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Um gole d'água, de Vintém
Produzido por Maurício Carrilho, "Café da Dona Chica", é o primeiro disco do grupo que faz show dia 12/setembro no Sesc Piracicaba
O grupo Água de Vintém, uma das revelações da nova geração do choro, em pouco tempo de existência já tem uma bagagem de peso pelas rodas de choro Brasil afora.
Como moleques talentosos correndo atrás da bola, a esquete composta por Vitor Casagrande (bandolim), Saulo Ligo (cavaco), Paula Borghi (violão), Guilherme Soares (violão de 7 cordas) e Xeina Barros (pandeiro) bate o escanteio e corre para cabecear seus ritmos, lépidos fraseados e bem acamados bordões.
O conjunto, que acaba de lançar seu primeiro trabalho, Café da Dona Chica, com doze músicas inéditas, dividiu palcos com nomes consagrados: Toninho Ferragutti, Pedro Amorim, Alessandro Penezzi, Antônio Rocha e Maurício Carrilho.
Para o show, a banda convida o "dono dos pulmões mais temidos do velho oeste", o clarinetista, saxofonista, compositor e arranjador Nailor Proveta. A EOnline conversou com o violinista Guilherme, os principais trechos da entrevista você confere a seguir:
EOnline: Como vocês decidiram montar o grupo? Como vocês se encontraram?
Guilherme Soares: O grupo surgiu no início de 2011, quando mudei-me para Piracicaba. Cheguei na cidade ansioso por montar um grupo e começar a tocar e entrei em contato com o Vitor por indicação do Altino, professor de bandolim do Conservatório de Tatuí. O Vitor também tinha muita vontade de estruturar um trabalho legal e tocar choro semanalmente. Aí conversamos com Saulo e Xeina, que toparam, e montamos a princípio um quarteto, pois não havia ninguém em vista para tocar violão de 6 cordas. Feito isso, demos início às Terças do Choro e passamos a ensaiar e tocar toda semana. Fomos procurando o violão que faltava até que, alguns meses depois, apareceu a Paula e deu muito certo.
EOnline: É possível buscar novas fórmulas em um gênero tão densamente explorado como o choro?
G.S.: Sim, mas acho que isso não pode ser feito de maneira desesperada. Quando você começa a tocar choro já com a mentalidade de "inovação", acaba passando por cima de mais de um século de bagagem que o gênero traz. No Água de Vintém, temos como prioridade pesquisar e entender a fundo essa tradição, foi isso que fizemos até hoje. Acontece que quando se estuda algo com respeito e dedicação, com o tempo você começa naturalmente a visualizar maneiras de imprimir sua personalidade naquilo, mas de uma forma que não perca a coerência com tudo o que foi feito antes.
EOnline: Nos shows, quanto de improvisação e quanto de "partitura ao pé da letra" é a dosagem ideal para vocês?
G.S.: Acho que pode-se dizer que de "partitura ao pé da letra" não há nada. Mesmo tocando a melodia da música sem trocar nem uma única nota, isso é feito de maneira totalmente interpretativa, que passa longe do que pode ser escrito em uma partitura. No choro, a improvisação acontece o tempo todo, mas é algo sutil na maior parte do tempo.
EOnline: De qual moenda vem o Café da Dona Chica para inspirar um disco que vem chamando tanta atenção e recebendo tantos elogios?
G.S.: São muitos e muitos ensaios regados ao cafezinho da Dona Chica, a avó do Vitor! Acho que esse é o diferencial do conjunto: desde o início, passamos a ensaiar e tocar no mínimo uma vez por semana, e grande parte das vezes fazemos dois ensaios e mais shows semanalmente. Tudo isso com uma afinidade musical e humana muito grande entre os integrantes, que nos dá a possibilidade de pensar e debater o som que queremos em conjunto e chegar em um resultado melhor. Mas se não fosse o cafezinho nas pausas para descanso...
A seguir, você pode assistir ao clipe do choro "Café da Dona Chica" (Vitor Casagrande), que dá nome ao disco: