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Resistência Panc: pela diversidade, liberdade e autonomia na alimentação
Flor de Sabugueiro, hortelã gorda, caramoela, urucum, banana de mico, pariparoba, feijão espada, uvaia... Você já ouviu falar em alguma dessas plantas? Sabe que gosto têm? Pois muito prazer, essas são as Panc – Plantas Alimentícias Não Convencionais.
Apesar de a maioria das pessoas não conhecê-las por nome, é bastante provável que alguma – ou várias! – Panc já tenham cruzado seu caminho. Isso porque muitas espécies são espontâneas: brotam em parques, na rua, em canteiros ou qualquer pedacinho de terra disponível.
Entre elas, há espécies que ainda são comuns em algumas regiões do país, ou foram muito populares em panelas e pratos até poucas décadas atrás. Hoje, porém, são difíceis de encontrar em feiras e supermercados nas cidades e pouco a pouco foram sendo esquecidas.
“Cerca de 90% das calorias que a gente come vem de 20 espécies vegetais, no mundo todo, sendo que existem pelo menos mais de 12 mil espécies alimentícias catalogadas”, conta a nutricionista Neide Rigo, que se dedica a pesquisar e difundir o universo das Pancs.
Para além da curiosidade que o exotismo dessas plantas suscita, Neide defende o conhecimento das Pancs como essencial para a autonomia das escolhas alimentares: “Nutricionistas e profissionais da saúde pregam que a gente tenha um prato variado, com biodiversidade à mesa e escolhas inteligentes. Mas como fazer escolhas inteligentes se a gente não sabe o que tem para comer?”, diz.
Comer é Panc?
Comer Panc é punk?
Comer Panc é um ato de resistência:
No Sesc Pompeia, Neide idealizou o projeto Comer é Panc, uma série de palestras que reúne profissionais da agronomia, nutrição e gastronomia pra desvendar o mundo dessas plantas. O objetivo é abrir horizontes para essas novas-velhas espécies, sem deixar de lado os vegetais que (ainda) estão nas gôndolas do mercado. Quiabo, maxixe e almeirão, por exemplo, são algumas das espécies ameaçadas de se tornarem “Pancs do futuro”, segundo Neide.
O agrônomo Nuno Madeira, um dos palestrantes do Comer é Panc, destaca a importância das plantas não convencionais para a segurança e soberania alimentar. Elas são mais resistentes, fáceis e baratas para cultivar, não exigem tantos insumos, geram menos gastos energéticos e impactos ambientais:
“Conhecer o que a gente come, o que tem pra comer, é um ato de liberdade. É ficar livre, autônomo, ter soberania alimentar”
– Neide Rigo