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Habitar Palavras: Yasmin Castilha

Tempos Inesperados

Um momento histórico, que ficará gravado em livros didáticos, a época em que as pessoas aprenderam o que é higienização, valorizaram as relações humanas, sentiram saudades de contatos físicos e entes queridos, conheceram o medo gerado pelo desconhecido, praticaram solidariedade e cooperação, foram arrastados para fora de suas rotinas para uma nova.

Lembrarei-me que o sinal da escola não tocou, que a maioria dos comércios não abriu, os horários não eram os mesmos, não dava para reconhecer as pessoas, não dava para se aproximar das mesmas, tudo foi ficando mais distante e desesperançoso, havia ainda os que teimavam, que não se afastavam, que não se higienizavam e com isso os números cresciam em gráficos, muitos morreram deixando para trás além da saudade a conscientização.

 

Avanço Indesejado

O medo tomava conta dos olhos, a saudade por sua vez tomava conta dos corações, esperanças surgiam e desapareciam quase ao mesmo instante. Parados esperando algum tipo de milagre, uma salvação, desejando que nunca houvesse acontecido algo assim, ou pelo menos não em uma escala tão grande, ninguém sabia o que esperar do futuro, quanto tempo levaria para as coisas voltarem ao normal, se é que poderíamos ter o atrevimento a nomear dessa maneira.

Tivemos um salto temporal, me pego a pensar em “Quanto tempo demoraria para as escolas e trabalhos serem digitais se um mal desses não tivesse surgido, quanto tempo precisaria para nos afastarmos socialmente de vez?” Talvez cedo demais para qualquer conclusão, o que resta de um cenário tão caótico é sonhar com uma solução.

 

Sentimentos Encubados

Temendo o pior fiquei inquieta,
Desejava minha rotina de volta,
Em cada novo caso registrado,
Meu coração batia mais acelerado.

Sentia como se uma catástrofe mais perto chegava,
E eu não podia sair de onde estava,
Só pude ficar torcendo,
Para que não precisasse ver mais ninguém morrendo.

Não sei em que ponto comecei a me acostumar,
E nem se isso era a atitude certa a tomar,
Deveria continuar a rezar
Por aqueles que não podiam mais voltar?

Ou eu deveria manter meus olhos à frente
E por nada ter me acontecido ficar contente?
Não sei nem mais o que se passa em minha mente,
E quais são os sentimentos persistentes.

 

Sobre o Autor

Yasmin Castilha, jovem ubaranense de 19 anos, é amante de livros, principalmente de histórias fantasiosas que levam sua imaginação às alturas. Começou a escrever ainda na adolescência e desde então se passaram cinco anos que se dedica à escrita, atualmente como um hobby, mas aspirando profissionalizar-se no rumo. Por ora, se envolve em diferentes projetos culturais a fim de manter-se próxima à literatura. Gosta de explorar diversos gêneros quando escreve, desde os mais realistas aos mais fantasiosos, de narrativas a poesias, nunca se prendendo a uma só coisa. É também grande fã da cultura pop. Clique aqui para acessar os trabalhos publicados por Yasmin.

Habitar Palavras - Biblioteca Sesc Birigui

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