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Conheça o Manifesto Makumbacyber, espetáculo cultural que se tornou documentário

Xarlô com amigos do 'Manifesto Makumbacyber' na sessão de estreia do filme<br>Foto: Alf Ribeiro
Xarlô com amigos do 'Manifesto Makumbacyber' na sessão de estreia do filme
Foto: Alf Ribeiro

Música, cidadania, ecologia e as raízes africanas estão em foco no manifesto idealizado pelo artista Xarlô e dirigido pelo cineasta Beto Brant, em cartaz no CineSesc de 12 a 19/set

Se não fosse o camaleônico-movimento de Auto-Cura; incessante móto-contínuo do Bem que a Vida Rege, já teríamos sucumbido como Espécie.
É batukar pra fazer barulho mesmo!
É pra acordar quem insiste em dormir, inclusive eu!
É pra colocar um chip de compaixão na chaga da violência humana!
É pra purificar os dias e as coisas de comer!
É pra reverenciar o Deus de cada um de nós e do outro!

O trecho acima faz parte do Manifesto Makumbacyber, escrito por Xarlô, artista responsável pela criação e transformação do texto inicial em um espetáculo multimídia e multicultural. A ideia nasceu em 2000, na casa da atriz e poeta Elisa Lucinda - e foi ela a responsável pelo ‘batismo’ da iniciativa em Manifesto. Uma das perguntas que originou a Makumbacyber é: O que fazemos hoje com o legado das matrizes brasileiras?

“No pensamento Makumbacyber eu não falo de ancestrais, nem de negros, nem de gays. Nada disso me interessa. O foco é o que nós, contemporâneos, estamos fazendo com a herança das matrizes africanas. A grande beleza disso é que eu não falo apenas no palco: em casamentos, batizados, velórios, e até dentro do metrô, às 18h da tarde, comecei a falar o manifesto e as pessoas aplaudiam. É minha oração”, explica Xarlô. Foi assim que ele reuniu um time de artistas plásticos, poetas, cantores, atores. “Recrutei a cantora Simone Sou e os músicos que queria comigo e começamos a fazer experimentos. Em pouco tempo o espetáculo estava de pé”, conta.

Depois de 13 anos de apresentações Brasil afora, o manifesto se tornou documentário em curta-metragem e estreou na tela do CineSesc no dia 12 de setembro sob a direção de Beto Brant. Xarlô conta que a parceria com o cineasta começou antes do curta, quando ainda estava em produção o longa Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios - premiado na última edição do Festival Sesc Melhores Filmes. “Eu encanei com o Beto. Via os filmes dele e falava ‘gente!, quero conhecer esse homem!’, ri Xarlô. A sintonia começou quando seu poema “A Conta” abriu a canção “O Colar”, da amiga Simone Sou, e as duas composições passaram a integrar a trilha do filme. Quando se conheceram, Xarlô lhe disse o manifesto e Beto se propôs a filmá-lo. “Ele [Beto Brant] é um cara de seu tempo, de extrema sensibilidade. Ele me disse: ‘Pô, Xarlô, mas um homem dizendo essas coisas assim é um manifesto político’. E é isso mesmo, eu não aguentava mais não falar as coisas que eu sinto, que eu penso”, explica o artista.

Uma filmagem, vários coletivos
O Manifesto teve as filmagens captadas na abertura oficial do Carnaval de São Paulo de 2012, no Bloco Afro Ilú Obá De Min, composto por mais de 100 mulheres percussionistas, e no Festival Catarse, evento idealizado pelo músico Luiz Gayotto e que aconteceu na Casa das Caldeiras no mesmo ano. A escolha dos eventos não foi por acaso. Xarlô é parceiro de longa data de Gayotto e de Bethi Belli, mestra do coletivo Ilú Obá De Min, e ambos são amigos e artistas que integram o Makumbacyber. Tudo isso ainda sem contar o coletivo responsável pelo documentário, o Fata Morgana, capitaneado por Beto Brant e com o objetivo de fazer filmes com circulação na web.

Em vídeo, o cineasta dá detalhes de como surgiu o projeto e sua proposta:

Com o lançamento do documentário, Xarlô agora aposta na viralização de seu conteúdo pela internet para que as pessoas se apropriem de sua mensagem e passem a construir suas próprias ‘zonas de oxigênio’ - espaços para pensar e produzir arte, ecologia e novos significados para as ações e manifestações do dia a dia. “Agora eu espero fazer muito barulho, estou na maior fé disso porque a reação das pessoas dá a entender que isso é o que muita gente pensa e gostaria de falar, muitos se identificam”, aposta Xarlô.

:: Conheça o site do Manifesto MakumbaCyber

o que: Manifesto Makumbacyber
quando:

13 a 19/setembro

onde:

CineSesc