Sesc SP

Participantes do Festival da Integração encontram uma impressora 3D e descobrem novas possibilidades

“Com 80 anos estou aprendendo tantas coisas que eu nunca vi na vida. E a gente tem que aprender sempre, sabe? Sou professora de inglês e, graças a Deus, o inglês é a única coisa que há 400 anos não muda, porque o resto mudou tudo. Dou aula para executivos e eu preciso conversar com eles sobre esses assuntos novos aí, senão, como vou dar a aula?”.

O assunto novo que despertou o interesse da Dona Kyra - que veio lá do Sesc Santo Amaro para participar do Festival da Integração - é a ocupação Metamáquina 2.0, de Katharine Diniz. Nela, os participantes têm contato com uma impressora 3D e suas possibilidades de fabricação de peças, engrenagens e objetos para a resolução de problemas. Qualquer problema. “O limite é o infinito, porque como aqui é a gente que cria, podemos criar qualquer coisa”, diz Katharine, que é de Recife e veio ao Sesc Bertioga falar a uma plateia exclusivamente composta por idosos.

A Gleusa e o Galvino, lá da Vila Mariana, já têm um problema pra resolver. “Eu não suporto desperdiçar água. Na minha casa, eu armazeno toda a água da máquina de lavar em galões. Mas depois, quando vou utilizá-la, tenho que ficar carregando o galão de cima pra baixo. Uma vez eu comprei aquelas bombinhas, sabe? Voou água pra tudo que é lado, menino”, conta Dona Gleusa aos risos. “Com essa máquina, eu consigo criar uma tubulação diferente, que já leve a água do galão para o quintal?”, pergunta. “Já eu quero comprar um terreno aqui no litoral, e eu já tenho a planta. Se eu fizer uma espécie de maquete nessa máquina, eu consigo saber quanto de material, tipo concreto, eu vou precisar?” E por aí vão os inúmeros questionamentos que se tornam possibilidades.

Possibilidades que começam nas ideias e ganham forma no Blender, um software de modelagem em 3D. “Soft o quê, professora?”.
E a didática de Katharine faz surgir as formas no computador. Surgem cubos e esferas, paralelepípedos e cilindros. As formas viram carros ou bonecos que acenam com o braço direito. Uma mistura de matemática com imaginação ao alcance de todos os sonhos.

Ao fim da aula, Dona Gleusa lembrou de quando estudava piano e tocou Noite Feliz pela primeira vez. “A sensação é a mesma. A gente não sabe fazer uma coisa, mas se interessa, aprende e faz. É muito bom”.


Dona Gleusa segurando um pato, impresso em 3D na ocupação Metamáquina

Rapidinhas do festival:

- O pessoal acordou cedo pra caminhar na praia e conversar sobre a noite de ontem.
- Na aula de ginástica geral teve abraços e coreografias dos participantes. O vídeo tá lá no Facebook.
- Os ensaios de percussão com o grupo Timbalatina estão a todo vapor. Sábado tem desfile e a gente te mostra tudo aqui.
- Logo mais, Elza Soares vem cantar Lupicínio Rodrigues pra encerrar a noite.

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O Festival da Integração é um evento que acontece duas vezes no ano, uma em maio e outra em setembro, reunindo, a cada edição, 700 idosos frequentadores das Unidades do Sesc em São Paulo, com a finalidade de consolidar as ações permanentes desenvolvidas através do Programa Trabalho Social com Idosos – TSI. Durante seis dias, é oferecida uma programação especial que fortalece os objetivos da ação do Sesc junto a esta população. Além de usufruírem das instalações e ambientes do Sesc Bertioga, os idosos têm a oportunidade de participar de atividades de várias modalidades e linguagens, tanto esportivas, de lazer, como artísticas. No ano de 2014, o objetivo central é a reflexão sobre as possibilidades de novos projetos de vida, estimulando um pensamento sobre a longevidade e a busca de realização também na maturidade. Sendo assim, o tema abordado é Meu tempo é hoje, e tem as principais ações realizadas através de oficinas e vivências com características práticas e reflexivas.