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Recheio de novidades musicais: é abril no Sesc Catanduva
Bem distante da capital paulista, a 400 km, Catanduva apresenta uma proposta audaciosa de programação musical para o interior a partir de abril: trazer bandas que fazem música autoral contemporânea alternativa. Sair do circuito mainstream, Rio-São Paulo e de cidades mais próximas à cidade onde tudo acontece pode parecer fácil nos tempos de hoje, mas as viagens implicam, por exemplo, mais tempo de deslocamento, o que muitas vezes pode ser um impeditivo para que algumas bandas cheguem até o noroeste paulista.
O projeto musical Quintas do Sesc pretende driblar as dificuldades e colocar a cena alternativa no palco todas às quintas, às 20h15, com entrada gratuita. “A proposta pretende contemplar projetos autorais consistentes que vêm trilhando suas trajetórias por fora do cenário musical de gravadoras e têm alcançado seu espaço na cena alternativa. São trabalhos instigantes e provocadores”, afirma Itamar Dantas de Oliveira, técnico de música do Sesc Catanduva.
A primeira banda a surgir nessa programação é Carne Doce, uma das representantes do cenário independente nacional recente, surgida em Goiânia. O show acontece logo na primeira quinta de abril, dia 4, para anunciar a que veio. Aproveitando a passagem da banda por São Paulo (eles estão escalados para o palco principal do Loolapalooza Brasil no fim de semana seguinte), a banda apresenta o disco Tônus, que saiu na lista de melhores discos de 2018 em diversas publicações e instituições, inclusive Rolling Stone e APCA. A banda é liderada por uma mulher, Salma Jô, e tem um discurso muito ligado a questões femininas. “Pescamos a vinda deles para São Paulo e conseguimos um show para o interior”, conta Itamar.
Filho de congoleses, com raízes africanas, mas com a presença de seu violão, o que traz o Brasil para sua mistura particular, François Muleka se apresenta no dia 11 com participação do Filó Machado. Neste show, ele apresenta seu novo disco, chamado Couragem. Seu trabalho recente de maior destaque foi ser um dos arranjadores do último disco da Luedji Luna, “Um Corpo no Mundo”, o que a colocou como o novo fenômeno da música popular brasileira. Para o show em Catanduva, ele traz o músico Filó Machado, que já gravou com muitos representantes da música brasileira como Djavan, Jane Duboc, entre inúmeros outros.
Com uma bagagem internacional bem recheada, a brasileira de Joinville, Ana Paula da Silva, contabiliza 20 anos de carreira e a consagração no 28º Prêmio da Música Brasileira de 2017, que a elegeu como a melhor cantora regional do país. Com turnês por países da Europa e América do Sul no currículo, Ana compõe, toca e canta. Tem técnica vocal e de violão apuradas e sua música é mais conectada com as tradições, com a natureza, com a ancestralidade. Ana Paula desembarca em Catanduva no dia 25 de abril.
Viola e Marcelo D2 completam a programação
Para além do projeto as quintas, há mais opções musicais para abril e o primeiro dia de maio. O espaço da música de viola do Sesc Catanduva está mantido, sempre no último domingo do mês, mas também com certa ousadia na escolha dos nomes e, desde março, tem experimentado novas interpretações de viola. Em abril, no dia 28, quem se apresenta é Ricardo Vignini. Grande violeiro da cena atual, já participou do projeto Matuto Moderno, Moda de Rock e tocou com Lenine e no projeto Nós do Rock Rural ao lado de nomes como Tavito e Zé Geraldo. Ele lança seu disco Viola de Lata, no qual percorre a sonoridade das violas dinâmicas, com ressonância no aço, para criar suas composições. Para a apresentação no Sesc Catanduva, o músico traz o guitarrista Ricardo Carneiro. O show acontece às 10h e tem entrada gratuita.
E, neste mosaico de sons, um nome conhecido do grande público também marca presença em Catanduva, no dia 1º de maio. Trata-se de Marcelo D2, que apresenta seu trabalho Amar É Para Os Fortes, uma obra audiovisual biográfica. Nas mensagens que transmite no disco, Marcelo fala das dificuldades de se nascer na favela, das facilidades da vida no crime e das vantagens de se optar pela resistência cultural como estratégia para encarar as adversidades de ser pobre no Brasil. Na apresentação, que contempla música sincronizada com exibições em audiovisual, D2 mistura diversos ritmos como o baião e o samba com o hip hop, na ligação musical que o caracterizou seu trabalho solo. Este é o único show pago e os ingressos estarão à venda online a partir do dia 23 às 15h30 e nas bilheterias a partir do dia 24, às 17h30. Os valores variam de R$ 12,00 a R$ 40,00.
Em abril, ninguém vai ficar parado em Catanduva.