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Jovens Mulheres: escuta solidária e temas atuais relacionados ao feminino em sua 2º edição on-line
Projeto adentra o universo do que é ser mulher e jovem nos dias de hoje, e faz ainda uma reflexão sobre as expectativas criadas pela sociedade e por elas próprias
Com temáticas ligadas a questões de juventude e gênero, a 3ª Edição do projeto Jovens Mulheres promove encontros virtuais divididos em quatro blocos: Identidade e Representatividade (março/abril), Sexualidade: Iniciação Sexual e Maternidade (abril/maio), Violência de Gênero (junho/julho) e Construção de Novas Possibilidades (julho). O ciclo é norteado por trocas de ideias a partir de recursos como notícias da mídia, letras de músicas, trechos de filmes e assuntos de repercussão nas mídias sociais.
O projeto foi criado em 2018 a partir do grupo de jovens que frequentava o Sesc Bom Retiro por meio do Programa Juventudes. Na ocasião, a turma era formada por 95% de jovens homens, e percebeu-se, então, a necessidade de superar esta desproporção de gênero no grupo. Para isso, foi essencial identificar quais razões afastavam as jovens mulheres de espaços coletivos e públicos, além de ressaltar a importância de levar essa reflexão para dentro do programa.
“O projeto tem a intenção de promover o diálogo entre jovens mulheres, que estejam dispostas a compartilhar suas impressões, sentimentos e sensações sobre o que é ser uma jovem mulher e quais são as dificuldades e possibilidades que encontram por seus caminhos. O diálogo é a forma e o conteúdo do projeto, pois, ao ouvir e falar com outras jovens mulheres, de contextos sociais, raciais e culturais diversos, é possível aprender não apenas sobre a outra, mas também sobre si mesma", explicam Jacqueline Novaes, Jessica Maciel e Débora Carvalho, integrantes da equipe de programação do Sesc Bom Retiro e curadoras do projeto. "E, a partir desse diálogo, encontrar alternativas para as situações que se apresentam e que exigem respostas geralmente coletivas, mas também individuais, como a violência contra a mulher e o machismo estrutural", completam.
Mais do que isso, as rodas de conversa têm a intenção de informar essas jovens sobre como reconhecer essas violências, sejam físicas ou psicológicas. Independentemente da trajetória de cada jovem, o ambiente é acolhedor e os diálogos discorrem de forma afetiva, sempre valorizando os momentos de fala e respeitando os de silêncio. "Apesar da complexidade que é vivenciar a juventude, é possível criar experiências saudáveis e significativas para jovens meninas e mulheres", completam Jacqueline e Jéssica.
Os encontros quinzenais, às terças-feiras, 19h, são independentes e o público interessado pode se inscrever em sescsp.org.br/inscricoes.
O caminho (ou o aprendizado)
A ação é uma via de mão-dupla: as educadoras conseguem rever suas próprias juventudes a partir da juventude atual e reconhecer quais os avanços ou retrocessos sociais na compreensão do direito das mulheres. “Esse diálogo intergeracional é surpreendente e prazeroso na mesma medida, e é sempre uma alegria poder estar e escutar o que as jovens têm a dizer”, conta Jacqueline Novaes.
Os blocos temáticos escolhidos para nortear as conversas foram pensados para que cada jovem pudesse encontrar uma perspectiva individual e assim construir uma reflexão social sobre os papéis e espaços das mulheres no Brasil.
Em Identidade e Representatividade, por exemplo, foi proposta a reflexão sobre como os modelos femininos, representados no meio social, principalmente por meio da publicidade capitalista, podem contemplar histórias não necessariamente verdadeiras sobre as possibilidades de vivenciar o feminino. Em Sexualidade: Iniciação Sexual e Maternidade, será abordada a discussão sobre o direito ao próprio corpo, ao prazer, ao acesso à saúde sexual e o exercício da maternidade. O primeiro encontro deste bloco está com inscrições abertas.
Em junho, no bloco Violências de Gênero, o foco será a articulação sobre sujeitas de direitos, aptas a refletir e combater o machismo e as violências contra mulheres e pessoas LGBTTQIA +. E, por fim, em julho, o eixo Construção de Novas Possibilidades irá propor diálogo sobre o feminismo e a equidade de gênero.
Frente aos conteúdos propostos, e ao formato on-line por conta do cenário pandêmico, compreendeu-se o quão potentes e enriquecedoras seriam as discussões se as contribuições viessem das próprias jovens. Então, para a primeira edição virtual do Jovens Mulheres, que aconteceu no segundo semestre de 2020, foram convidadas algumas jovens que participaram das ações em 2018 e 2019. Já nesta edição, as jovens que participaram dos encontros das edições anteriores voltam como palestrantes convidadas.
O impacto
"As juventudes estão e foram especialmente impactadas com o fechamento de espaços educativos e de lazer, então acreditamos que um dos possíveis impactos positivos que o projeto possa ter para as jovens é justamente promover um espaço de encontro entre pares pela via da educação e do lazer, sem que haja qualquer cobrança ou expectativa", contam as curadoras Debora Carvalho, Jacqueline Novaes e Jessica Maciel, que completam: "Para nós, o Jovens Mulheres é um espaço de realização profissional e pessoal, de autocrítica e permanente aprendizado".
“O acolhimento encontrado, a empatia e conexões criadas a partir dos relatos ouvidos e contribuídos trazem uma atmosfera de um lugar gostoso de se estar”
“Não estive presente nos primeiros encontros, mas o projeto é tão potente que já na minha primeira participação obtive reflexões importantíssimas para autoconhecimento e para análises do meu 'papel e lugar' no mundo. Poder ouvir outros depoimentos com vivências e conhecimentos diversos, e ter a abordagem de pautas importantes mediadas por mulheres inteligentes e dedicadas ao projeto, tornam a experiência uma 'quase-terapia', mesmo essa não sendo a proposta e intenção do grupo. O acolhimento encontrado, a empatia e conexões criadas a partir dos relatos ouvidos e contribuídos trazem uma atmosfera de um lugar gostoso de se estar, onde vemos que essas partilhas de 'dores e delícias' de sermos mulheres são o que nos fazem querer estar sempre presentes nos próximos encontros. Saber que temos a nós, mulheres, como apoio e referência, mesmo quando não nos conhecemos a princípio, traz um sentimento bom de pertencimento e acolhimento. Apesar dos estigmas que vivemos por sermos mulheres, os encontros nos fazem perceber que as dores sentidas são o que nos une, e essa força encontrada entre nós e por nós nos impacta trazendo autoconhecimento. E os entendimentos de um feminismo que engloba questões de gênero, classe e raça influenciam também a sociedade. Mulheres unidas e conscientes transformam para melhor o seu redor e consequentemente, o mundo” - Mariana Gardinal.
“Manter a cabeça aberta para outras trajetórias e percepções foi imprescindível para manter a cabeça o mais próximo da realidade possível”
“Foi como uma terapia em grupo. Em plena pandemia, os encontros com rostos e vivências diferentes deram uma amenizada no impacto da primeira parte da quarentena, onde ainda alimentava uma ideia de que o isolamento seria breve. Manter a cabeça aberta para outras trajetórias e percepções foi imprescindível para manter a cabeça o mais próximo da realidade possível. Estar nos encontros me manteve com um propósito, um compromisso com as participantes” - Amaya Pereira.
“Todas deveriam participar!”
“Foi incrível, eu participei de todos. Uma experiência que eu nunca imaginei passar, conversar com mulheres que pensam igual a mim e me entendem foi maravilhoso. Impactou em eu ter mais empatia nas minhas opiniões, pois gerou novas e me fez pensar melhor sobre outras. Todas deveriam participar!” - Clara Gouveia.
“'Jovens Mulheres' se fez lar em meio ao caos emocional causado pela pandemia”
“Nunca me senti à vontade para falar sobre certas questões. Porém, de forma leve, sem qualquer pressão, certo ou errado, o ambiente extremamente acolhedor e receptivo do grupo me desprendeu de qualquer insegurança ou receio que pudesse ter. Longe de qualquer julgamento, Jovens Mulheres se fez lar em meio ao caos emocional causado pela pandemia. Mulheres que estão se autoconhecendo, que romperam com seu passado, que recomeçaram na adversidade, que são como você e eu! Foi lindo e inspirador ouvir cada relato e poder me reconhecer nas alegrias e tristezas de outras mulheres, me sentir representada e, principalmente, entender que não estou sozinha. Do encontro que tive a oportunidade de participar, duas frases em especial marcaram e sei que, de alguma forma, possa encorajar e inspirar outras mulheres que venham a frequentar as próximas rodas de conversa: ‘A gente aprende com quem temos afeto e carinho’ e ‘A ausência também pode ser um aprendizado’. Grata por ter vivenciado esta troca tão necessária” - Mayara Camilo.
Jovens Mulheres
Quinzenalmente, às terças, às 19h
Sexualidade: Iniciação Sexual e Maternidade - 27/4, 11/5 e 25/5
Violência de Gênero - 8/6, 22/6 e 6/7
Construção de Novas Possibilidades - 20/7
Inscrições duas semanas antes dos encontros, às terças, a partir das 14h, em sescsp.org.br/inscricoes
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