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“Dramaturgias” apresenta panorama da produção brasileira contemporânea no Sesc Ipiranga
Dando continuidade ao projeto "Dramaturgias", em outubro teremos leituras cênicas de peças inéditas para crianças. Quatro autores dirigem suas próprias obras inéditas em quatro diferentes vertentes dramatúrgicas - adaptação literária, teatro musical, escrita a partir da cena e dramaturgia clássica. Em seguida, os autores participam de um bate-papo com o público. Com entrada franca, a atividade é destinada a crianças e interessados em dramaturgia infantil. As leituras acontecem nos dias 13, 20 e 27 de outubro, e no dia 3 de novembro (sábados), às 16h.
Os dramaturgos Ana Roxo, Alessandro Hernandez, Marcelo Romagnolli e Paulo Rogério Lopes protagonizam o projeto Foto: Guilherme de Sousa
A primeira leitura acontece dia 13, com o texto Dom Caixote de la Feira, uma adaptação literária do clássico de Miguel de Cervantes "Dom Quixote" para as crianças, assinada por Paulo Rogério Lopes. O enredo se desenvolve em uma Feira Livre, onde uma dupla de carregadores de caixotes se depara com um velho 'Livro de Cavalaria' prestes a ter suas páginas destruídas para servir de embrulho para compras (tal escolha se deve à Introdução do Livro II do "Dom Quixote", em que o próprio Cervantes alega ter encontrado as páginas da história em uma barraca da Feira que frequentava). Por meio da leitura do livro, a dupla mergulha no universo fantasioso dos antigos Cavaleiros Andantes.
No dia 20, Ana Roxo dirige a leitura de seu texto Escondida, peça musical que conta a história de uma menina que vai para um lugar onde nada tem nome. Nesse reino, sua única companhia é uma boneca, a quem ela dá o nome de "Escondida". Para conseguir sair desse lugar, a menina precisa lembrar o próprio nome, e conta com a ajuda de Escondida para isso.
No dia 27, acontece a leitura de A menina que nasceu menino, de Alessandro Hernandez. O enredo, construído a partir da parceria com a atriz Cris Lozano, conta a história de Luan, uma menina que nasceu menino e vive fechada em seu quarto, sem contato com o mundo externo. Sua única relação com o mundo real se dá pela fresta da janela do seu quarto e com sua mãe, que ficcionaliza a vida real para ela. Um dia, Luan consegue sair do quarto e se depara com um outro mundo, diferente do inventado por sua mãe, e se dá conta da sua identidade em meio à vida lá fora.
No dia 3 de novembro, a última leitura da série é o texto de Marcelo Romagnoli, Elagalinha, uma fábula sem moral, para todas as idades, sobre a falência da educação. Na trama, Paigalo prepara Elagalinha para seu primeiro dia de aula. Rumo à escola, esta última é feita prisioneira de Elemonstro. Trancada, sua jaula assume a metáfora da escola. Uma dupla de Críticos comenta as ações com observações sobre a própria arte da representação.
Nos dias 1, 15 e 22 de setembro (sábados), às 16h, o Sesc Ipiranga realizou em seu Quintal o primeiro ciclo de Leituras Piqueniques de Textos do Arena que integra o projeto ‘Dramaturgias’ e trouxe três leituras dramáticas dirigidas por três diretores diferentes, acompanhadas de piquenique. As leituras seguidas de debate questionaram se o teatro permanece com a mesma capacidade de transformação social que tinha na década de 1960, criando conexões entre o passado e o presente a partir das obras, e discutindo de que forma elas podem nos ajudar a pensar o teatro e a realidade atual.
O ciclo de Setembro tem curadoria e idealização do instituto Augusto Boal. A primeira leitura, Revolução na América do Sul (1960), aconteceu dia 1/9, com direção de Marco Antônio Rodrigues e comentários de Marcos Barbosa. O texto de Augusto Boal inaugurou o teatro épico brasileiro em 1960 e narra a história de José da Silva, operário que perde seu emprego e parte para tentar se reerguer.
A segunda leitura ocorreu no dia 15/9 e apresentou o texto Eles não usam black-tie (1958), de Gianfrancesco Guarnieri. Com direção de Celso Frateschi e comentários de Samir Yazbek, o enredo explora a situação do jovem Tião que, ao retornar à comunidade onde vive seu pai, o ativista Otávio, precisa decidir entre atuar coletivamente nas lutas pelos direitos dos trabalhadores ou buscar soluções individuais para sua vida.
Encerrando o ciclo de setembro, no dia 22 foi realizada a leitura de Chapetuba Futebol Clube (1959), de Oduvaldo Vianna Filho, texto que aprofundou o trabalho sobre o realismo psicológico que o Arena propunha desde a sua inauguração. Com direção de Marcos Felipe e comentários de Sara Antunes, o texto expõe o cotidiano de um pequeno time interiorano, destacando tipos populares de enorme empatia e comunicabilidade e, ao mesmo tempo, a sórdida engrenagem da qual são vítimas.
Além das Leituras Piqueniques, integrou o projeto Dramaturgias a oficina O Ator Criador e a Dramaturgia Queer com Daniel Veiga, que tem como foco de trabalho a elucidação dos processos analíticos de dramaturgia e procedimentos de dramaturgismo no trabalho de textos teatrais contemporâneos que tratam de questões do universo Queer (LGBTTQ).
No mês de junho, o Sesc Ipiranga iniciou o Dramaturgias. Desenvolvido há pelo menos dois anos pela equipe da unidade e curadores parceiros, o projeto começou no dia 8 de junho com uma intensa agenda de espetáculos, bate-papos, oficinas e feira de publicações que seguiu até 17 de junho. Outras atividades estão previstas na programação de julho a dezembro.
Ancorado em três eixos principais – Formação, Publicação e Temática –, Dramaturgias visa criar um ambiente de reflexão e debates que fortaleçam o teatro como importante linguagem artística de problematização e transformação social, além de estabelecer uma teia de relações entre dramaturgos.
Participam do projeto: Adelia Nicolete, Aldri Anunciação, Alessandro Hernandez, Alexandre Dal Farra, Ana Roxo, Angela Ribeiro, Ave Terrena, Carlos Canhameiro, Cecilia Boal, Celso Frateschi, Claudia Schapira, Daniela Pereira de Carvalho, Dione Carlos, Emanuel Aragão, Fernanda Capobianco, Grace Passô, Inez Viana, Jé Oliveira, Jhonny Salaberg, Jô Bilac, José Fernando Azevedo, Kiko Marques, Kil Abreu, Larissa de Oliveira Neves, Leda Maria Martins, Lígia Cortez, Luís Alberto de Abreu, Marcelo Romagnoli, Marcio Abreu, Marcio Aquiles, Marco Antonio Rodrigues, Maria Shu, Marici Salomão, Michelle Ferreira, Newton Moreno, Paula Autran, Paulo Rogério Lopes, Pedro Brício, Roberto Alvim, Rogério Tarifa, Rudinei Borges, Samir Yazbek, Sérgio Roveri, Silvana Garcia, Silvia Gomez, Solange Dias e Vinicius Calderoni.
Espetáculos e Leituras Teatrais que já passaram pelo projeto
De 8 a 10 de junho o público confeririu o espetáculo Laio e Crísipo, com Aquela Cia., texto de Pedro Kosovski e direção de Marcos André Nunes. Com atuação de Carolina Ferman, Erom Cordeiro e Ravel Andrade.
Espetáculo "Laio e Crisípo". Foto: João Julio Mello
Também da dupla é Cara de Cavalo, que teve uma leitura cênica no dia 13 de junho no Teatro. Já na peça Tripas, Pedro assinou texto e dirigiu seu pai, Ricardo Kosovski, no palco do Auditório, em temporada de 15 de junho a 8 de julho. As três obras do autor foram apresentadas pela primeira vez em São Paulo.
Espetáculo "Tripas". Foto: Lourenco Monte Mor
De 14 a 17 de junho, o palco do Teatro ganhou uma instalação inspirada nos jardins do artista Helio Oiticica, que servirá de cenário para quatro ações cênicas do dramaturgo Francisco Carlos e grupo: "Ópera Espacial Kaiapó" (dia 14), "Banquete Tupinambá" e "Bauhaus e os Índios" (dia 15), “Relatos Efêmeros da França Antártica” (dia 16) e “Expedição dos Amantes da Máquina” (dia 17)”.
Feira de Publicações e bate-papos
Nos três primeiros dias do projeto, entre 8 e 10 de junho, o Sesc Ipiranga realizou uma feira de publicações de textos teatrais e obras críticas e ensaísticas relacionadas ao tema em sua Área de Convivência. Além de editoras convidadas, uma mesa coletiva reuniu autores independentes, com curadoria de Isabel Diegues.
Já para aproximar o público de questões atuais na dramaturgia brasileira, o projeto apresentou um painel gratuito de rodas de conversa na Área de Convivência, com temáticas variadas e importantes nomes do cenário, iniciando com a mesa de abertura “Olhares sobre a produção teatral contemporânea” (dia 8), com Márcio Abreu e Luis Alberto de Abreu.
A programação de bate-papos seguiu com “Por uma dramaturgia de mulheres”, com Angela Ribeiro, Dione Carlos e Silvia Gomez (dia 12); “Fomento e incentivo à produção dramatúrgica”, com Kil Abreu, Marici Salomão e Fernanda Capobianco (dia 13); “Formação para novas dramaturgias”, com Márcio Aquiles (SP Escola de Teatro), Larissa Neves (Unicamp), Lígia Cortez (Escola Célia Helena), Silvana Garcia (USP) e Solange Dias (dia 14); e “Por uma dramaturgia negra”, com Leda Maria Martins, Jhonny Salaberg e Zé Fernando Azevedo (dia 16).
Outra atração gratuita da programação foi a “Maratona de entrevistas”. Nos dias 9 e 10 de junho, Isabel Diegues, Zé Fernando Azevedo e Kil Abreu questionaram 12 dramaturgos sobre método de trabalho, posicionamento artístico, inspirações, entre outros assuntos. Todos respondem às mesmas perguntas. As entrevistas puderam ser acompanhadas pelo público no Teatro da unidade e depois serão disponibilizadas em livro e nas plataformas digitais do Sesc. Participam: Alexandre Dal Farra, Emanuel Aragão, Francisco Carlos, Dione Carlos, Grace Passô, Jô Bilac, Michelle Ferreira, Newton Moreno, Pedro Bricio, Pedro Kosovski, Roberto Alvim e Silvia Gomez.
Oficinas e Ateliês
Dentro do eixo Formação, as oficinas “Imersões dramatúrgicas” propuseram sessões de seis horas de trabalho imersivo de criação textual com Claudia Schapira (dia 8), Roberto Alvim (dia 12) e Kiko Marques (dia 15).
Nos “Ateliês de escrita criativa”, dramaturgos convidados abordaram diferentes suportes que estimulassem a criação de espetáculos teatrais em encontros de dois ou três dias, durante a programação de junho do projeto. Foram eles: Alexandre Dal Farra, Daniela Pereira de Carvalho, Jé Oliveira, Michele Ferreira, Samir Yazbek e Sérgio Roveri.
Já nos “Ateliês de contato”, dois dramaturgos foram colocados frente a frente e, a partir da provocação do público, produziram um pequeno texto teatral, que pode ser modificado de acordo com as intervenções dos participantes. As duplas foram: Newton Moreno e Rudinei Borges (dia 9), Vinícius Calderoni e Jô Bilac (dia 10) e Aldri Anunciação e Maria Shu (dia 15).