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Habitar Palavras: Carla Silva

Apresento oscilações agudas 
entre a esperança e o desespero
Todas as vezes que 
meus pés frios tocam o chão contaminado da realidade

-

 

Medos amontoados em toda parte da cidade

Incertezas coletivas

Preocupações desalinhadas nas filas dos bancos 

O perigo paira no abraço

E o tempo não parou para meu desdém ao calor das presenças reais,
me fazendo contente com uma mensagem de voz de minha avó 

Mensagem sem cheiro,
sem tempo 
e sem benção 

Mas a vida acontece no calor do sentimentos 

No escorregar dos olhares trocados 

e no perfume misterioso que chegava todo fim de tarde 

Faltas e Saudades me convidaram a morrer um pouco também 

-

 

Ela sentia como se o fim estivesse sempre dobrando a esquina 

Passava como se houvesse um foguete amarrado no umbigo 

Tinha  a pressa de quem quer chegar antes do tempo que assusta 

Ela dormia num gole d’água 
Sonhava oceanos 
e amanhecia cachoeira 

Suas águas desvairadas faziam com que tudo estivesse sempre 
Vivo, São e
prestes a morrer 

 

Sobre o Autor

Carla Silva, 34 anos, é uma das idealizadoras da Casa Maré, centro cultural, e de Poesias Apressadas (@poesias_apressadas), página de poesia marginal que leva o nome de um livro de bolso, de sua autoria, lançado em 2013 de forma independente. Carla escreve em seu diário formas de não enlouquecer diante da realidade que não tem tradução.

Habitar Palavras - Biblioteca Sesc Birigui

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