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A brincadeira do mais forte

Foto: Divulgação
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A violência não escolhe classe, credo ou cor. Explícita ou sutil, física ou psicológica, ela pode se manifestar em vários ambientes, sobretudo nos competitivos, onde os mais fortes subjugam os mais fracos, independentemente do gênero e da idade. Ela pode inclusive, surgir muito cedo, em um lugar que deveria ser sinônimo de segurança para crianças e adolescentes: a escola.

O bullying, recorrente no ambiente estudantil, é uma forma de agressão verbal ou física contra alguém que não consegue se defender adequadamente, durante um longo período. “Há um desequilíbrio de poder entre o autor da agressão, que quase sempre é mais forte, e a vítima”, explica José Leon Cronick, professor de Psicologia da Universidade de São Paulo. Segundo o psicólogo, as escolas são locais que propiciam esse tipo de atitude porque ainda estimulam a rivalidade, a vitória e o desprezo constante do perdedor.

Diferente do preconceito, em que o alvo de hostilidade é delimitado, no bullying, o objeto da agressão pode ser qualquer um, desde que este se deixe dominar por qualquer motivo. Há um desejo visível do agressor em destruir as vontades do outro, submetendo-o às suas, quase sempre por meio de comportamento infantil.

O isolamento é uma das reações da vítima de bullying. “Ela restringe seus contatos, evita ir à escola e até mesmo sair de casa; perde a concentração necessária aos estudos e torna-se deprimida. Seus sentimentos são de raiva, ressentimento e humilhação“, afirma Cronick. Para ele, o apoio da família, de amigos e de colegas é fundamental para que os jovens entendam o que está acontecendo e que não são os responsáveis pela violência sofrida.

A necessidade de se discutir agressões como essa levou o diretor Felipe Arrojo Poroger a produzir o curta-metragem Enquanto o sangue coloria a noite eu olhava as estrelas. No filme, Francisco é um jovem introvertido que, além de viver sob a rígida tutela do pai militar, sofre constantes abusos dos colegas de escola. O bullying é o tema central da história que conduz o protagonista a desafios diários que podem levar qualquer adolescente vítima desse tipo agressão a reações inesperadas e desesperadas.
Diante dessa violência, como conter sua propagação? Para Cronik, é necessário uma revisão a respeito dos valores sociais. “Deveríamos começar dissociando a ideia de que a felicidade provém do poder; mostrar como o ato de bullying é um comportamento infantil; desprestigiar atos violentos e estimular ações sociais em prol do bem comum”, afirma o psicólogo. Para as vítimas, é necessário que isso seja feito o quanto antes.

 

Estreia: 5/10/17, às 21h

Reapresentações: Dia 7/10, sábado, às 20h; Dia 8/11, domingo, às 13h30; Dia 9/11, segunda, às 22h.

 

Assista em www.sesctv.org.br/aovivo