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A importância do brincar para o desenvolvimento na primeira infância
Por Paula Brait, educadora de atividades infanto-juvenis do Sesc Bauru.
A pandemia de COVID-19 trouxe, entre outros efeitos devastadores, uma realidade de distanciamento social. Se esse contexto por si mesmo já é extremamente desafiador, quando se trata do universo da primeira infância, as dificuldades aumentam bastante. Isso porque muitos adultos responsáveis por crianças nesse momento do desenvolvimento acabaram perdendo contato também com suas redes de apoio.
As redes de apoio desses cuidadores são diversas: vão desde instituições escolares (creches, escolas de educação infantil) e sistemas de saúde (profissionais de medicina e enfermagem) até espaços mais informais, amigos e parentes que ajudam nos cuidados com suas crianças.
Muitas vezes, é com parentes como avós, tios e tias, irmãs e irmãos mais velhos que a criança passa boa parte de seu tempo, e uma das formas de cuidar que é muito comum - e importante - neste tipo de relação é o brincar. Por meio das brincadeiras, adultos cuidadores e crianças reforçam seus vínculos afetivos, proporcionando ambiente adequado para que a criança tenha um desenvolvimento mais saudável e feliz.
Em seu primeiro programa, o podcast Radiante, produzido no Sesc Bauru, oferece uma proposta de aprofundamento da reflexão sobre a importância dessas redes de apoio, com especial atenção aos parentes que a compõem. Trata-se de um programa de rádio com música, história e depoimentos tocantes, perfeito para ser ouvido pela criança junto com seus cuidadores.
Viu só como é importante haver o máximo de interação possível entre a criança e a rede composta por amigos e familiares? Mas, com as outras redes de apoio fragilizadas por conta da pandemia, haja criatividade para variar as brincadeiras com as crianças em casa! Pensando nisso, separamos algumas ideias de brincadeiras apropriadas para cada momento do desenvolvimento infantil. E o melhor, todas para fazer em casa, em segurança. Vamos ver?
Ao longo do primeiro ano de vida, o bebê passa por muitas mudanças e saltos no desenvolvimento. Mas, durante esse período, sua maior necessidade é a de perceber o mundo. E, como sua linguagem ainda não está desenvolvida, é muito importante que ele receba todos os tipos de estímulos. Aproveite esse momento para:
- Cantar para o bebê e conversar com ele/ela.
- Massagear devagarzinho o corpo do bebê.
- Separar objetos e utensílios variados, feitos com diferentes materiais, para o bebê explorar e manipular livremente (cesto dos tesouros).
- Brincar com o bebê em frente ao espelho para que ele se veja.
- Esconder seu rosto com as mãos e reaparecer em seguida.
Na primeira infância, que compreende as idades de um a três anos, o bebê já consegue se comunicar pela linguagem. Nesse período, sua maior necessidade é a de entender o funcionamento dos objetos. Por isso, brincadeiras manuais fazem o maior sucesso! Aposte em:
- Brincadeiras de encaixe – você pode fazer joguinhos em que recorta algumas formas em papelão (círculo, quadrado, estrela...) e desenha o contorno delas em uma folha de papel. Depois, é só a criança encaixar cada forma no seu lugar! Mas tampar, destampar e empilhar os potes de plástico usados na cozinha já é uma ótima brincadeira.
- Massinha e tintas naturais – é possível fazer massinha com farinha de trigo e tinta com pigmentos naturais, como temperos ou gelatina, e deixar a criatividade rolar solta!
- Desenhos e colagens – já experimentou usar outros suportes para desenhar, como guardanapo, papel de pão, papelão? E que tal colar alguns elementos naturais nos desenhos? Folhas e flores secas dão um efeito incrível!
- Bolha de sabão – para cada parte de sabão, misture três partes de água. Quer bolhas maiores? Corte o fundo de uma garrafa de plástico e peça para a criança assoprar pelo gargalo.
- Cabana – você pode criar cabanas com ajuda de lençol, papelão, colchão, cadeiras... As possibilidades são muitas e a diversão é garantida!
Dos três aos seis anos, a criança sente a necessidade de entender o mundo em que vive. Isso acontece por meio das chamadas brincadeiras de jogos de papeis, em que ela imagina que está realizando as funções dos adultos. Nesse período, a criança também consegue correr, andar, pular com desenvoltura e está curiosa para explorar todas essas possibilidades. Experimente:
- Amarelinha – dentro de casa, dá pra fazer amarelinha com giz de lousa, fita crepe, barbante...
- Brincadeiras com corda, morto-vivo e o mestre mandou são boas opções para brincar dentro de casa. Vá aumentando o grau dos desafios para a brincadeira não perder a graça.
- Crie um circuito de desafios para a criança realizar: pular num pé só, passar embaixo da cadeira, dar uma pirueta, rolar no sofá... As possibilidades são infinitas!
- Leia histórias junto com seu filho ou filha. Conte a história e depois peça um desenho do que mais chamou atenção da criança. No outro dia, peça para ele ou ela “ler” a história para você.
- Abuse das brincadeiras de jogos de papeis, em que a criança represente uma função adulta, como vender e comprar objetos em uma loja, dar aulas na escola, atender à mesa ou cozinhar em um restaurante... Inverta os papéis com a criança para que ela possa experimentar todas as funções.