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Virgínia Rodrigues em raízes africanas
A cantora se apresenta, 24 e 25/agosto, no Sesc Pinheiros acompanhada por BNegão e Tiganá Santana. No repertório estão canções ainda não gravadas, como “Dêmboa”
Foi com um ouvido colado no rádio da sua casa e com o outro atento às missas e procissões católicas frequentadas pela família que Virgínia Rodrigues formou-se cantora. Nascida em 1964 em Salvador, cresceu amadurecendo sua voz em corais – até mesmo nos especializados em canto gregoriano, como o do Mosteiro de São Bento, localizado na capital baiana – e influenciada pela diversidade musical que lhe chegava pelas ondas da rádio, o único aparelho de comunicação que possuía em casa.
“Sou de uma época em que se tocava de tudo nas estações. Nos anos 1970, eu ouvia especiais de Clara Nunes, que é a minha sambista preferida, de Elis Regina, Roberto Carlos, Maria Bethânia, Gal Costa... Naqueles tempos você tinha direito de escolher o que pudesse lhe agradar, ao contrário de hoje, em que há artistas que sequer são tocados”, diz a cantora, que se apresenta neste final de semana no Teatro Paulo Autran, do Sesc Pinheiros, à Eonline.
Entre empregos ocasionais como manicure e cozinheira e a incursão por corais e grupos profissionais, em 1997 Virgínia chamou a atenção de Caetano Veloso, que assistia a um ensaio da peça Bye bye Pelô enquanto a cantora interpretava uma das canções da procissão do Senhor Morto, ritual tradicionalmente encenado na Semana Santa. Caetano encantou-se com sua voz grave e tornou-se seu padrinho artístico, lançando-a nacionalmente e internacionalmente. Foi mentor de seus três primeiros discos: Sol Negro (1997), Nós (2000) e Mares Profundos (2003), este último famoso por sua releitura autêntica de “Canto de Ossanha”, canção de Vinicius de Moraes e Baden Powell marcada pelas interpretações de Elis Regina e Mônica Salmaso.
O quarto álbum, Recomeço (2008), surgiu no contexto de sua carreira em ascensão no exterior, que soma passagens por prestigiadas casas de espetáculos, como o Carnegie Hall, em Nova York, e reúne fãs como ex-presidente americano Bill Clinton. Agora, sua discografia terá continuidade com um trabalho ainda em concepção que ressalta suas raízes, fortalecidas por meio da parceria com Tiganá Santana, expoente da música baiana: “O trabalho dele me toca profundamente. Foi quem me apresentou as línguas africanas, dos meus ancestrais”. Uma das letras compostas por Tiganá para Virginia, “Dêmboa”, está garantida no show que a cantora apresentará no Sesc Pinheiros.
Ouça trechos da entrevista de Virgínia Rodrigues à Eonline e saiba mais sua carreira, influências e sobre o show, que terá participações especiais de Tiganá Santana e do rapper BNegão:
o que: | Virgínia Rodrigues |
quando: |
24 e 25/agosto |
onde: | Sesc Pinheiros |