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Juan Pablo Villalobos indica 10 livros de escritores latino-americanos para você ler nas férias

Na próxima quinta-feira, dia 28/6, a partir das 20h, o mexicano Juan Pablo Villalobos lançará seu mais novo romance “Ninguém precisa acreditar em mim” no Sesc Avenida Paulista.

Nascido em 1973, no México, ele também é autor dos aclamados "Festa no covil", "Se vivêssemos em um lugar normal" e "Te vendo um cachorro".

Aproveitamos a ocasião e pedimos para o escritor recomendar obras latino-americanas publicadas no Brasil; são elas:

Garotas mortas, de Selva Almada (Argentina)

Três assassinatos entre centenas que não são suficientes para estampar as manchetes dos jornais ou mobilizar a cobertura dos canais de TV. Três casos cujas notícias chegam desordenadas por uma rádio, um pequeno jornal, alguém que se lembra dos ocorridos em uma conversa… Três crimes “menores” enquanto a Argentina celebrava o retorno da democracia. Três mortes sem culpado. Com o tempo, essas histórias se convertem em uma obsessão particular da autora, o que a leva a uma investigação bastante atípica.
A prosa cristalina de Selva Almada mostra como as violências diárias contra meninas e mulheres acabam fazendo parte de algo considerado “normal”. Com este livro, a autora desbrava novos caminhos para a não ficção latino-americana.



Rostos na multidão, de Valeria Luiselli (México)

No México, uma jovem mãe de duas crianças pequenas tenta escrever um romance sobre sua juventude em Nova York e a obsessão que tem por um excêntrico e obscuro poeta mexicano, Gilberto Owen – que viveu na mesma cidade nos anos 1920. A presença quase fantasmagórica do poeta envolve a narradora com frequência. A vida familiar da jovem rui lentamente, assim como a de Owen ruía tantas décadas antes.
Enquanto busca recriar a biografia do escritor conterrâneo, a voz da narradora, outrora tradutora de livros estrangeiros em uma pequena editora nova-iorquina, começa a dar lugar à voz do próprio Owen. O espectro de um poeta desiludido e à beira da morte vai tomando forma e sua fala gradualmente ocupa seu espaço na narrativa, para contar ele próprio sua trágica jornada.

O corpo em que nasci, de Guadalupe Nettel (México)

O livro é inspirado na infância da autora, marcada por um problema no olho direito e um permanente sentimento de inadequação, bem como pelo ambiente em que cresceu, nos anos 1970 e 80, caracterizado pelas tentativas de quebra de padrões e pelos regimes autoritários em todo continente sul-americano.



Pássaros na boca, de Samanta Schweblin (Argentina)

Primeiro livro de Samanta Schweblin publicado no Brasil, "Pássaros na boca" é uma antologia de contos que demonstra por que a escritora argentina é considerada a herdeira literária de mestres do realismo fantástico como Bioy Casares e Julio Cortázar. As dezoito histórias reunidas na obra começam com situações cotidianas que vão, pouco a pouco, assumindo contornos perturbadoramente insólitos, por vezes aterrorizantes. São homens e mulheres, jovens e crianças diante de um mundo hostil em que, de um instante para outro, sem qualquer ruptura ou explicação, o que parecia normal deixa de ser, e de maneira irreversível.

As coisas que perdemos no fogo, de Mariana Enriquez (Argentina)

Macabro, perturbador e emocionante, o livro reúne contos que usam o medo e o terror para explorar várias dimensões da vida contemporânea. Em um primeiro olhar, as doze narrativas do livro parecem surreais. No entanto, depois de poucas frases, elas se mostram estranhamente familiares: é o cotidiano transformado em pesadelo.
Personagens e lugares aparentemente comuns ocultam um universo insólito: um menino assassino, uma garota que arranca as unhas e os cílios na sala de aula, adolescentes que fazem pactos sombrios, amigos que parecem destinados à morte, mulheres que ateiam fogo em si mesmas como forma de protesto, casas abandonadas, magia negra, mitos e superstições.



Deixa comigo, de Mario Levrero (Uruguai)

Um escritor em apuros financeiros encarna um detetive atrapalhado ao receber uma missão pitoresca - viajar ao interior do Uruguai à procura de um certo Juan Pérez, que enviara dias antes, sem endereço de remetente, o manuscrito de um romance genial a uma editora.

Continuação de ideias diversas, de César Aira (Argentina)

A meio caminho entre um caderno de anotações, um diário, um rascunho de ideias, este livro raro de Aira reune pensamentos sobre literatura e arte, descrições de sonhos, lembranças de suas primeiras leituras, observações sobre a memória e o esquecimento e digressões sobre a arte da ficção. O livro está composto por uma série de fragmentos de não mais de uma página que, em espaço reduzido, funcionam com a potência inesperada do haicai.


 

De duas uma, de Daniel Sada (México)

As irmãs Gamal, habitantes de uma pequena localidade no norte do México, são gêmeas idênticas. Órfãs desde pequenas, elas foram apanhadas por uma tia piedosa e levadas para o campo, onde cresceram e abriram uma oficina de costura.
Aos quase quarenta anos, ambas têm alguns quilos extras, são solteiras e fieis, acima de tudo, à própria semelhança. Como diz o narrador logo nas primeiras páginas, "pela vida afora, sua única importância tem residido em sua semelhança, esse duplo sentido que provavelmente é um".
Mesmo depois de adultas, elas cultivam um prazer perverso em confundir as pessoas sobre qual delas é qual, inclusive seus próprios pretendentes. Mas qual das duas casará com o pretendente atraente que compartilham entre risos, se ambas querem encontrar o amor de sua vida o mais rápido possível? Como podem se separar, se sua única distinção, seu único diferencial, reside justamente em ser idênticas? Pouco a pouco, a mesma igualdade que gera confiança torna-se um duelo de traição e vingança que levará à crueldades refinadas.



Asco, de Horacio Castellanos Moya (Honduras)

Dois amigos de infância se encontram num bar em San Salvador, América Central. O primeiro deles acaba de retornar à cidade, para o velório da mãe, após anos de autoexílio. E diante de seu interlocutor silencioso dispara toda a cólera e indignação com o lugar onde nasceu, reveladas por meio de um monólogo de crueza perturbadora. Foi com essa novela singular que o hondurenho Horácio Castellanos Moya conquistou reconhecimento internacional, e é com ela que enfim estreia no Brasil. Ao lado de Deixa comigo, de Mario Levrero, Asco integra a primeira fornada de lançamentos da coleção de literatura hispano-americana Otra Língua, organizada por Joca Terron.

A uruguaia, de Pedro Mairal (Argentina)

Sucesso de crítica e best-seller em todo o universo de língua espanhola, A uruguaia é uma epopeia tragicômica sobre a busca pela felicidade.
O romance é uma narrativa divertida e apaixonante sobre afetos, crise conjugal, autoengano e busca pela felicidade e mostra, através das peripécias sentimentais de um escritor recém-chegado aos quarenta anos, como devemos enfrentar as promessas que fazemos e não cumprimos e as diferenças entre aquilo que somos e o que realmente gostaríamos de ser.