Sesc SP

Em agosto, para comemorar o mês da cultura popular, o projeto Jeitinho Brasileiro toma conta do Sesc Campinas 

Longe de identificar o jeitinho como um “vício da preguiça”, como muitos fazem, o jeitinho brasileiro é justamente esta capacidade de, apesar de todas as disposições em contrário, levar adiante. É nossa adaptação inclusiva, nossa capacidade de reorganização, nossa capacidade dialógica e transformadora. Esse modo de viver é o que há de mais dinâmico na cultura brasileira e o que nos identifica.

Expandindo os limites regionais e pureza ritualística, o projeto jeitinho Brasileiro apresenta um panorama bastante eclético com elementos da cultura brasileira. Na programação, teatro de mamulengos, contação de histórias, xilogravura, repentes, entre outros.

O cordel, típico da cultura nordestina, com suas rimas cheias de improviso, não poderia ficar de fora. A EOnline conversou com Samuel Quintans, cordelista que se apresentará no Sesc Campinas. As respostas, em forma de cordel, você pode conferir abaixo:

Vai ai um pouquinho da história de Samuel
Rapaz nascido em Monteiro
Rimava com a terra, o ar e o céu
Agora rima com o mundo inteiro
E dentro do Jeitinho Brasileiro
veio nos apresentar o cordel
(Danilo Lima)

EOnline: Você vem de uma tradicional família de artistas nordestinos. Conte um pouco sobre sua infância e como iniciou com o cordel.

Minha avó foi professora
De nossa lingua materna
Escrevia versos sacros
Sua presença é eterna
Me encantava sua escrita
E sua voz meiga e terna

Meu avô foi repentista
Também de nome Asa Branca
Versava pelo sertão
Botava uma boa banca
Rimava bem e ligeiro
De uma forma rica e franca

E meu velho me ensinou
A graça da boa rima
Asa Branca do Ceará
Determina sempre o clima
E no verso e desafio
Ele sempre sai por cima

Quando eu era bem pequeno
A minha infância foi esta
Cantadores do nordeste
E tanta gente modesta
Se “arreunia” em casa
Rima verso e muita festa

EOnline: Você tem filhos? Já ensinou para eles a arte do cordel?

Eu tenho 4 filhotes
Todos eles especiais
Duas meninas faceiras
E dois garotos legais
Apreciam a cultura
Cada dia mais e mais

Cada um a sua maneira
Faz direito a sua parte
A Sandy faz jornalismo
O Pedro é um caso a parte
O Thiago é bom músico
E a Fernanda adora arte

Agora cordel de vera
O Pedro pode fazer
Ele gosta de poesia
E adora escrever
Amante da boa música
Só o tempo há de dizer

EOnline: Normalmente, a cultura popular brasileira, em especial a nordestina, só é lembrada na época das festas juninas. Existe algum movimento de artistas para que essas apresentações não aconteçam sazonalmente?

Danilo, essa nossa luta
É praticamente diária
A sorte é que tem o SESC
Com presença solitária
Defendendo as vertentes
Da criação voluntária

Sindicatos e artistas
E boas cooperativas
Fazem um trabalho ferrenho
Destas pessoas cativas
Que vivem de sua arte
Manifestações ativas!

EOnline: O que você espera do público e desse "encontro nordestino" no Sesc Campinas?

Eu espero muita festa
Surpresa e energia
Que conheçam meu nordeste
E toda a sua magia
Num agosto só de festa
Teatro, arte e poesia

Campinas é uma cidade
Que ama a boa cultura
Feita de forma correta
Dedicação e alma pura
É o que todos verão
Além de muita candura!

É só pra finalizar
Deixo aqui o meu abraço
Agradeço muito ao SESC
E ao seu belo timaço
Por divulgar nossa terra
E ceder o vosso espaço!