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A energia que vem do universo

Fernando Martins e os participantes do workshop de Criação Artística<br>Foto:Mariana Krauss/Sesc
Fernando Martins e os participantes do workshop de Criação Artística
Foto:Mariana Krauss/Sesc

O coreógrafo Fernando Martins, que ministra workshops em setembro no Sesc Taubaté, fala sobre criação artística e sobre a conexão entre o espaço e a emoção transmitida em uma composição de dança contemporânea

Desde julho de 2013, o coreógrafo Fernando Martins está coordenando workshops voltados para bailarinos, professores e outras pessoas envolvidas com a dança na região de Taubaté, dentro do Searas do Movimento. O projeto propõe ações educativas que fomentam por meio da apreciação, da prática e da reflexão,o contato dos participantes com artistas que estão pensando a dança no estado de São Paulo e no Brasil. Em setembro o coreógrafo encerra o ciclo de trabalho com o Workshop O Corpo e suas Relações com o Espaço.

A seguir você confere, nas palavras de Fernando Martins, os conceitos de dança e movimentos abordados nos workshops.

Criação Artística
“Criação artística para mim é permitir que as pessoas possam descobrir nelas mesmas condições diferentes de mexer o seu próprio corpo. Isso não precisa estar diretamente ligado à dança. Você pode usar essa técnica como terapia, começando pela imagem que você cria na memória, depois adicionando a emoção, o sentimento do movimento, e depois levando o movimento para a realidade. Então, basicamente, a gente aprende a construir as sensações e depois transmití-las para o movimento, seja ele qual for, dentro da proposta”.

Respiração
“A respiração é muito interessante por que também provoca um movimento e a qualidade do movimento do corpo. Precisamos respirar certo para dançar, para que o corpo consiga se moldar no espaço. A respiração como um todo, não só partindo do nosso corpo, mas também conectada à respiração do universo que gira em torno de nós”.

Didática
“O primeiro passo é fazer com que as pessoas entendam que existe tempo para as coisas, para que você consiga se conectar a imagens suas, a qualidades e a texturas do seu próprio movimento. A didática tem sempre muito diálogo e essa coisa de conduzir as pessoas para outros lugares. Eu tenho uma qualidade de movimento toda apoiada nas articulações do corpo. Nós pesquisamos muito a possibilidade de rotação, de peso em cima das articulações. Eu sempre começo a aula com uma condução de improvisação consciente, que é onde eu consigo estabelecer no ambiente uma imagem, colocando todos dentro da mesma energia. Na segunda parte da aula, vou entrando nessa qualidade de movimento, apoiada nas articulações do corpo, até chegarmos a uma qualidade de movimento que é mais pessoal minha e que vou adequando à qualidade de movimento descoberta por cada pessoa”.

Relações com o Espaço
“Nós sabemos que não somos um único corpo vivo no universo, que existe uma energia que o compõe e que nos ajuda a compor coisas. Cientificamente existem vários estudos como no livro ‘A Divina Matrix’ (de Gregg Braden). Existem outras energias que nos mantém ativos, que nos conduzem para lugares, que nos auxiliam em nosso pensamento, na execução e criação de coisas. Basicamente vamos experimentar no workshop O corpo e suas relações com o espaço esta conexão entre o corpo físico e a energia que nos envolve. Energia que vem do ar, do vento, das sensações, das texturas do ambiente, do que ele nos provoca. E assim vamos compondo também o ambiente através do nosso corpo, criando essa dualidade.

Somos criadores, tudo o que imaginamos parte dos nossos pensamentos, e depois transita com a emoção e termina nos sentimentos. É a partir deste momento que começamos a criar a realidade. A realidade é o que provocamos no universo. O ser humano não tem facilidade para entender além do que pode ver. Nós identificamos as coisas a partir do nosso olhar. Mas quando percebemos que somos reflexo do espelho e que refletimos uma imagem para o outro, estamos trabalhando em conjunto. Se pensarmos nisso com relação ao movimento, o que  temos como resultado prático, falando de dança, é que você não coloca o seu corpo numa intenção de apresentação, você coloca o seu corpo numa intenção de composição. Você está compondo uma energia e é por isso que as pessoas sentem isso quando te veem dançando”.

Sobre Fernando Martins

Começou a estudar dança aos 11 anos, em Uberaba (MG). Nesta fase passou por algumas danças populares, fez capoeira, jazz e dança de rua. Com 17 anos iniciou sua carreira profissional no Balé da Cidade de São Paulo, onde atuou por 11 anos. Após este período, partiu para a Holanda para integrar a Galili Dance, onde trabalhou com o diretor Itzik Galili por dois anos. A soma das experiências adquiridas e a parceria com outros seis coreógrafos resultou na fundação da Random Collision, uma instituição que promove espetáculos de dança e apoia novos coreógrafos em suas criações. Fernando também estudou em Israel, com a Cia. Batsheva e retornando ao Brasil atuou na Quasar Cia de Dança e na companhia J Garcia

o que: Workshop: O corpo e suas relações com o espaço
quando:

Dias 12, 13, 14, 19, 20 e 21/09

onde:

Sesc Taubaté | Avenida Engenheiro Milton de Alvarenga Peixoto, 1264, Esplanada Santa Terezinha | 12 3634-4000