto tabu, contudo, é possível observarmos que essa ideia vem sendo combatida cada vez mais, por pessoas e instituições que batalham por um mundo equitativo para todos. A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada pelo Brasil é um exemplo de ação positiva neste sentido. Nota-se também uma mudança de atitude geral, o Estado e a Sociedade atual estão deixando de lado a visão assistencialista e as antigas práticas de exclusão, e cada vez mais o deficiente é protagonista, partícipe das decisões por seus direitos civis.

Atitudes relacionadas ao respeito com o próximo, e a capacidade de nos enxergarmos na pele do outros podem ser a chave para atitudes acessíveis, como por exemplo entender que todos temos o direito de ir e vir, de entrar nos lugares sem passar nenhum constrangimento; todos temos o direito nos comunicarmos, de sermos autônomos e iguais perante as leis e a sociedade. As cidades nem sempre são acessíveis para grande parte das pessoas; assim como as informações também não são. Os deficientes muitas vezes encontram barreiras culturais, físicas e de comunicação, prejudicando o exercício de sua cidadania. É muito fácil perceber isto:  já imaginou o percurso de casa ao seu trabalho, por exemplo, como seria se você não enxergasse? E sua locomoção com uma cadeira de rodas, como seria se deslocar nesse percurso? Como seria assistir tv, se você não pudesse escutar nenhum som? Quanto mais as pessoas perceberem que cidadania é um conceito amplo e muito rico, que envolve também autonomia, equidade e mobilidade de todos, mais o mundo será justo e acessível, sem distinção de usuários.

Já podemos contar hoje com diversos instrumentos e ferramentas para melhorar a vida do deficiente: áudio descrição, libras, braile, maquetes táteis, rampas de acesso com a inclinação correta, legendas em vídeos, pisos especiais com relevos, aplicativos vários, óculos com câmeras, scanners que traduzem textos sonoramente, cães-guia e muito mais. O que falta é o uso e o acesso a estes instrumentos. As leis obrigam o utilizo de várias dessas facilidades, mas como há pouca fiscalização; o deficiente ainda precisa exigir por coisas que deveriam ser um direito garantido. No Sesc Catanduva, durante as atividades da Semana Inclusiva vamos justamente receber convidados que irão tocar nesses temas, como o Beto Pereira, deficiente visual, é consultor da Associação Brasileira de Assistência ao Deficiente Visual e representante brasileiro na Associação Mundial de Cegos, sobre as dificuldades do deficiente visual e todas as possibilidades de inclusão e superação. Vamos conversar também com o professor Claudinei Coelho sobre as novas tecnologias que facilitam a vida do deficiente. Claudinei é professor, pós-graduado pela FAECA de Catanduva e UsfsCar de Lins, e mestre pela PucCampinas em Tecnologia da Informação. Atualmente, dá aulas na Fipa de Catanduva em vários cursos da faculdade, e no Instituto dos Deficientes Visuais de Catanduva, em informática para deficientes visuais. Estas, e outras propostas de atividades foram pensadas para um trabalho unificado sobre a cultura da inclusão. O que podemos fazer para atender da melhor forma as dificuldades do deficiente? Quais ferramentas são necessárias para empoderar o deficiente, de modo que ele possa usufruir do mundo como um cidadão?

Parafraseando a obra de Jane Austen, é hora de ponderarmos com mais Razão e Sensibilidade sobre o tema da diversidade. Razão para entendermos que a questão engloba a todos, deficientes ou não. Para compreendermos que empatia é um excelente exercício de cidadania coletivo. Sensibilidade para trazermos o tema para as instituições, para os centros educativos, para os locais públicos e privados do melhor modo, e para educarmos crianças sem antigos preconceitos. A palavra chave é respeito. A partir desta tomada de consciência, podemos sim estreitar diálogos e processos de crescimento com a participação de todos atores sociais, educando novos cidadãos dentro dos modelos de tolerâncias e respeitos a todos. 

Veja a programação completa do Sesc Catanduva na Semana Inclusiva aqui: