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Centenário de Tatu a Gilsinho

Durante o período da exposição 100 anos do Esporte Clube Taubaté serão publicados no Portal Sesc SP crônicas de jornalistas convidados a registrar suas lembranças em textos que homenageiam o Taubaté. Além das crônicas, vídeos inéditos compõem o conteúdo exclusivo para internet.

CENTENÁRIO DE TATU A GILSINHO

 por Moacir dos Santos*

Sem exagero algum afirmo! Não é qualquer clube que completa cem anos de vida. E tudo teve início na Rua São José, residência do Dr. Francisco Barbosa. Foi ali que em 1914 nascia o Sport Club Taubaté. Nasciam também com ele, todos os sinônimos de garra, dificuldades, conquistas, perseverança e paixão. Paixão essa que, sem pedir, tomou conta do meu coração nos anos 1967 e 1968 através das ondas curtas da Rádio Difusora de Romão Pereira, Oliveira Meireles, Oscar Guratti, J. Bonani, José Carlos Guedes e outros, por onde eu acompanhava as transmissões das partidas.

Mas já no ano seguinte, para minha tristeza, a minha nova paixão deixou de disputar o campeonato. Quando pensava que tudo havia chegado ao fim, eis que, pra minha felicidade, em 1975 ressurge nos gramados o Gigante do Vale. Então, já adulto, decidi me aproximar e caminhar ao seu lado, o que faço até os dias de hoje.

Essa paixão me despertou a curiosidade em resgatar a história do Esporte Clube Taubaté. Durante quase três décadas em busca dos fatos, me deparei com acontecimentos de emocionar o mais dos insensíveis esportista.

Incrível, e mesmo não tendo vivido nos anos 20, 30, 40, e nem acompanhado os anos 50, a sensação é de ter saudade daquela camisa zebrada em campo, daquele estádio da Praça Monsenhor Silva Barros, daqueles times guerreiros que acumulavam simpatia por onde passavam.

Foi assim o primeiro título conquistado em 1919, depois em 1926, 1942, 1954. Na sua retomada, com o saudoso Lolito no comando, tive a oportunidade ímpar de acompanhar de perto a conquista do título invicto do 1º Torneio Integração do Vale. Não demorou muito e veio aquela que é considerada pela grande maioria como a maior das conquistas, o título de Campeão da Divisão
Intermediária de 1979 e com sabor diferente, afinal o triunfo foi em cima do maior rival, o São José.

O sucesso de 1979 é sem dúvida alguma o mais lembrado. Nessa temporada, durante toda a campanha estive muito próximo, tão próximo que fazia parte da equipe de esportes da Rádio Difusora ao lado de J. Bonani, Adilson Barbosa, Pedro Luiz e Germano Drummond. Inesquecível esse 1979.

Nova façanha em 2003, o penoso e fatigante acesso de 2009 e no ano em que o clube comemora o centenário, o fascinante título de 2015. Digo fascinante porque dentro da bela história do E.C. Taubaté comparo esse título ao de 1942. Naquele ano, jogo final, válido pelo título da Divisão do Interior, o E.C. Taubaté tinha como adversário a Lusitana F.C. da cidade de Bauru. O primeiro jogo fora de casa, voltamos com uma derrota desmotivadora, considerada por todos como insuperável, afinal fomos goleados pelo placar de 4 x 0.

No jogo seguinte, marcado para o gramado da Praça Monsenhor Silva Barros, o E.C. Taubaté teria que vencer por diferença de 5 gols. Impossível? Não para os taubateanos que cravaram 7 x 0, isso mesmo, 7 x 0 em tarde inspirada de Savério Mario Ardito e Dão, autores de três gols cada. 

Jurandir de pênalti fechou a goleada. Nos detalhes levantados desse título veio a vontade de ter vivido aquele ano de 1942, mas só fui nascer em dezembro de 1951. E não é que Deus me permitiu viver sensação idêntica neste ano de 2015? Essa forte equipe que, com seus resultados positivos, resgatou a confiança dos torcedores, ao duelar pelo título com o Votuporanguense, levou um inesperado 3 x 0, resultado esse que colocou em dúvida a força da equipe, apesar do acesso já ter sido garantido. Mas com o E.C. Taubaté é diferente.

Enquanto o adversário já comemorava o título, o time comandado por Ito Roque entrou no gramado do Joaquinzão na manhã daquele domingo chuvoso e diante de 5.754 torcedores apaixonados como eu, e sem dar tempo ao adversário respirar, balançou a rede em quatro oportunidades. E digo mais, pelo volume do jogo, 4 x 0 foi pouco.

Quando o árbitro encerrou o jogo, imaginei que possivelmente em 1942 ao apito final na goleada de 7 x 0 os torcedores sentiram emoção semelhante que senti no memorável 4 x 0 deste 2015.

É por essa e outras que sou apaixonado por esse Esporte Clube Taubaté de Tatu, Jajá, Zito, Hugo, Savério, Zezão, Ivan, Taino, Gilsinho e outros.

Comemorar o seu primeiro centenário é como uma etapa alcançada em sua vida, pois outros centenários chegarão à vida desse clube que parece ser eterno.

Parabéns Esporte Clube Taubaté!

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Moacir dos Santos é jornalista, radialista, conselheiro vitalício do E. C. Taubaté e torcedor fanático do alvi-azul