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Habitar Palavras: Fred Souza

Fogo de Calma Chama

Faço parte de uma maioria que acha a tecnologia um grande avanço, mesmo com as aberrações que a nada levam; como as discussões sumárias e homéricas nas redes sociais.

Buscando algo novo na net, vejam só, fui acometido de uma grande alegria ao achar em um site mais de 100 brincadeiras para crianças.

Sem saudosismo, lembro aqui que a escola era um desses agentes para conhecimento das tais brincadeiras, mas as ruas e campinhos também tinham uma boa quantidade de culpa, para que até hoje eu não consiga esquecer o bem que elas faziam.

Além de sociáveis e interativas, muitas delas nos traziam um grande prazer, haja vista a felicidade em poder brincar.

Vou deixar aqui uma relação de algumas delas, veja se você ainda se lembra: adoleta, amarelinha, balança-caixão, bambolê, bater figurinha, cabo de guerra, bilboquê, esconde-esconde, quente e frio, ioiô, mãe da rua, passa anel, pula sela, uni-duni-tê, garrafão, perna de pau, folhinha verde, escravos de Jó e tantas outras.

Em época de confinamento, explodiu o uso do celular, muitas vezes necessário, mas completamente solitário. Imaginem se der um BUG nestas tecnologias, essa dependência física e mental causará consequências imensuráveis à sociedade.

Outros tempos, outra pedagogia, outra grade curricular. Os professores já aposentados ao verem tamanha inoperância no ato de brincar abominam crianças pelos cantos, solitárias e introspectivas.

O mundo arde nesse fogo de calma chama e teme o futuro descontrolado das novas gerações.

Precisamos reaver em nossos professores e crianças essa vontade lúdica e salutar de brincar, brincar e brincar!

Abaixo conheça a brincadeira “Balança Caixão”...

“Aqui entra corrida, agacha e levanta e até um esconde-esconde. A garotada ganha agilidade e capacidade de desenvolver os movimentos.
PARTICIPANTES: no mínimo três.
COMO BRINCAR: um integrante do grupo é escolhido como um rei e se senta em uma cadeira ou em um muro baixo. Outro participante é eleito o servo. Ele se ajoelha de frente para o rei e apoia o rosto em seu colo. Os demais formam uma fila atrás do servo, cada um apoiando a cara nas costas do companheiro da frente. Todos recitam: “Balança, caixão/ balança você, dá um tapa nas costas/ e vai se esconder”. O último da fila dá um tapa nas costas do que está na sua frente e se esconde. Uma a uma, as crianças vão repetindo essa ação, até que todas estejam escondidas. É a vez, então, do servo sair à procura dos colegas. Ganha quem for pego por último. A brincadeira recomeça com a escolha de outras crianças para representar os personagens. “

Para saber mais sobre as brincadeiras... www.multarte.com.br

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Geraldinos e Arquibaldos

A pandemia afetou diversos setores, incluindo o ópio do povo – o Futebol – e o título deste artigo, tão bem lembrado por Nelson Rodrigues, imagino, já antes deste grande mal, citava as novas arenas que tiraram do seu conceito a Geral e as Arquibancadas.

Hoje não temos público nos jogos, mas se tivermos a sorte de estancar a doença e consequentemente os óbitos, é quase certeza que este público não terá dinheiro para ver o seu clube de coração jogar.

Tudo está demasiado caro e assim como no cinema, onde a pipoca salva de falência as empresas que detém o direito das salas, no futebol, a cerveja e o amendoim não trarão igual resultado, estando também os “Olhos da Cara”.

Sem público, a emoção do gol não é a mesma. Já com ele de volta, a pequena proporção de acordo com os jogos, pouca coisa mudará.

Muito luxo e pompa, chuteiras coloridas e bola de última geração, não serão motivos para esta retomada, assim, nem vendendo “garrafa velha”, o valor arrecadado pagará o prejuízo que o coronavírus trouxe.

Sim, sei o tanto de mortes que assombram o Brasil e o mundo e por que estou aqui falando de futebol?! O esporte foi o que sobrou para os sofridos brasileiros que quando podiam iam aos estádios torcer pelo seu clube, ao mesmo tempo em que soltavam os demônios que acumulavam no dia a dia. Saíam dos jogos zerados de coração e alma, prontos para mais uma semana.

Incrível que mesmo pela TV o sentimento é o mesmo e a vida continua com vírus ou sem ele e quando vemos mais um gol da pandemia e de goleada perdemos.

 

Mandala na Parede

Tenho procurado me sentir vivo...
uma ideia, um lazer, um objetivo.
Quero mais de liberdade,
uma quantidade e tanto
de tranquilidade.

Ter no amor e na amizade
o que há de melhor na vida.

Tenho mandala na parede,
obras de arte e grafite,
anéis por entre os dedos
livros necessários como abrigo.

Nesse meu dia a dia
a música também me acolhe,
as notas soam melodiosas
do teto ao solo.

Minha mãe do céu, meu pai também...
espero ter honrado a raça,
nesse mundo de ninguém.

Plantei frondosas árvores, escrevi emergentes livros,
tive lindos filhos;

Que bom, ainda estou vivo!

 

Sobre o autor

Jânio Alfredo Alves de Souza, mas para sua família, amigos e conhecidos em geral, ele é Fred Souza. Escreve desde os anos 80 e de lá para cá já escreveu dez livros, todos independentes. Quando criança, imaginava que escritores não nasciam em cidades pequenas, até ouvir de Lourenço Mutarelli... Não Fred, onde nasceu Drummond? Hoje tem a convicção de que escrever é formar opinião e isso é de uma grande responsabilidade.

Habitar Palavras - Biblioteca Sesc Birigui

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