Sesc SP

Por Caio Momesso*

Para entendermos do que se trata preço justo, precisamos pensar sobre como as trocas de produtos ocorrem na economia. Podemos ver o preço como a soma dos valores necessários para a produção: trabalho, matérias-primas, logística, equipamentos, entre outros fatores. Quem consegue os menores custos, irá vender mais e ganhar da concorrência. Por trás dessa dinâmica, que muitas vezes pode parecer natural, existe uma grande discussão sobre desigualdade de renda, uma vez que temos condições muito diversas de mercado.

O preço justo se insere nessa discussão, tentando alcançar justiça a partir da renda que os preços propiciam para as famílias produtoras. Ou seja, que a compra desses produtos garantam o sustento e uma vida digna para essas pessoas. Por isso, a prática do preço justo busca valorizar o trabalho e o uso consciente de recursos naturais, optando por pagar uma quantia maior do que em produtos que podem não ter uma origem alinhada com a visão de mundo do consumidor.

Algumas ações podem facilitar a prática do preço justo, como o estabelecimento de uma relação direta entre consumidor e produtor, diminuindo a cadeia logística na compra. Afinal, trata-se do encontro entre duas partes, vendedor e comprador, que estabelecem a ética como fator chave na negociação. Portanto, o preço justo pode ser uma ferramenta importante para pensarmos na sustentabilidade da economia e garantia de dignidade social, capaz de ser exercida tanto em grande como em pequena escala, fazendo-nos pensar sobre os produtos que consumimos.

*Caio Momesso é economista e mestre em Administração Pública e Governo. Trabalhou como agente comunitário de saúde em Campinas (SP) e técnico de inclusão produtiva no Programa São Paulo de Braços Abertos. Hoje, atua como pesquisador no CEAPG (FGV-EAESP) e como consultor nas áreas de políticas públicas e desenvolvimento comunitário.

---

Este artigo faz parte do projeto Formações Solidárias, um conjunto de ações realizadas pelo Sesc São Caetano com o intuito de difundir os princípios e conceitos de comércio justo e economia solidária. As ações se iniciaram em outubro de 2020 com oficinas de comércio justo em plataformas digitais voltadas a produtores e prestadores de serviço.