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Oficinas, bate-papos e ensaios abertos fazem parte de projeto com o Coletivo O Bonde

Coletivo O Bonde | Foto: Tide Gugliano
Coletivo O Bonde | Foto: Tide Gugliano

O coletivo O Bonde, reconhecido no cenário teatral paulistano por seus estudos sobre a cultura negra e suas criações contemporâneas, realiza a abertura de processo “Como Criar Um Corpo Negro Sem Órgãos”, com oficinas, bate-papos e ensaios abertos em ambiente virtual, dentro do Projeto “Processos Abertos” do Sesc Avenida Paulista.

O Bonde surgiu em 2017 e é formado por artistas negros oriundos de diversas turmas da Escola Livre de Teatro de Santo André: Ailton Barros, Filipe Ramos, Jhonny Salaberg e Marina Esteves. Foi contemplado, em 2018, com o Prêmio Zé Renato com a montagem do espetáculo infantil “Quando eu morrer vou contar tudo a Deus”.

O “Processos Abertos” cria um espaço destinado à abertura de pesquisa nas artes cênicas, para que o público tenha maior contato com os processos que fazem parte da realização de teatro. E, baseado no texto dramatúrgico “Como Criar Um Corpo Negro Sem Órgãos”, de Lucas Moura, busca uma obra lúdica, musical e poética, que verse sobre a situação de marginalidade e opressão do corpo negro e suas subjetividades, para compreendê-lo, reconstruí-lo, descolonizá-lo.

Além dos artistas do coletivo e do dramaturgo, as oficinas, ensaios abertos e bate-papos contam com a participação da atriz e poeta Roberta Estrela d’Alva, da MC Dani Nega e da dramaturga Maria Shu.

A programação começa nesta quinta, dia 26/11, e vai até sábado, 12/12, com atividades transmitidas pelo YouTube do Sesc Avenida Paulista e outras com inscrições prévias. Os interessados podem se inscrever a partir desta terça, 24/11, a partir das 14h, CLICANDO AQUI

CRONOGRAMA

Dia 26/11 (qui), às 20h - Bate-papo "Dando a Letra na Dramaturgia Preta", com Filipe Celestino e Lucas Moura (YouTube) 
Dia 27/11 (sex), às 14h - Oficina "Sample na Cena", com Dani Nega (Teams)
Dia 28/11 (sab), às 14h - Oficina "O Ator MC, A Atriz MC", com Roberta Estrela D'Alva (Teams)
Dia 01/12 (ter), às 20h - Primeiro ensaio aberto (Teams)
Dia 02/12 (qua), às 20h - Bate-papo "Dando a Letra na Dramaturgia Preta", com Jhonny Salaberg e Maria Shu (YouTube)
Dia 03/12 (qui), às 20h - Bate-papo "Pega a Visão sobre Grada Kilomba", com Marina Esteves e Mariana Queen (YouTube)
Dia 09/12 (qua), às 20h - Bate-papo "Pega a Visão sobre Frantz Fanon", com Ailton Barros e Deivison Nkosi (YouTube)
Dia 12/12 (sáb), às 20h - Segundo ensaio aberto (Teams)


PROGRAMAÇÃO DETALHADA

 OFICINAS

SAMPLE NA CENA | Com Dani Nega

Dia 27/11, sexta, das 14h às 18h.
Via plataforma Microsoft Teams, 30 vagas.


Dani Nega desenvolve a ideia de "Sample na cena", como juntar e mixar as imagens, os sons, as cenas. Como os elementos da música criam esse ambiente do Sample. A oficina trabalha sons, ritmos e timbres existentes no mundo, tendo como referência a pluralidade da cultura africana.


O ATOR MC, A ATRIZ MC | Com Roberta Estrela D’alva
Dia 28/11, sábado, das 14h às 18h.
Via plataforma Microsoft Teams, 30 vagas.


O ator-MC e a atriz-MC (pesquisa oriunda do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos) são uma espécie de artista híbrido que traz na sua gênese as características narrativas do ator épico (distanciamento, o anti-iluminismo, o gesto, a determinação do pensar pelo ser social), mixado ao autodidatismo, à contundência e ao estilo inclusor, libertário e veemente do MC. Os pontos fundamentais dessa fusão, que resultam no ator-MC e na atriz-MC, são a auto representação e o depoimento que, como estruturas da narrativa, configuram-se como célula fundamental para a concepção dramatúrgica e a criação das personagens, discursos e de performances poéticas dentro do teatro hip-hop. São características definitivas do ator-MC e da atriz-MC o levantamento e defesa de um ponto de vista claro por meio da elaboração e apresentação de um testemunho que chamamos de depoimento e a consciência de seu papel social e politico, aliada ao exercício do intransferível direito de contar sua própria história e da sociedade na qual está inserido que consiste na auto representação.

A oficina pretende abordar exercícios práticos relacionados à pesquisa do Ator-MC e da Atriz-MC, dentro do processo de criação do espetáculo “Como criar um corpo negro sem órgãos”. O Bonde, junto a Roberta Estrela d’Alva, convida artistas interessados nesse universo.


BATE-PAPOS


- DANDO A LETRA

Dramaturgia Preta com Lucas Moura

Dia 26/11, quinta, às 20h.

Dramaturgia Preta com Maria Shu
Dia 2/12, quarta, às 20h.

Transmissão pelo YouTube do Sesc Avenida Paulista.


A pesquisa em dramaturgias contemporâneas inéditas, escritas por dramaturgos e roteiristas periféricos, é o elemento central da linguagem e investigação do coletivo O Bonde. Quais são as narrativas produzidas na periferia? Como construímos nossa estética a partir da nossa voz? Quem são as nossas referências e como será o devir? A partir das obras textuais de artistas periféricos encenadas pelo coletivo O Bonde, haverá um bate-papo com os dramaturgos Maria Shu (autora de texto “Quando eu morrer, vou contar tudo a Deus”) e Lucas Moura (autor do texto “Como criar um corpo negro sem órgãos), para discutir os ecos da diáspora nas criações contemporâneas periféricas.

- PEGA A VISÃO

Grada Kilomba, por Mari Queen
Dia 3/12, quinta, às 20h.

Frantz Fanon, por Deivison Nkosi
Dia 9/12, quarta, às 20h.

Transmissão pelo YouTube do Sesc Avenida Paulista.


A partir das obras filosóficas de Grada Kilomba e Franz Fanon, teórica e filósofo negros, foi criado o texto do espetáculo em processo “Como criar um corpo negro sem órgãos”, do dramaturgo periférico Lucas Moura, que investiga contrapor a teoria de Gilles Deleuze sobre o respectivo tema. É possível criar um corpo negro sem órgãos? A partir desta questão, é proposto um bate-papo entre filósofos convidados, para discutir filosofia e teoria negra contemporânea.