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Congresso internacional discute caminhos e leituras próprias no ensino das Artes na América Latina

Nesta terça (23/4), teve início o “Congresso de Ensino/Aprendizagem das Artes na América Latina: Colonialismo e Questões de Gênero". Realizado pelo Sesc São Paulo, pelo Conselho Latino-americano de Educação pela Arte (CLEA) e pela  educadora Ana Mae Barbosa. O evento é um marco na trajetória de Ana Mae, pois retoma outra iniciativa também realizada por ela no Sesc Vila Mariana, há mais de 20 anos, o encontro “A compreensão e o prazer da arte”. 

Em homenagem à acadêmica durante a abertura do congresso, Danilo Santos de Miranda, diretor regional do Sesc em São Paulo, ressaltou a importância da discussão a respeito da maneira como os conhecimentos são transmitidos. “A Arte é o campo propício aos questionamentos das imposições culturais.” Para Ana, as políticas em torno da Arte e da Educação se mostram cada vez mais necessárias em “tempos controversos”. 

Outro homenageado, em caráter póstumo, foi Victor Kon, membro do CLEA desde a sua fundação, em 1984. Segundo Salomon Azar, artista e diretor do Taller Barradas - Instituto de Educação Uruguaia para a Arte, responsável pela fala, Victor Kon sempre defendeu o direito de crianças e jovens terem uma educação artística significativa e de qualidade. 

Visão própria – A primeira conferência do congresso, intitulada “Colonialismo versus diálogo internacional. Como evitar a imposição de ideias fora do lugar?”, com Ramon Cabrera, professor do Instituto Superior de Arte – ISA-Cuba, abordou a importância de buscar um olhar particular na educação, de modo a reconhecer a História, o contexto e a produção artística de cada cultura. “Dessa forma, é possível construir argumentos a partir das experiências singulares, de categorias de interpretação distintas”, afirmou.

O professor defendeu um movimento “do particular para o universal” e citou exemplos como o trabalho do escritor Jorge Luis Borges. Sua obra partiria da Argentina e mais do que isso, de um lugar específico da cidade de Buenos Aires. 

De acordo com ele, a sensação das “ideias fora do lugar” decorreria da negação de nosso próprio tempo, diante do que seria ditado por outros centros. Assim, a América Latina viveria uma constante sensação de modernidade tardia. Ao se desvincular de um pensamento eurocêntrico, também nos libertaríamos de um pensamento que não nos representaria.  “As ideias dominantes desde o século XIX, de uma civilização branca, ocidental, invisibilizaram negros, indígenas, mulheres. Esse conceito de civilização era algo que não necessitávamos".