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Manobras para Voar Alto

Enquanto passeava pela linha do tempo de alguma rede social, certamente sua atenção já foi atraída por um vídeo de saltos e manobras incríveis. Talvez você não saiba, mas essa pode ser uma demonstração do Tricking, modalidade esportiva derivada das artes marciais. Já se perguntou “Como eles conseguem fazer estes saltos com tanta facilidade”? Então aproveite a oportunidade de conferir ao vivo, pela primeira vez em uma unidade do Sesc em São Paulo, apresentações e vivências de Tricking, no Sesc Campo Limpo.

Esporte, luta ou dança?

Taekwondo, Parkour, Capoeira, Ginástica Artística, Breaking. Tudo isso se reúne nesta modalidade, que também é chamada de Martial Art Tricking. Desde a década de 1990, a prática tem se estruturado em apresentações que também incluíam socos e o uso de armas como espada, bastão e nunchaku (bastões pequenos conectados por uma corda ou corrente). Os movimentos acrobáticos que eram chamados de tricks (palavra do inglês que pode ser traduzida como truques), combinados a chutes aéreos, resultaram na forma como a prática é atualmente: um formato bem definido e livre pela expressão extrema das artes marciais.

Qualquer semelhança com os golpes da Capoeira não é mera coincidência. Quando chegou ao Brasil, o Tricking já tinha afinidades com os floreios (acrobacias de rodas de capoeira) e ganhou ainda mais influência com o passar do tempo. Aumentaram as competições e, então, deixou de ser uma modalidade voltada integralmente para a luta. Atualmente dá-se muita ênfase aos movimentos acrobáticos. 

O profissional que coordenará a programação no Sesc Campo Limpo, Jean Wainer, comenta que hoje a modalidade mais semelhante ao esporte é o Breaking (estilo de dança de rua, parte da cultura Hip-Hop), porém com movimentos vindos da Capoeira, Ginástica Artística e vários outros criados dentro no universo da modalidade. “Os campeonatos ocorrem em forma de ‘batalhas’. Cada praticante apresenta seus melhores movimentos frente ao oponente. Os jurados dão a vitória para aquele que mostrar melhor estilo, melhor técnica e maior grau de dificuldade nos movimentos”, explica.

Dê os seus pulos

Há um bom tempo cada vez mais adeptos têm “dado os seus pulos” por aí, mas foi  em 2000, com a viralização de vídeos na internet, que as pessoas começaram a se interessar pela prática. A partir daí, surgiram organizações entre os trickers brasileiros por meio das redes sociais, e em 2008 aconteceu o primeiro encontro nacional do esporte, evento que continua ocorrendo todos os anos no país. 

Foi com uma busca pela internet que o tricker Henrique Hildebrand, 26 anos, conheceu a modalidade. “Já praticava capoeira havia um bom tempo, e o interesse em me desenvolver na área de acrobacias do esporte me fez procurar, através de internet, tutoriais que me auxiliassem. Através desses vídeos conheci o Tricking, com uma variedade enorme de movimentos que eu nem imaginava que existissem e passei a praticar com um amigo tentando copiar o que assistia”.

Só de assistir às manobras de um praticante sentimos um friozinho na barriga, mas todos podem experimentar fazer uma das acrobacias. Respeitando seus limites e progredindo aos poucos, qualquer um pode voar alto. Henrique acabou aprendendo com seus próprios erros e acertos, mas ele recomenda que, antes de sair dando chutes por aí, é importante aprender as técnicas com o acompanhamento de um profissional, que vai guiar o praticante nos movimentos próprios para seu nível de aprendizagem.

“Como é um esporte de ‘rua’, tal como Skate, Breaking, Parkour etc, existem muitos praticantes que se entusiasmam com vídeos e tentam, sem nenhuma ajuda, praticar os movimentos. Eu aconselho a todos que procurem um profissional, ou algum grupo sério que pratique há mais tempo, pois é um esporte intenso, e exige muito do corpo. É necessário um bom trabalho de preparo físico antes das acrobacias, e um grande aquecimento antes de qualquer treino”, explica o tricker. Jean Wainer comenta que “só se inicia em acrobacias mais complexas aqueles que têm uma vasta experiência na modalidade. Para aqueles que são iniciantes existem vários tipos de chutes e movimentos básicos que se pode realizar com segurança”.

 

Por que ser um tricker?

Quem pratica o Tricking, sem perceber, fortalece diversos músculos do corpo. O esporte estimula cada vez mais a evolução das manobras, e isso traz grandes melhorias para a saúde, mas este não é o principal benefício. Para Henrique, a socialização com as pessoas foi a melhor parte da atividade. “Existe um mundo dentro dessa modalidade, assim como acontece no Breaking, as pessoas se reúnem em workshops, eventos, campeonatos etc. Conheci muita gente”.

Além dos momentos de interação, Jean explica que as crianças podem se desenvolver com a prática. “Pode contribuir através da interação que promove entre os praticantes, noções de limites que devem ser respeitados, além do benefício da saúde física, proporcionados através dos alongamentos e fortalecimentos necessários para a prática”, completa.

Motivos não faltam para você conferir com seus próprios olhos como funciona esta mistura de esporte, luta e dança. Crianças, jovens e adultos podem testar seus próprios limites e sentir a adrenalina de aprender saltos e manobras para dividir com os amigos e aproveitar o tempo livre. Se descobrir através do Tricking pode ser uma experiência reveladora. Aceita o desafio?

 

o que: Tricking
quando:

05 a 07/09 segunda (feriado), sábado e domingo, das 16h às 19h.

onde:

Sesc Campo Limpo | Rua Nossa Senhora do Bom Conselho, 120

ingressos:

Grátis.